De um artigo bem pequeno descubro que em Mianmar há cerca de 3.000 militares que até o momento, recusando-se a obedecer às ordens de seus superiores que pediam para reprimir os protestos com sangue, largaram seus uniformes e se juntaram aos rebeldes ou buscaram asilo no exterior.
O comentário é de Tonio Dell'Olio, presidente da Pro Civitate Christiana, publicado por Mosaico di Pace, 28-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Austrália já abriu suas portas para aqueles que o jornal define de "desertores" e que para muitos são "objetores de consciência". Eu me pergunto, então, o que impede ao nosso governo de escancarar os braços para os objetores de consciência desta guerra à porta de casa? De acordo com vários observadores, há muitos casos de soldados russos que abandonam tanques e armas e encontram refúgio nas casas de camponeses ucranianos que os escondem para que não sejam considerados prisioneiros.
Talvez devêssemos fazer mais e difundir a prática da objeção de consciência. Se não conseguimos fazê-lo é porque isso põe em jogo o mito indiscutível da obediência militar, segundo o qual bombas atômicas foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, limpezas étnicas, estupros, massacres e todo tipo de abominações e opróbrios foram realizados em todas as partes do mundo, por todos os exércitos e em todas as épocas. Talvez tenha chegado a hora de nos unirmos ao apelo de Lorenzo Milani, padre italiano: "A obediência não é mais uma virtude".
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