Fugitivo-migrante

Foto: Pixabay

Mais Lidos

  • Para a professora e pesquisadora, o momento dos festejos natalinos implicam a escolha radical pelo amor, o único caminho possível para o respeito e a fraternidade

    A nossa riqueza tem várias cores, várias rezas, vários mitos, várias danças. Entrevista especial Aglaé Fontes

    LER MAIS
  • Frente às sociedades tecnocientífcas mediadas por telas e símbolos importados do Norte Global, o chamado à ancestralidade e ao corpo presente

    O encontro do povo com o cosmo. O Natal sob o olhar das tradições populares. Entrevista especial com Lourdes Macena

    LER MAIS
  • Diante um mundo ferido, nasce Jesus para renovar o nosso compromisso com os excluídos. IHUCast especial de Natal

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

18 Janeiro 2018

"Recorda sempre a fronteira que foste forçado a cruzar: lei, deserto, mar, mas não te esqueças que a superação de cada adversidade, pavimenta a estrada para uma cidadania sem fronteiras" escreve Alfredo J. Gonçalves, padre carlista, assessor das Pastorais Sociais, em poema para o Dia do Migrante e do Refugiado, 14-01-2018. 

Eis o poema.

Fugitivo-migrante

Recorda sempre a casa que deixaste para trás,
mas não te esqueças que outras casas, mesmo se poucas,
abrem suas portas à solidariedade de quem está a caminho;

Recorda sempre a terra onde estão seputados teus ancestrais,
mas não te esqueças que ainda há espaço livre, embora não muito,
para lançar a semente de colheitas novas e mais promissoras;

Recorda sempre a família onde nasceste e cresceste,
mas não esqueças a família mais ampla, não de sangue,
que entrelaça os espíritos dispostos a romper todas as barreiras;

Recorda sempre a pátria que te viu nascer e te viu escapar,
mas não esqueças que outros hinos e bandeiras, com notas e cores várias,
povoam a face da terra com rica diversidade de povos e nações;

Recorda sempre as raízes e os valores de tua cultura original,
mas não esqueças que valores distintos, mas com raízes semelhantes,
mergulham no solo fértil o genuíno sabor da existência.

Recorda sempre os costumes, comidas e lições de tua gente,
mas não te esqueças que outros grupos humanos, com o mesmo respeito,
cultivam nodos de vida igualmente sábios, sadios e sólidos.

Recorda sempre a fronteira que foste forçado a cruzar: lei, deserto, mar,
mas não te esqueças que a superação de cada adversidade,
pavimenta a estrada para uma cidadania sem fronteiras.

Recorda sempre a religião na qual aprendeste a buscar o sentido da vida,
mas não esqueças que outros credos e outros ritos, em igual solenidade,
constituem caminhos difetrentes para reverenciar o único Deus e Senhor.

Recorda sempre o estado de fome e pobreza, violência e guerra
que um dia te obrigou a abandonar a terra natal,
mas não esqueças que, apesar das ruínas, cinzas e escombros,
a travessia é capaz de transformar a fuga em nova busca,
onde a esperança converte o fugitivo em migrante,
profeta e protagonista de um amanhã livre e renovado.

Leia mais