14 Outubro 2020
O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin (65), não faz mais parte da Comissão cardinalícia de controle do IOR. A decisão do Papa foi comunicada em 21 de setembro, três dias antes da “destituição” do Cardeal Angelo Becciu, que havia iniciado em 2014 (com o aval dos seus superiores, sempre se defendeu). Parolin, nomeado em 16 de dezembro de 2013, não cumpriu, portanto, os dois mandatos de cinco anos normalmente previstos. Ele será substituído pelo cardeal italiano Giuseppe Petrocchi, arcebispo de L'Aquila, que, segundo o sempre bem informado periódico espanhol Religión Digital, poderia até ser o próximo secretário de Estado.
A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada por Huffington Post, 10-10-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Papa também trocou outros dois cardeais responsáveis pelo IOR, com o prefeito da Propaganda fide, o filipino Luis Tagle (considerado o delfim do Papa Francisco) e com o esmoleiro pontifício, o polonês Konrad Krajevskj. Duas escolhas que dizem muito sobre a vontade do Papa quanto à natureza do IOR, cujo estatuto foi alterado no ano passado, e do qual partiu a denúncia que em julho de 2019 iniciou a investigação da magistratura do Vaticano sobre o prédio adquirido em Londres pelo financista Raffaele Mincione.
A secretaria de estado havia de fato pedido ao IOR um empréstimo de 150 milhões para fechar a negociação, um pedido do qual Becciu se isentou em sua última autodefesa e que foi rejeitado pela administração do IOR.
O cardeal espanhol Santos Abril y Castello (84 anos) permanecerá como presidente da Comissão cardinalícia.
Curiosamente, a notícia que havia sido publicada no site do IOR não foi divulgada pelo Vaticano, mas na noite passada pelo jornal dos bispos italianos Avvenire.
Ela não é a única novidade de hoje, enquanto está em curso a inspeção in loco do Comitê Moneyval do Conselho da Europa (a segunda após a de 2012). A Sala de Imprensa do Vaticano publicou quinze emendas à Lei XVIII sobre a transparência financeira de 2013. O presidente da AIF, autoridade contra a lavagem de dinheiro do Vaticano (e ex-Banco da Itália), Carmelo Barbagallo, em entrevista à mídia do Vaticano quis destacar que a adequação da legislação da Santa Sé está sendo realizada para a tornar conforme com a V diretiva da União Europeia, em continuidade com a ação desenvolvida desde 2009, após a assinatura da Convenção Monetária com a UE e a introdução do euro como moeda no Vaticano.
Segundo Barbagallo, “aproveitou-se a ocasião para transferir para esta lei os importantes progressos alcançados nos últimos anos para tornar cada vez mais eficaz a atividade de fiscalização, especialmente através de uma intensificação dos mecanismos de colaboração entre as diferentes autoridades interessadas”. Estou convicto - concluiu - que as modificações introduzidas nesta Lei, como aliás todas as normativas aprovadas nos últimos anos, poderão demonstrar, tanto internamente como a observadores externos, o firme empenho numa questão em que a Igreja assume posição firme”.
A inspeção da Moneyval termina na próxima quarta-feira, depois um documento será apresentado como juízo final também sobre as questões “Core and Kay” e em alguns meses saberemos se o exame foi superado positivamente.
Recebendo os inspetores em audiência, o Papa Francisco disse na quinta-feira passada que "o vosso trabalho é especialmente importante para mim". E que a legislação contra a lavagem de dinheiro impede que tocando o dinheiro se sujem as mãos com sangue.
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Papa Francisco tira Parolin do IOR - Instituto Humanitas Unisinos - IHU