08 Abril 2022
"Existe talvez um matar aceitável, tolerável, e um matar criminoso, excessivo? Estamos em um duelo 'leal' de cavaleiros para merecer a mão da dama? Não mesmo! Então obedecer ao comando da guerra-crime é uma obediência-crime", escreve Enrico Peyretti, teólogo, ativista italiano, padre casado e ex-presidente da Federação Universitária Católica Italiana (Fuci), em artigo publicado por Fine Settimana, 07-04-2022.
Acredito que estender o caráter do crime de um episódio atroz como o de Bucha para toda a guerra, para todas as guerras, seja importante, positivo e construtivo para um juízo mais claro. É cada vez mais evidente que a guerra não é regulável: não existe uma guerra-não-crime e outra guerra-crime.
Em 22-3-1996, tomando notas, ouvi o general Carlo Jean dizer a uma plateia de estudantes:
"No exército, a obediência automática é necessária porque se trata de matar." Existe talvez um matar aceitável, tolerável, e um matar criminoso, excessivo? Estamos em um duelo "leal" de cavaleiros para merecer a mão da dama? Não mesmo! Então obedecer ao comando da guerra-crime é uma obediência-crime.
O general Carlo Jean, que é um estudioso (militar), talvez quisesse citar Kant, quando diz que usar homens soldados como peões dos poderosos na guerra, para matar e morrer, é contra o princípio categórico da moral: a pessoa humana é sempre um fim, nunca apenas um meio. Ele queria citar Kant para dizer o que é a guerra, mas Kant diz que todos os exércitos permanentes deveriam ser dissolvidos (estou satisfeito em ver que alguns bons comentaristas voltaram a reler "Pela paz perpétua").
Sofri também conclui que agredir com a guerra é como fazer o massacre de Bucha.
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É importante considerar toda guerra um crime. Artigo de Enrico Peyretti - Instituto Humanitas Unisinos - IHU