28 Novembro 2019
Em menos de um ano, a “Duegradi”, a revista italiana sobre mudança climática criada por um grupo de estudantes em dezembro de 2018, conseguiu atrair atenção de todo o país. “A ideia - diz Federico Mascolo, um dos fundadores - nasceu de um grupo de amigos numa noite em Paris. Eu estava jantando com colegas da universidade e acabamos conversando sobre a mudança climática. Naquele período, coisas importantes estavam acontecendo internacionalmente, mas as notícias eram quase completamente ignoradas pelos jornais italianos: uma amiga presente propôs então que a gente falasse sobre isso! Alguns meses depois, a causa nos pareceu viável: expandimos a equipe e, durante a COP24 em Katowice, na Polônia, começamos”.
A entrevista é de Ilaria Pennacchini, publicada por L'Osservatore Romano, 26-11-2019.
De onde vem o nome?
Durante o Acordo de Paris, foi estabelecido que os estados devem se empenhar para garantir que a temperatura da Terra não suba mais de um grau e meio, no máximo dois graus, em comparação com a temperatura da época da revolução industrial: indo além desse limite, se provocaria o desequilíbrio total dos ecossistemas no mundo. Para permanecer abaixo do nível de um grau e meio, de acordo com o Emission Gap Report de 2018, deveríamos reduzir em escala global as nossas emissões em 50% até 2030 e 90% até 2050. Os dados são preocupantes quando se pensa que, de 2017 a 2018, as emissões globais aumentaram 2,7%. Ainda existe um grau e meio como objetivo comum no papel, mas, de fato, respeitá-lo exigiria uma transformação drástica de nossa economia. Atualmente, estamos a 1,1 graus a mais do que a era pré-industrial. Conter o aumento de temperatura abaixo dois graus, certamente seria viável: significaria reduzir as emissões em 20% até 2030 e em 40% até 2050.
De que forma vocês diferem de outras fontes de informação que tratam da emergência climática?
O clima é um tema multidisciplinar, envolve todas as esferas da vida. Queremos informar as pessoas de uma maneira simples e eficaz: por isso escolhemos como lema "O clima terra terra". A ideia é transmitir informações de natureza técnicas com uma linguagem acessível ao público, combinando correção científica, uso de dados e fontes oficiais. Obviamente, não somos os únicos a tratar desses argumentos, mas acredito que o que nos diferencia é o fato de falar exclusivamente de clima, e não de temáticas ambientais em geral.
Qual é o efeito concreto que vocês desejam alcançar com seu projeto?
Aumentar, em um processo cultural extremamente lento, a conscientização das pessoas sobre esses temas. Um cidadão informado que deseja intervir age melhor do que um cidadão que deseja intervir, mas que não está informado. É por isso que tentamos conscientizar as pessoas sobre a necessidade de solicitar políticas diferentes e votar em políticas diferentes, porque a mudança deve vir em primeiro lugar da política, que possui as ferramentas para colocá-la em prática.
Seu compromisso está alinhado com o magistério do Papa.
Transformando a ideia de “Duegradi” em algo concreto, encontramos um forte entusiasmo por parte das pessoas. Percebemos que o clima é um tema caro a muito mais pessoas do que se costuma pensar e que a sensibilidade ecológica está aumentando. Certamente o Papa desempenhou um papel fundamental dentro desse processo, especialmente desde a publicação da Laudato si': com ela o papa Francisco fez sua opção aberta em favor da realização de um mundo melhor, o mesmo pelo qual lutam os garotos das #frydaysforfuture.
Vocês são ativos em muitas redes sociais. Utilizam também uma plataforma um pouco menos conhecida para se comunicar com seus seguidores: o Telegram. Vocês consideram que seja mais eficaz que outras?
Para tentar criar um certo tipo de conscientização e difundir qualquer informação hoje, as mídias sociais são indispensáveis. Recentemente, abrimos o Telegram, e o uso que fazemos dele é um pouco diferente em comparação com outras plataformas: o usamos da mesma maneira que uma newsletter para atualizar aqueles que nos seguem sobre as últimas notícias. A intenção é alcançar o destinatário reduzindo o tempo de recepção: o Telegram parece ser a maneira perfeita para fazê-lo. No entanto, fazer tendências nas mídias sociais é importante, mas o que consideramos essencial permanece o conteúdo.
Vocês têm algum projeto em vista?
Nos últimos meses, participamos de vários eventos e transmissões de rádio; quando surge a oportunidade de participar de eventos locais, estamos sempre felizes em participar. Quanto ao futuro, no próximo ano gostaríamos de ter nosso estande na Youth COP, a primeira parte a COP dedicada aos jovens a ser realizada na Itália. Estamos cientes de que ainda estamos em evolução e queremos continuar a crescer.
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A febre do planeta. Entrevista com Federico Mascolo, cofundador da revista 'Duegradi' sobre mudança climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU