Papa Francisco ordena visita apostólica à Congregação do Vaticano que supervisiona 410 mil padres ao redor do mundo

Foto: Vatican News

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

09 Junho 2021

 

Papa Francisco pediu a um bispo italiano, Egidio Miragoli, 65 anos, de se encarregar de uma visita à Congregação do Vaticano para o Clero, a qual supervisiona mais de 410 mil padres católicos ao redor do mundo.

A reportagem é de Gerard O’Connell, publicada por America, 07-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Dom Miragoli noticiou a novidade hoje, 07 de junho, em uma carta aos padres da Diocese de Mondovi, na região piemontesa da Itália, onde ele é pastor. Em uma carta, obtida por America, ele revelou que ao fim da atual assembleia plenária da Conferência dos Bispos da Itália, o Papa Francisco lhe pediu “um favor” e pediu ao bispo para se encarregar de uma visita à Congregação para o Clero “em seu nome”.

Ele revelou que em 03 de junho, Francisco explicou em detalhes o que esperava que ele fizesse quando se encontraram em uma audiência privada na Santa Marta, a casa onde o Papa mora no Vaticano. O bispo não apresentou os detalhes da reunião, e o Vaticano não comentou sobre o encontro ou a visita à congregação.

O bispo do norte da Itália, que tem doutorado em direito canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana, e o Papa Francisco quando o nomeou para a Diocese de Mondovi em setembro de 2017, disse a seus padres que o pedido do Papa “me pegou de surpresa”. Ele não revelou por que o papa o escolheu para fazer essa obra.

O bispo Miragoli disse a seus padres que terá que se encontrar com cada uma das pessoas que trabalham na congregação e iniciará esses encontros cara-a-cara na quarta-feira, 9 de junho. Ele presume que esse trabalho vai durar “pelo menos até o mês de junho”, dados seus outros compromissos pastorais neste mês, incluindo confirmações. Ele pediu a seus sacerdotes compreensão e paciência durante este período.

A notícia chega às vésperas da renúncia do atual prefeito da congregação, o cardeal italiano Beniamino Stella, que fará 80 anos no dia 18 de agosto. O Papa Francisco nomeou o cardeal Stella, ex-diplomata da Santa Sé, prefeito da congregação em 21 de setembro de 2013 e deu a ele o chapéu vermelho em 22 de fevereiro de 2014.

Esperava-se que Francisco anunciasse o nome do sucessor do cardeal-prefeito por agora, mas a visita poderia causar um atraso, como aconteceu no caso da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, onde o Papa Francisco também ordenou uma visita dessa congregação antes de nomear o novo prefeito, o arcebispo Arthur Roche. Naquela ocasião, no entanto, o arcebispo Roche, então secretário, teve que assumir o cargo até que a escolha do novo prefeito pelo papa fosse anunciada, porque o papa já havia aceitado a renúncia do cardeal Robert Sarah. Até o momento desta matéria, no entanto, o Vaticano ainda não anunciou que o papa aceitou a renúncia do cardeal Stella.

A Congregação para o Clero tem uma equipe de 27 clérigos (incluindo o prefeito) e dois leigos. Suas origens foram em 1564, quando uma congregação foi constituída para garantir a correta interpretação e implementação dos decretos do Concílio de Trento. Era então conhecida como Congregação do Concílio, título que manteve até 31 de dezembro de 1967, quando o Papa Paulo VI mudou seu nome para Congregação para o Clero com a constituição apostólica “Regimini Ecclesiae Universae”, em sua reforma do Cúria Romana. Suas tarefas foram posteriormente consolidadas pelo Papa João Paulo II em 1988 com a constituição apostólica “Pastor Bonus”.

De acordo com esta última constituição, a Congregação para o Clero “ocupa-se daquelas matérias que se referem aos presbíteros e aos diáconos do clero secular, em ordem quer às suas pessoas, quer ao seu ministério pastoral, quer àquilo que lhes é necessário para o exercício de tal ministério, e em todas estas questões oferece aos Bispos a ajuda oportuna” (n. 93). A congregação é “competente para tudo o que se refere à vida, à disciplina, aos direitos e às obrigações dos clérigos”; “provê a uma distribuição mais adequada dos presbíteros”; e “promove a formação permanente dos clérigos, especialmente no que diz respeito à sua santificação e ao exercício frutuoso do seu ministério pastoral, de modo especial acerca da decorosa pregação da Palavra de Deus” (n. 95).

Pouco antes de anunciar sua renúncia, o Papa Bento XVI emitiu um motu proprio em 16 de janeiro de 2013, que colocou todos os seminários sob a competência da congregação, exceto aqueles que respondem à Congregação para as Igrejas Orientais e aqueles que se enquadram a Congregação para a Evangelização dos Povos.

Como resultado dessas reformas, o Anuário do Vaticano para 2021 afirma que a Congregação para o Clero hoje tem quatro escritórios principais: o escritório do clero, o escritório dos seminários, o escritório administrativo e o escritório para dispensas. Resta ver que outras mudanças podem ser feitas quando o Papa Francisco aprovar sua constituição apostólica para a reforma da Cúria Romana, que deve ser publicada no final do verão, embora nenhuma data tenha sido dada para isso.

 

Leia mais