Dom Georg Gänswein vai para o mosteiro para cuidar de Bento XVI

Georg Gänswein. Foto: Universitat International de Catalunya

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07 Fevereiro 2020

Talvez seja tarde demais. Talvez seja cedo demais. Dom Georg Gänswein, secretário particular de Joseph Ratzinger, não aparece em público há três semanas, não acolhe os chefes de Estado em visita oficial, não acompanha o papa Francisco em audiência, é sempre substituído pelo regente Leonardo Sapienza, mas continua sendo o prefeito da Casa Pontifícia. Aquele que cuida da vida do pontífice.

A reportagem é de Carlo Tecce, publicada em Il Fatto Quotidiano, 06-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Essa visível ausência, segundo a mídia alemã, como Ratzinger e Gänswein, é uma punição ao bispo que serve a “dois papas”, mas várias vezes não garantiu uma serena convivência entre Bento e Francisco.

Por exemplo, recentemente, com a adesão de Ratzinger – um texto e a assinatura, depois removida ou, melhor, não removida – ao livro do cardeal Robert Sarah, que invoca o respeito do celibato para o sacerdócio, como se Jorge Mario Bergoglio quisesse ordenar padres casados por toda a parte, nada mais do que mais uma contestação ao pontificado de Francisco e um ataque à integridade da Igreja.

O Vaticano negou uma “demissão” de Gänswein, mas mencionou, com termos vagos, uma “redistribuição de tarefas”, com um maior comprometimento do prefeito ao lado de Ratzinger, no mosteiro onde o papa emérito se trancou há sete anos, depois da renúncia anunciada em latim e depois da reforma do prédio iniciada em grande sigilo.

Gänswein não impediu que a figura de Ratzinger, magistral em questões teológicas e doutrinais, alimentasse a facção dos opositores de Bergoglio. Digo “impedir” porque Ratzinger tem quase 93 anos, expressa-se com um tom de voz imperceptível, movimenta-se em cadeira de rodas, e cada pensamento e palavra seus passam pelo padre Georg, o único homem que mora no mosteiro junto com quatro Memores Domini, leigas consagradas.

Graças à falta de uma normativa para regular a existência de um ex-papa, à qual Ratzinger não remediou durante o período de transição, Gänswein se tornou uma referência para os críticos de Bergoglio, os bispos e os cardeais que já estão trabalhando para o próximo conclave.

Enquanto Ratzinger estiver vivo, porém, ele não será rebaixado ou removido. Essa era a sua imunidade. Essa era a sua condenação. Válidas com dúvidas, até hoje. Caso contrário, Francisco o teria enviado para uma diocese na Alemanha. “Se a Conferência dos Bispos da Alemanha o aceitar”, esclarecem os bergoglianos.

Então, o desaparecimento de Gänswein não deve estar ligado apenas ao livro de Sarah, mas também às condições de saúde de Ratzinger, que, desde antes do Natal, reduziu as visitas e as atividades cotidianas.

O Vaticano é um lugar de decisões ponderadas, e não de retaliações imediatas, razão pela qual a Igreja atravessa séculos e séculos. Portanto, a “demissão” de Gänswein não tem uma lógica – não é o estilo de Francisco – se não for combinada com a exigência de auxiliar Bento.

É a sensação que mais angustia o clero, mais do que um eventual afastamento ou demissão do padre Georg. Rezemos por Ratzinger.

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