09 Outubro 2020
O prelado canadense e colaborador próximo do papa Francisco aponta o “Bom Samaritano” como um modelo para a transformação.
A entrevista é publicada por Zenit, 08-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“O ideal de fraternidade humana desejado pelo papa Francisco na Fratelli Tutti, se trazido para a fruição, pode nos habilitar, juntos, a cuidar da Nossa Casa Comum”, é o que expressa, em entrevista ao portal Zenit, o cardeal Michael Czerny, nascido na República Tcheca e com nacionalidade canadense, o prelado serve como secretário da Seção de Migrantes e Refugiados no Dicastério para Promoção do Desenvolvimento Humano Integral.
Cardeal Czerny é considerado um colaborador muito próximo do Santo Padre. Liderado por Francisco, a Seção de Migrantes e Refugiados ajudam a Igreja a acompanhar refugiados, que foram forçados a migrar ou que são vítimas do tráfico humano.
Um correspondente sênior do Vaticano falou com o cardeal Czerny no Vaticano após o lançamento da terceira encíclica do Papa, que foi apresentada na Sala do Novo Sínodo da Sala Paulo VI do Vaticano no domingo, festa de São Francisco de Assis, na manhã seguinte à assinatura do texto pelo Santo Padre, na tumba de São Francisco, na charmosa cidade montanhosa da Úmbria.
‘Fratelli Tutti’ é inspirada no Documento sobre a Fraternidade Humana que o papa Francisco assinou com o Grande Imam de Al Azhar, durante sua Viagem Apostólica de 3-5 de fevereiro de 2019 aos Emirados Árabes Unidos. O portal Zenit estava no Voo Papal para a primeira viagem de um Papa à Península Arábica. Desde então, sob o dicastério do cardeal Ayuso, com várias religiões, incluindo vários muçulmanos, um Comitê Superior foi instituído para alcançar os objetivos contidos no documento.
Cardeal Czerny, você é um colaborador do Santo Padre. O que nós podemos esperar dessa nova encíclica sobre a Fraternidade Humana, e o que podemos considerar de valioso?
Minha esperança é que em sua variedade, em seus muitos capítulos, esteja disponível para muitas, muitas pessoas, de muitas maneiras diferentes. E para ser mais simples: que muitas pessoas tenham a oportunidade de descobrir que o título é o ideal e a tarefa. Somos irmãos e irmãs, e quanto falta para fazer, quanto falta para eu mudar, para que sejamos realmente irmãos. E se formos realmente irmãos e irmãs, talvez possamos cuidar de nossa casa comum. E então, tudo se junta.
Concretamente, como isso pode ser feito? O que precisa ser feito, por exemplo, no nível individual para se chegar à Comunidade Internacional, do seu ponto de vista...
Do meu ponto de vista, o que precisa ser feito é que sua pergunta seja feita por todos os leitores ou espectadores. Em outras palavras, não existe uma resposta, mas sim uma pergunta. E se a pergunta chegar às pessoas, vamos chegar lá, juntos.
O que você acha particularmente significativo ou comovente no documento?
O Bom Samaritano. O mais surpreendente para muitas pessoas será que o Bom Samaritano, que sempre foi um ideal de caridade, um ideal de resposta, seja aqui apresentado como a forma necessária de ver a realidade. Portanto, não é apenas uma parábola de resposta, mas uma parábola de percepção, uma parábola de apreciação de nossa realidade. E isso, eu acho, é um aprofundamento maravilhoso da Boa Nova do Bom Samaritano.
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“A fraternidade humana idealizada em Fratelli Tutti pode nos habilitar ao cuidado de Nossa Casa Comum”, defende o cardeal Czerny - Instituto Humanitas Unisinos - IHU