13 Janeiro 2021
Dom Joaquim Mol, dirigente da entidade, pede que medicação alcance todos.
A reportagem é de Igor Carvalho, publicada por Brasil de Fato, 11-01-2021.
Elenildo Pereira, padre da Canção Nova de Cachoeira Paulista, pregou contra o uso da vacinação para combater a pandemia de covid-19 durante uma missa no dia 1º de janeiro. “Cuidado, é só a capa. Só a capa. Eu não estou dizendo que sou contra a vacina, não sou. Desde que passe por todos os testes possíveis e imagináveis, em todas as fases, com comprovação científica. Aí sim, eu tomarei. Mas enquanto não houver comprovação científica, padre Elenildo não tomará.”
O padre postou em seu perfil no Instagram o trecho da homilia, que foi transmitida ao vivo pela TV Canção Nova.
Nele, Pereira pede respostas sobre o uso do medicamento. “Ministério da Saúde, que já comprou essa vacina me responda. Como eu compro um produto, sem comprovação científica, sem passar por todas as fases científicas e depois eu corro atrás da legalização? Dê um jeito. Mande um e-mail ou ligue para mim. Como se coloca em risco a vida da pessoa?”
A publicação foi rebatida por uma das principais lideranças católicas do Brasil, Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
“Prezado povo de Deus, essa não é a posição da igreja no Brasil, dada pela CNBB. Procurem ler o pronunciamento da igreja, com as devidas orientações. Essas posições pessoais dividem, é um desserviço. Paz e vacina autorizada pelas autoridades sanitárias para todos”, encerra Mol.
Nos comentários mais repercutidos, fieis também condenaram a atitude do padre Elenildo Pereira, que tem 76 mil seguidores no Instagram. “Padre, me perdoe, mas reflita sobre seu posicionamento. O senhor é um influenciador”, disse uma usuária da rede.
No dia 29 de dezembro de 2020, a Santa Sé divulgou uma nota, através da Comissão Vaticana Covid-19, pedindo uma vacina segura, eficaz e disponível para todos, especialmente para os mais vulneráveis, e a um preço que permita uma distribuição equitativa.
“Agora cabe a nós garantir que esteja disponível para todos, especialmente os mais vulneráveis. É uma questão de justiça. Devemos mostrar, de uma vez por todas, que somos uma única família humana”, explicou o prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, cardeal Peter Turkson.
Em nota divulgada no dia 1º de janeiro, a CNBB defendeu o uso da vacina. “Não podemos nos render à indiferença de alguns, negacionismos de outros ou à tentação de nos aglomerarmos, permitindo que nos contaminemos e nos tornemos instrumentos de contaminação, sofrimento e morte de outras pessoas. Não deixemos que o cansaço e a desinformação nos levem a atitudes irresponsáveis. Sejamos fortes! Permaneçamos firmes”, afirma o documento que também preconiza que "a vacina seja para todos".
“É uma questão de responsabilidade a rápida definição de estratégias para se começar imediatamente a vacinação”, finaliza.
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Padre pede que fiéis não tomem vacina contra covid-19 e CNBB responde: “Desserviço” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU