28 Janeiro 2021
Os bispos dos Estados Unidos expressaram sua oposição a uma nova ordem executiva assinada pelo presidente Joe Biden para proteger as pessoas LGBTQ da discriminação.
A reportagem é de Brian William Kaufman e Robert Shine, publicada em New Ways Ministry, 27-01-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A ordem, emitida no dia 20 de janeiro, aplica a decisão “Bostock” da Suprema Corte dos Estados Unidos, na qual as proteções contra a discriminação com base no sexo foram consideradas como inclusivas da identidade de gênero e da orientação sexual, assim como de outras proteções LGBTQ na lei federal. O governo Biden também reconheceu “formas sobrepostas de discriminação”, como os índices “inescrupulosos” dessa discriminação que os negros transgêneros experimentam nos Estados Unidos.
Em resposta, os presidentes de várias comissões da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês) emitiram uma declaração conjunta criticando a ordem executiva do governo Biden. A declaração afirma que os bispos “compartilham o objetivo” de acabar com a “discriminação injusta”, mas “lamentam a abordagem equivocada” da ordem.
Depois de também criticar a decisão “Bostock”, eles continuam:
“A ordem executiva dessa quarta-feira sobre a discriminação por ‘sexo’ excede a decisão do Tribunal. Ela ameaça infringir os direitos das pessoas que reconhecem a verdade da diferença sexual ou que defendem a instituição do matrimônio vitalício entre um homem e uma mulher. Isso pode se manifestar em mandatos que, por exemplo, corroem os direitos da consciência sobre a saúde ou espaços e atividades específicas para cada sexo, necessários e consagrados pelo tempo. Além disso, a Corte teve o cuidado de observar que ‘Bostock’ não abordou as implicações claras disso para a liberdade religiosa. A ordem executiva dessa quarta-feira não exerce tal cautela.”
É notável, no entanto, que os bispos elogiam o governo Biden por suas ações sobre a imigração, o clima e a justiça racial. Mas seu apoio foi prejudicado pela seguinte frase:
“É lamentável que o objetivo da igualdade racial esteja parcialmente associado à imposição de novas atitudes e de falsas teorias sobre a sexualidade humana que podem produzir danos sociais.”
Os bispos signatários foram o cardeal Timothy Dolan, de Nova York, presidente da Comissão para a Liberdade Religiosa; o arcebispo Paul Coakley, de Oklahoma City, presidente da Comissão de Justiça Doméstica e Desenvolvimento Humano; o bispo Michael Barber, SJ, de Oakland, presidente da Comissão de Educação Católica; o bispo Shelton Fabre, de Houma-Thibodaux, presidente da Comissão Ad Hoc contra o Racismo; e o bispo David Konderla, de Tulsa, presidente da Subcomissão para a Promoção e Defesa do Matrimônio.
Em contraste, Francis DeBernardo, diretor executivo do New Ways Ministry, acolheu a ordem executiva, comentando ao National Catholic Reporter:
“Os comentários dos bispos sobre ‘Bostock’ indicam que eles gostariam que o ensino católico sobre gênero e sexualidade fosse a lei do país (...) mesmo se essas opiniões diferem da maioria das pessoas na nação – sem falar das opiniões da maioria dos católicos dos Estados Unidos.”
O New Ways Ministry relatou anteriormente sobre o apoio contínuo da USCCB aos esforços do antigo governo Trump voltados para acabar com as proteções federais para a comunidade LGBTQ em questões de, em serviços de adoção e de acolhimento familiar etc.
O presidente Biden também revogou recentemente a proibição de membros transgênero do Exército. Quando o governo Trump instituiu a proibição em 2017, o chefe da Arquidiocese para os Serviços Militares dos Estados Unidos disse que isso não era suficiente, porque o verdadeiro problema com as tropas transgênero não era prontidão militar ou moral, mas sim o fato de que “a ideologia de gênero mina a antropologia cristã básica ao definir a pessoa como uma mente desencarnada e o corpo como um mero instrumento”.
Até agora, os bispos ficaram em silêncio sobre a recente remoção da proibição por parte de Biden.
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Bispos dos EUA rejeitam como “equivocada” nova ordem executiva de Biden que oferece proteção a pessoas LGBTQ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU