07 Outubro 2021
Ainda sem partido, o presidente Jair Messias Bolsonaro mira a reeleição em 2022 do seu jeito: dá um passo pra frente e logo depois empaca. Em entrevista à Jovem Pan no dia 27 de setembro, ele colocou sua candidatura na condicional – “se eu vier candidato”. Mas afirmou, em outro momento e já como candidato, que será um prazer debater com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Indagado sobre o seu vice na chapa em busca da reeleição, Bolsonaro não descartou, mas também não confirmou o nome de Hamilton Mourão (PRTB). O vice ideal, apontou, seria “um cara que não tenha ambição pela cadeira”.
Nos bastidores já surgem movimentações de aliados políticos do presidente. Um dos nomes sugeridos para compor a chapa na qualidade de candidato à vice-presidência é o do pastor líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, informa o jornalista Igor Gadelha, do portal Metrópoles. Segundo o jornalista, “pessoas próximas a Malafaia avaliam que o próprio presidente da República tem dado sinais de interesse”.
Dentre esses sinais estaria o convite que Bolsonaro dirigiu a Malafia para acompanhá-lo em viagens oficiais pelo Brasil. O pastor foi o único, além do presidente, a usar da palavra montado no trio elétrico na Avenida Paulista, nas manifestações do dia 7 de setembro.
Perguntado sobre a possibilidade de vir a ser candidato à vice-presidência na chapa do presidente Bolsonaro, Malafaia respondeu a Gadelha: “Hoje não tenho pretensão de ser candidato. Meu futuro pertence a Deus”. Mas há anos, o pastor fala da possibilidade de entrar para a política, afirmando que Deus o chamou para influenciar o todo.
Na entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro revelou que tem sofrido pressão para que ele escolha um vice de Minas Gerais ou do Nordeste. “Hoje em dia eu tenho condições de ter algumas pessoas no radar, que poderiam ser convidadas, mesmo sabendo que é um sacrifício estar do meu lado, porque eu sou um cara chato. Não é paz e amor o tempo todo, não”, afirmou.
Malafaia não é mineiro nem nordestino, mas é um apoiador barulhento de Bolsonaro. Quando das medidas adotadas por governadores e prefeitos para o enfrentamento da pandemia, o pastor publicou vídeo pedindo ao presidente da República que convocasse as Forças Armadas para estabelecer a lei e a ordem. “Estamos vendo governadores e prefeitos decretarem estado de sítio, toque de recolher, multa para quem está andando fora do horário (...) comércio fechado. Eles não têm autoridade constitucional para decretarem isso”, justificou.
Nas manifestações do dia 7 de setembro, o líder evangélico publicou nas redes sociais vídeos mostrando a mobilização de manifestantes em defesa da liberdade de expressão. “Povo do Brasil, 12h30. Olha a massa humana na Avenida Paulista. Isso aqui é bolsonarista, cambada de canalhas da Rede Globo? Isso aqui é povo, seus bandidos. Isso é o povo brasileiro contra o ditador da toga, Alexandre de Moraes. O povo é o supremo poder”, proclamou.
Em 2019, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo pediu a demissão do então secretário da Receita, Marcos Cintra, porque ele cogitara tributar os dízimos recebidos pelas igrejas. Cintra foi substituído meses depois. O pastor é um apoiador quase que incondicional do governo federal, seja na defesa da autoridade do presidente, seja na defesa da ação do Ministério da Saúde no combate à covid-19. Malafaia também oficiou o casamento religioso do presidente com Michelle de Paula.
Em fevereiro deste ano, a igreja e a editora que ele dirige tinham 4,6 milhões de reais em impostos inscritos como dívida ativa da União, dos quais 1,3 milhão de reais está sendo parcelado, revelou matéria do repórter Eduardo Militão, do UOL.
Malafaia argumentou que pagou 7 milhões de reais em impostos desde 2018 e que parte dos débitos que possui, de 3,3 milhões de reais, está sendo questionada na Justiça e na Receita Federal. Ele alegou que a nova lei livrou igrejas do pagamento da Contribuição Social do Lucro Líquido (CSLL). “Estamos dentro dos parâmetros legais de qualquer instituição, de lucro ou sem lucro, dentro do escopo legal de questionar qualquer questão tributária”, justificou.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Apoiadores indicam Malafaia para a vice-presidência na chapa de Bolsonaro em 2022 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU