Patriarca Kirill: O Patriarca Bartolomeu se considera não o primeiro entre iguais, mas o primeiro acima de todos os outros

Encontro entre o Patriarca Kirill (à direita) e o Patriarca Bartolomeu, em 2018 | Foto: Sergey Vlasov | Press Service of Patriarch of Moscow and all Russia

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24 Novembro 2021

 

Na entrevista com o diretor geral do canal de televisão "Spas" B.V. Korchevnikov transmitida no canal "Rússia 1" em 20 de novembro de 2021, Sua Santidade o Patriarca Kirill de Moscou e de toda a Rússia, respondeu à pergunta sobre as possíveis razões para as ações do Patriarca Bartolomeu de Constantinopla, que provocam o cisma na Ortodoxia mundial.

 

A reportagem foi publicada por Chiesa Ortodossa Russa, 20-11-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

“Às vezes um desentendimento pode ser assustador, como no caso de Bartolomeu. Recentemente, o senhor, com toda a honestidade, constatou que ele escolheu o cisma. O senhor o conhece há muitos anos, o visitou em Istambul para conter a assinatura do tomos. Como isso pode acontecer com o homem que carrega a cruz patriarcal, a responsabilidade patriarcal? Ele agora vê como os ortodoxos são expulsos das igrejas, cospem neles, batem neles e botam fogo - e tudo isso é o resultado de sua assinatura! Ele é um Patriarca, ele terá que responder perante Deus! Do ponto de vista humano, não consigo entender o que aconteceu para que decidisse fazê-lo. O que foi?”

 

“Acredito que existem duas razões. A primeira é a autocompreensão absolutamente falsa do Patriarca Bartolomeu, que considera a si mesmo o líder do mundo ortodoxo. Do ponto de vista da eclesiologia ortodoxa, ele é o primeiro entre iguais, mas ele se considera não o primeiro entre iguais, mas o primeiro sobre todos os outros. Ou seja, ele é seduzido pela mesma ideia cuja realização levou à divisão do cristianismo em oriental e ocidental. E agora, atrevo-me a dizer, por iniciativa pessoal do Patriarca Bartolomeu, o mesmo tema do poder dividiu desta vez a Igreja Ortodoxa”.

 

É uma página trágica na história da Igreja Ortodoxa, e todos nós, particularmente os Primazes das Igrejas Ortodoxas locais, deveríamos fazer de tudo para celebrar a divina Eucaristia juntos novamente no altar único, edificando a fé Ortodoxa entre os nossos contemporâneos. Para que a Igreja possa se tornar a força espiritual capaz de ajudar o homem a encontrar os caminhos nessa difícil vida de hoje”.

 

“Pode alguém tornar-se tão cego por causa de um conceito teológico mal compreendido a ponto de sufocar a própria consciência?”

 

“Eu não gostaria de pensar assim. Ainda não mencionei o outro fator, que poderia ter influenciado muito o Patriarca Bartolomeu - é o fator político. A condição do patriarcado de Constantinopla sempre foi muito precária - quando digo "sempre", me refiro certamente ao período após a queda do Império Bizantino. O Patriarcado era e até agora está sob o controle das forças políticas não ortodoxas e, em geral, o Patriarca Bartolomeu deve, parece-me, não digo se submeter, mas correlacionar a sua posição com aquele contexto liberal que existe nos países ocidentais e nos Estados Unidos. Em certo sentido, a Igreja no Ocidente é bastante vulnerável. Aqui está um exemplo simples: A Igreja Ortodoxa discorda e nunca concordará com a ideia da moda sobre as relações matrimoniais. Chamamos a convivência das pessoas do mesmo sexo de pecado grave”.

 

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