16 Julho 2022
Hutukara Associação Yanomami alerta em carta para casos extremos de verminoses em crianças, que chegam a expelir os parasitas pela boca.
A reportagem é da Equipe ISA, publicado pelo Instituto Socioambiental - ISA, 14-07-2022.
Em carta endereçada ao coordenador do Distrito Sanitário Yanomami e Ye’kwana (Dsei-YY) e ao presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek'wana (Condisi-YY), a Hutukara Associação Yanomami denuncia um quadro de agravamento do caos sanitário na Terra Indígena Yanomami, entre os estados de Roraima e Amazonas. O documento também lista casos de mortes de crianças por malária e suspeita de Covid-19.
A situação descrita pela associação yanomami é parte do quadro que levou a Corte Interamericana de Direitos Humanos a determinar esta semana que o Estado brasileiro aja com urgência para a "adoção das medidas necessárias para proteger efetivamente a vida, a integridade pessoal, a saúde e o acesso à alimentação e à água potável dos membros dos Povos Indígenas Yanomami, Ye'kwana e Munduruku".
Segundo a Hutukara, relatos recentes de indígenas descrevem “situações dramáticas e parecidas” em diferentes regiões do território. Além da explosão de malária, cujos casos aumentaram exponencialmente nos últimos três anos, a Hutukara também chama a atenção para o crescimento de registros de doenças facilmente tratáveis, como verminoses.
“A obstrução intestinal por bolo de áscaris em nossas crianças, [chegando] ao ponto de expelir vermes pela boca, não pode estar acontecendo. É inadmissível e mostra que há muito tempo não está sendo feito o tratamento com regularidade. As crianças têm suas barrigas inchadas por causa dos vermes, é como se fosse uma barriga cheia de mingau de banana, mas são vermes. Nós estamos sofrendo muito, não estamos vivendo bem”, denunciam as lideranças yanomami.
Imagem publicada pela associação yanomami no Facebook mostra vermes expelidos por crianças de 1 a 5 anos. “Nesses últimos 9 meses, nos postos de saúde que estão em nossa terra, não vimos Albendazol, um medicamento barato e básico para tratamento de verminoses”, diz a Hutukara. Menos de 10 % das comunidades têm acesso à água potável por poços artesianos e outros sistemas de acesso à água, alertou a organização.
O documento reforça que o cenário de caos sanitário na Terra Yanomami é comprovadamente piorado pela invasão de dezenas de milhares de garimpeiros para a prática ilegal do garimpo. “É notório e demonstrado por estudos que a presença, em nosso território, de garimpos ilegais, têm graves impactos sobre a saúde e a alimentação de nossas comunidades, com graves situações de contaminação.”
Leia a carta da Hutukara Associação Yanomami aqui.
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Povo Yanomami denuncia agravamento do caos sanitário na Terra Indígena - Instituto Humanitas Unisinos - IHU