A Igreja da Amazônia conclui sua assembleia para o Sínodo, que "chega num momento crucial de nossa história"

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02 Setembro 2019

O exercício da sinodalidade é um grande desafio na Igreja atual, algo que foi lançado no Vaticano II, mas que podemos dizer que o papa Francisco, com a Episcopalis Communio, quis colocar como prioridade para toda a Igreja, insistindo no imperativo de caminharmos juntos como Igreja e sempre abertos à realidade da qual não podemos nos isolar ou fugir.

A reportagem é de Luis Miguel Modino.


Participantes da Assembleia para o Sínodo, ocorrida em Belém. Foto: REPAM

A Igreja da Amazônia brasileira, liderada por seus bispos, realizou por três dias um exercício dessa sinodalidade, de escuta mútua, de interpelação, como atitudes básicas para transformar esse desejo do papa Francisco em algo concreto. O estudo do Instrumento de Trabalho foi o fio condutor de uma reunião na qual os 120 participantes, nas reuniões plenárias e em pequenos grupos, examinaram seu conteúdo e proporcionaram novas visões em vista do trabalho na assembleia sinodal. Os presentes mostraram que este é um Sínodo no qual a Igreja e os povos do Pan-Amazônia se envolvem, unidos aos homens e mulheres que, de 6 a 27 de outubro, estarão na assembleia sinodal procurando novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral.

Como reconheceu o cardeal Claudio Hummes, "o Sínodo nos questiona sobre nosso modo de ser pastores e agentes de evangelização na Igreja", insistindo que "nos sentimos chamados, interpelados, não podemos ignorá-lo". O presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica lembrou que "o papa Francisco está pedindo uma conversão não apenas à Igreja da Pan-Amazônia, ele está pedindo ao mundo inteiro, a toda a Igreja", algo que já aparece em Evangelii Gaudium e Laudato Si.


Cardeal Cláudio Hummes. Foto: REPAM

O cardeal Hummes fez um chamado aos presentes para que não se esqueça que “a Igreja tem que ser capaz de se deixar interpelar por aquilo que são os grandes gritos e sonhos, o grito da Terra, dos povos, especialmente dos povos originários". Referindo-se ao processo de escuta, o cardeal disse que os povos da Amazônia, "ao ser escutados, sentindo que podiam falar, fizeram propostas fortes, o que deve nos levar a estar atentos". O relator do Sínodo para a Amazônia enfatizou que "essa escuta é fundamental se quisermos interpretar os sinais dos tempos hoje".

Segundo o cardeal brasileiro, “sentir-se desafiados e dispostos a andar, traz novas demandas, novos problemas, porque os novos caminhos sempre têm problemas”, mas que não podem assustar a Igreja e levá-la a “parar de se esforçar, de caminhar em direção ao novo, porque não podemos esquecer que Jesus Cristo é o eternamente novo”.

Na caminhada conjunta, na sinodalidade, é muito importante, segundo o cardeal Claudio Hummes, “ser deixar iluminar pelos outros, pelas realidades dos outros países da Pan-Amazônia”, insistindo mais uma vez que “esse momento é um kairós, um tempo de graça, um momento privilegiado que não podemos perder”. A partir daí somos desafiados a “aprender a olhar um futuro que não é muito promissor, onde a Igreja não pode estar menos presente do que deveria, deixando-se questionar pelo Espírito”, completou o cardeal.

Os participantes redigiram uma carta que destaca que o trabalho comum entre os bispos da Amazônia brasileira é algo que remonta a 1952. Ao mesmo tempo, destaca a importância que a Igreja Católica teve na vida social da região nos últimos quatro séculos, insistindo que muito “sangue, suor e lágrimas foram derramados na defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos da sociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados".

Ao mesmo tempo, aponta os riscos da situação atual e a importância de um Sínodo que "chega num momento crucial de nossa história".


Dom Mário Antônio da Silva. Foto: REPAM

Como dom Mario Antonio da Silva, bispo de Roraima e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reconheceu que é necessário “entrar em contato com a vida da selva e das águas, e principalmente com a vida das comunidades, cheia de sabedoria e respostas aos desafios da região”.

O bispo insiste que é preciso "ouvir a voz da Amazônia através do clamor dos povos originários, que exigem maior cuidado com a Criação e uma conversão ecológica integral".

Finalmente, ele disse que é essencial "reconhecer os caminhos percorridos e traçar novos caminhos para avançar na proposta do papa Francisco de ecologia integral e realização do Reino de Deus".

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