"A comemoração dos 25 anos do SPM-NE, através dos três eventos analisados, na medida em que estes últimos se integram, se entrelaçam e se interpelam reciprocamente, acabou por fortalecer, contemporaneamente, as atividades da Pastoral dos Migrantes, a espiritualidade do caminho, da resistência e da acolhida e uma análise atualizada e dinâmica do fenômeno das migrações", escreve Alfredo J. Gonçalves, padre carlista, assessor das Pastorais Sociais e vice-presidente do SPM. 

Eis o artigo. 

As atividades do Serviço Pastoral dos Migrantes no Nordeste (SPM-NE) completam 25 anos (1994-2019). A comemoração das “bodas de prata” dessa presença se realizou em três eventos distintos, mas complementares, na data de 13 e 14 de dezembro de 2019: uma homenagem na Câmara dos Deputados de João Pessoa-PB; uma celebração eucarística na matriz de Jacumã, município do Conde; e um seminário de estudo na Casa dos Migrantes de Jacumã. Nos eventos participaram representantes do núcleo de Migrantes (Casa de acolhida de Jacumã) com destaque para os venezuelanos, do núcleo de Agricultores (região do semiárido paraibano) e do núcleo de Jovens (do município de Bayeux, na grande João Pessoa). Também marcaram presença vários representantes de movimentos e pastorais sociais, entidades e organizações parceiras.

A homenagem na Câmara dos Deputados foi uma proposta da deputada estadual Cida Ramos. Reuniu migrantes, agricultores, jovens, lideranças, agentes sociopastorais do SPM e uma série de pastorais, movimentos, entidades e organizações parceiras. Com a “casa” cheia, na sexta-feira, 13 de dezembro, a referida deputada abriu a sessão sublinhando a importância dos trabalhos da Pastoral dos Migrantes, seja no que diz respeito à acolhida aos que chegam e na resistência à migração forçada, seja no que se refere ao acompanhamento na origem, destino e trânsito da migração. Trabalhadores, lideranças e agentes do SPM, além de traçarem o histórico destes 25 anos de ação sociopastoral e política, também chamaram a atenção para a defesa dos direitos dos migrantes, como novos cidadãos que contribuem para o enriquecimento do país. A sessão foi encerrada com a contribuição da prefeita do município do Conde, em que destacou o trabalho realizado em rede e em parceira; depois com um vídeo, onde a combinação de imagens e músicas refizeram a trajetória do SPM nestas duas décadas e meia.

Ainda na sexta-feira, dia 13 de dezembro, às 17 horas, na matriz de Jacumã, município do Conde, Dom José Luiz Ferreira Sales, bispo da diocese de Pesqueira-PE e presidente do SPM, presidiu a celebração eucarística dos 25 anos do SPM-NE. No decorrer da celebração, Dom José abriu a palavra para os que ele chamou de “trabalhadores da primeira hora, trabalhadores da segunda hora e trabalhadores da terceira hora”, testemunhas respectivamente do início, da consolidação e da atual caminhada do SPM no Nordeste. De acordo com o pastor, “não seria exagero dividir a presença da Igreja no Nordeste em duas etapas: antes de depois da chegada do SPM”. Este, conforme salientou o bispo referente da Pastoral dos Migrantes na CNBB, marcou a vida da Igreja e da sociedade civil nos Estados onde se fez presente.

O sábado, diz 14 de dezembro, foi reservado a um seminário de estudos, realizado na Casa de Migrantes, em Jacumã, município do Conde, com o tema Presença, resistência e compromisso. Os participantes dos três núcleos já citados – migrantes, agricultores e jovens – foram divididos e misturados em três oficinas de debate correspondentes aos três conceitos do tema: uma sobre a presença da Pastoral dos Migrantes nestes 25 anos, em que se tratava de resgatar os momentos históricos marcantes dessa trajetória; outra sobre a resistência, em que se destaca o processo de construção de cisternas na convivência com o semiárido e as diversas formas de arte como meio de buscar alternativas; e a última sobre o compromisso, chamando a atenção para os desafios que se apresentam nos dias atuais e no futuro, levando em conta, entre outras coisas, o projeto de desmonte do governo federal, tanto na área das políticas públicas e dos direitos humanos, quanto no que diz respeito à organização popular em geral.

Desnecessário acrescentar, a título de conclusão, que a comemoração dos 25 anos do SPM-NE, através dos três eventos analisados, na medida em que estes últimos se integram, se entrelaçam e se interpelam reciprocamente, acabou por fortalecer, contemporaneamente, as atividades da Pastoral dos Migrantes, a espiritualidade do caminho, da resistência e da acolhida e uma análise atualizada e dinâmica do fenômeno das migrações.

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