15 Setembro 2017
A Cruz de Jesus é um mistério de amor. Mas todo o seu conjunto, não só uma das duas partes. Foi o que recordou o Papa Francisco, ao retornar, hoje pela manhã, às Missas na Capela da Casa Santa Marta, após a pausa de verão. Na festa da Exaltação da Cruz, o Pontífice advertiu sobre duas tentações espirituais: por um lado, pensar em um Deus sem crucifixo, portanto, só “mestre do espírito”, e, por outro, no símbolo cristão sem Cristo, ou seja, viver sem esperança, em uma espécie de “masoquismo” espiritual.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada por Vatican Insider, 14-09-2017. A tradução é do Cepat.
Segundo informou a Rádio Vaticana, o bispo de Roma destacou em sua homilia que nem sempre é fácil compreender o sentido da Cruz. “Somente com a contemplação é que se avança neste mistério de amor”.
O Filho de Deus, quando quer explicar a Nicodemos, como diz o Evangelho de hoje, usa dois verbos: “subir” e “descer”. O Papa disse que Cristo “desceu do Céu para fazer todos nós subir ao Céu. Este – insistiu – é o mistério e a cruz”. Na Primeira Leitura de hoje, para explicá-lo, São Paulo ressalta que Jesus “humilhou a si mesmo”, obediente até a tremenda morte na Cruz. É esta, exclamou o Pontífice, “esta é a descida de Jesus: até o fundo, até a humilhação, esvaziou-se a si mesmo pelo amor e, por isso, Deus o exaltou e fez com que subisse. Somente se conseguimos entender essa descida até o final, é que podemos compreender a salvação que este mistério de amor nos oferece”.
Mas não é simples, porque existem algumas tentações particulares: a de considerar uma metade sem a outra. Trata-se da “ilusão de um Cristo sem Cruz ou de uma Cruz sem Cristo”. A primeira torna Jesus apenas um “mestre espiritual, um Cristo sem Cruz que não é o Senhor: é um mestre, nada mais. Sim, Jesus, que bom o mestre, mas... sem Cruz. Jesus”. A outra é “a Cruz sem Cristo, a angústia de permanecer embaixo, abaixados, com o peso do pecado, sem esperança”. O Papa a definiu como uma “espécie de “masoquismo” espiritual. Somente a Cruz, mas sem esperança, sem Cristo”.
Porém, a Cruz sem Cristo seria “um mistério de tragédia”. E exclamou: “Mas, a Cruz é um mistério de amor, a Cruz é fiel, a Cruz é nobre”.
O Pontífice exortou para que fossem feitos “alguns minutos” [de silêncio] para se perguntar: “Para mim, Cristo crucificado é mistério de amor? Eu sigo a Jesus sem Cruz, a um mestre espiritual que enche de consolo, de bons conselhos? Sigo a Cruz sem Jesus, sempre me queixando, com este ‘masoquismo’ do espírito? Deixo me levar por este mistério do abaixamento, esvaziamento total e elevação do Senhor?”.
Para concluir, o Papa expressou o desejo de que o Senhor “nos dê a graça não digo de compreender, mas, sim, de entrar” neste mistério de amor, “depois com o coração, com a mente, com o corpo, com tudo, compreenderemos algo”.
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Não ao “masoquismo espiritual” dos que não têm esperança, adverte Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU