11 Abril 2019
O governo chileno ordenou na última terça-feira derreter a estátua de um falecido padre jesuíta após surgirem denúncias de abuso sexual que se tornaram públicos em meados de janeiro contra Renato Poblete, que era o capelão de Hogar de Cristo, uma fundação de caridade fundada em 1944.
A reportagem é publicada por Informador, 09-04-2019. A tradução é de André Langer.
“A estátua será derretida e a ideia é doar o metal para que possa ser aproveitado de uma boa maneira”, disse o ministro da Habitação, Cristián Monckeberg, aos repórteres na terça-feira.
Durante o dia, o Ministério da Habitação (Minvu) também mudou o nome do Parque Fluvial Renato Poblete, popularmente conhecido como o ‘Mapocho navegável’, situado na comuna santiaguense de Quinta Normal, para Parque da Família.
O parque com o nome do falecido sacerdote foi inaugurado em 2015 como parte do legado Bicentenário, e seu objetivo era formar um braço de águas calmas a partir do rio Mapocho, que permite realizar atividades náuticas com pequenas embarcações sem motor, como caiaques, botes a remo e pequenos veleiros.
“Estes lugares devem ser de encontro e não de divisão. Ultimamente, estava provocando divisão em consequência das denúncias que se tornaram conhecidas, e as vítimas já estavam sendo afetadas”, ressaltou Cristián Monckeberg.
Em 17 de janeiro, os jesuítas chilenos informaram ter recebido uma denúncia de abuso sexual cometido pelo padre Renato Poblete, um emblemático capelão que se destacou por sua ajuda aos mais desfavorecidos e que morreu em 2010.
A Companhia de Jesus indicou na ocasião, através de um comunicado, que a denunciante era uma mulher que acusou Poblete de cometer “situações abusivas de natureza grave no âmbito sexual, de poder e de consciência” entre 1985 e 1993.
De acordo com seu depoimento, quando os abusos começaram, a suposta vítima tinha 19 ou 20 anos de idade.
“Esta decisão é tomada como Governo e cabe a nós como Minvu executá-la. Existe um respeito muito grande pelas vítimas, vítimas de todo tipo de abuso”, disse o ministro Cristián Monckeberg.
Explicou que esta decisão foi discutida com os jesuítas, uma congregação à qual pertencia Poblete, e que concordaram com a ideia.
O ministro informou que, com a retirada da estátua, da placa e a mudança de nome do Parque Renato Poblete acabou uma discussão que começou em janeiro, após a denúncia sexual contra o falecido padre jesuíta.
A promotoria chilena confirmou no dia 22 de março passado que os investigados por casos de abusos sexuais na Igreja Católica do Chile aumentaram para 219.
De acordo com um cadastro desta entidade sobre crimes sexuais contra meninos, meninas, adolescentes e adultos cometidos por clérigos e leigos vinculados à Igreja Católica, atualmente existem 158 casos em vigor e 241 vítimas, 123 das quais eram menores no momento em que ocorreram os abusos.
No Chile, a Igreja Católica está passando por uma grave crise devido a casos de abusos sexuais que salpicaram inclusive em vários bispos.
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Chile. Governo ordena destruir estátua de jesuíta denunciado por abuso sexual - Instituto Humanitas Unisinos - IHU