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08 Abril 2022

 

No dia 5 de março, Marina e Ivan tentaram escapar atravessando, talvez correndo, um jardim chamado Parque das mães. Fica na estrada que liga Irpin a Bucha. Os roda-roda, escorregas e balanços mantiveram intacta a cor amarela e azul da pintura. Ao redor, as casas enegrecidas pela fumaça. Para lembrar sua presença, sua tentativa de fuga, hoje há uma cruz que mostra suas datas de nascimento, 1980 a mãe, 2009 o filho e a de morte, a mesma para os dois: 5-3-2022. Os corpos permaneceram lá por dias, privados do sepultamento. Como dezenas, talvez centenas de outras vítimas. Até dois dias atrás, quando os parentes conseguiram enterrá-los e optaram por fazê-lo ali, no local exato onde a guerra os matou.

Voltei a Bucha ontem de manhã [05-04-2022], para procurar as histórias dos sobreviventes e para responder através de suas vozes a perguntas que só podem parecer inoportunas.

 

A reportagem é de Francesca Mannocchi, publicada por La Stampa, 06-04-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Um vento gélido sopra em Stikolka, o bairro dos quartéis, quando chegam os veículos da Cruz Vermelha Internacional para trazer os primeiros botijões de gás, água e fogareiros para cozinhar. Do outro lado da rua, duas idosas estão cozinhando diante de um fogo. Os militares distribuem pão e farinha. Irina Volkovy está lá com seu filho Fedor. Enquanto ela está na fila, o menino de seis anos está lendo um livro, sozinho, sentado em um murinho. De vez em quando ela se vira e sorri para ele e ele retribui o sorriso. Suas bochechas estão marcadas pelo frio. As unhas sujas de quem não consegue se lavar há semanas. Usa roupas que não são dele e sapatos de adulto. Irina não deixou Bucha porque os soldados russos impediram que seu marido e seu pai saíssem. Então ela decidiu ficar. Além disso, se todos os jovens tivessem ido embora, quem teria ficado para cuidar dos idosos? Ela permaneceu, cozinhando para todos, no refúgio do edifício. Procurar lenha no meio da neve, procurar cobertores nas casas para não tirar os idosos dos porões e acender o fogo no frio, lá fora, para alimentar a todos.

O que há para saber sobre a guerra já havida sido foi contado a Irina pelos avós. O que há para saber sobre a guerra, Fedor aprendeu sozinho.

No prédio de Irina também moram Janna e seu marido Iuri. No dia 26 de fevereiro saíram de casa para ir ao supermercado na estrada que leva a Irpin, em direção a Kiev. Quando voltaram, encontraram um posto de controle russo. Os soldados os revistaram, pediram seus telefones. No de Janna havia uma foto dela e do marido juntos. Ele usava o uniforme militar da União Soviética com uma medalha. Ele havia lutado no Afeganistão. Os soldados russos riram. “Velho - disseram-lhe - não te matamos só por isso”. Janna e Iuri se esconderam em um abrigo por uma semana. Ao redor, o fragor dos combates. De cima, a ameaça das bombas. A primeira vez que conseguiram sair de casa, havia cinco corpos na rua. Eram seus vizinhos. Pediram aos soldados russos, que ocupavam a área, para poder enterrá-los. Foi negado a eles.

Na rua paralela Janna se lembra de um corpo partido ao meio, a parte superior queimada e não muito longe das pernas. Ninguém mais conseguia saber quem era. Janna relata a incursão, as lojas esvaziadas e os veículos russos carregados com tudo o que conseguiam roubar das pessoas: móveis, eletrodomésticos, roupas, sapatos, alimentos dos supermercados e das lojas que os soldados assaltaram. E depois ela se lembra dos últimos dias de março, das batalhas mais ferozes. “Depois de deixar a cidade - diz ela - três tanques russos voltaram. Entravam em casas, abrigos, procuravam homens. Mataram pessoas que andavam na rua, pensando que tinham ido embora. Voltaram para isso, voltaram para nos punir e deliberadamente”.

Apenas dois dias depois, no primeiro ou segundo dia de abril, tenta lembrar seu marido, saíram para enterrar os mortos. Os homens começaram a cavar, decidindo enterrar os mortos ali, onde haviam sido mortos. As mulheres procuraram flores nos campos, construíram cruzes nas quais escreveram à mão os nomes das pessoas que conseguiram identificar e fizeram uma oração. Depois veio a ordem, das autoridades, para que todos circulassem o menos possível, não tocassem nos corpos que estavam caídos no chão, não entrassem nas casas que haviam sido ocupadas pelos russos. Porque há minas por toda parte, até escondidas entre os cadáveres. É por isso que ontem de manhã, enquanto eu tentava entrar na Bucha, ouviam-se tiros vindos de longe. Eram as unidades ucranianas que começaram a tirar as minas da área. E é por isso que, no posto de controle na entrada da cidade, também estava parada uma longa fila de carros para entrar na cidade. A primeira que se movia na direção contrária àquela que documentamos nas últimas semanas, eram os carros dos civis que queriam voltar para casa. Mas ontem pela manhã, estavam passando apenas veículos militares e humanitários e bem poucos civis que tinham que voltar para reconhecer os mortos. Para os demais, é muito cedo para voltar. A batalha acabou, mas não a guerra, porque a guerra tem muitas faces e a mais cínica é aquela que mostra nos primeiros dias em que as armas se calam, quando os que sobreviveram querem voltar para procurar a vida que deixaram, mas encontre uma desconhecida, um corpo estranho a habitar os lugares que eram queridos e que não existem mais. Os que ficaram dentro, os presos, tiveram tempo de se ajustar a uma vida desfigurada. Os que conseguiram escapar, não. É assim que se reconhecem os habitantes de Bucha. Os sobreviventes da batalha, sujos, enegrecidos, as feições mudadas, e os outros, os desnorteados retornando.

Assim é Igor quem voltou para casa para reconhecer os corpos de seus vizinhos. O primeiro está caído a poucos metros de sua casa, um homem idoso vestido com um agasalho preto e uma jaqueta. Um tiro na nuca. Os outros dois a pouca distância ao longo da estrada que acompanha os trilhos do trem. Eram dois irmãos. Igor os chama pelo nome enquanto se aproxima e indica para as unidades policiais quem é Vladimir, quem é Dimitri. Não pode chegar mais perto por medo de minas. Na estrada o sinal da passagem de tanques. Um ficou estacionado por dias na entrada do bairro. Qualquer um que tentasse sair, atravessar os trilhos e fugir para os campos era morto. Assim seus vizinhos morreram.

A creche de Bucha foi inaugurada há três anos. Os desenhos das crianças ainda estão pendurados nas salas. Quando os russos entraram na cidade, setenta pessoas se refugiaram no porão. Ainda estão lá cerca de trinta. Suas casas foram destruídas, elas não têm um lugar para onde voltar, então ficam aqui, morando no escuro, dormindo em camas improvisadas no subsolo, lavando-se no lavabo das crianças de três anos com canecas de água fria. Lorica tem 45 anos, todos em Bucha a conhecem. Ela é uma escritora. Ama a ópera, a história da arte. Sempre tem algo para estudar, um novo assunto para aprofundar e com que conversar com todos. Ela foi a porta-voz com os militares russos dos setenta obrigados a ficar no porão. Seu interlocutor era Vadim, o oficial de Moscou que já havia lutado na Síria. Quando ela lhe perguntou: "O que vocês vieram fazer?", ele respondeu "para libertar vocês". "E do que vocês vieram nos libertar?" Lorica o pressionou. Mas ele não soube responder. Mas sabia muito bem como tratar os homens, chutá-los por falarem demais. Fazer com que ficassem de joelhos com os braços cruzados sobre a cabeça, simulando execuções. Pedir a seus homens que matassem qualquer um que passasse na rua. Homens e mulheres, sem distinção.

Tânia também vivia nos porões da creche. No dia 13 de março ele testemunhou uma dessas execuções. Tânia estava no pátio da creche para aquecer a água no fogo, uma mulher saiu do portão de seu prédio, o comandante Vadim deu ordens aos seus homens para atirar. A mulher morreu instantaneamente. Eram animais, diz ela. Sobre os nossos corpos, como animais. Tânia tem os cabelos presos atrás da nuca. O olhar está em algum lugar inacessível. Ela responde sozinha a uma pergunta que eu não tive coragem de fazer. Tentei esconder meu cabelo, parecer mais velha. Eu não queria ser estuprada.

 

 

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