08 Agosto 2018
Um estudo internacional descobriu que a Terra está em risco de entrar em um clima quente que pode levar a temperaturas médias globais de até cinco graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais e aumentos de longo prazo no nível do mar entre 10 e 60 metros.
A reportagem foi publicada por Australian National University e reproduzida por EcoDebate, 07-08-2018. A tradução e a edição são de Henrique Cortez.


07/08/2018 – Calor na Europa, com alertas na Polônia, Croácia e Suiça. Fonte: World Meteorological Organization
O líder do estudo, Will Steffen, da ANU, disse que esses aumentos nas temperaturas e no nível do mar seriam devastadores para a civilização humana e para a maioria dos ecossistemas que sustentam a vida das plantas e dos animais.
“Os esforços atuais das nações, que não são suficientes para cumprir as metas de redução de emissões estabelecidas no Acordo de Paris, provavelmente não nos ajudarão a evitar essa situação muito arriscada, onde muitas partes do planeta podem se tornar inabitáveis para seres humanos”, disse o professor Steffen.
As temperaturas médias globais estão um pouco acima de um grau Celsius acima das temperaturas pré-industriais e subindo a 0,17 graus Celsius a cada década.
“As emissões humanas de gases de efeito estufa não são a única causa das mudanças de temperatura na Terra.
“Nosso estudo indica que o aquecimento global causado por humanos de dois graus Celsius pode desencadear outros processos do Sistema Terra, freqüentemente chamados de retroalimentação, que podem desencadear mais aquecimento – mesmo que paremos de emitir gases de efeito estufa”.
O professor Steffen disse que as nações precisam trabalhar juntas para acelerar a transição para uma economia mundial livre de emissões.
Pesquisadores da Austrália, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Bélgica, Estados Unidos, Alemanha e Holanda contribuíram para este estudo.
Os autores do estudo consideraram 10 processos naturais de feedback, alguns dos quais são elementos que levam a uma mudança abrupta se um limiar crítico é cruzado.
“A preocupação real é que esses elementos podem agir como uma fileira de dominós. Quando um é empurrado, ele empurra a Terra para outro. Pode ser muito difícil ou impossível impedir que toda a fileira de dominós caia”, disse Steffen.
Essa cascata de feedback poderia desencadear a liberação incontrolável na atmosfera de carbono que havia sido armazenada anteriormente na Terra.
Os feedbacks são degelo do permafrost, perda de hidratos de metano do fundo do oceano, enfraquecimento dos sumidouros de carbono da terra e oceano, aumento da respiração bacteriana nos oceanos, dieback da floresta amazônica, dieback da floresta boreal, redução da cobertura de neve do hemisfério norte, perda de gelo no mar do Ártico e redução do gelo do mar Antártico e das camadas de gelo polar.
Referência:
Trajectories of the Earth System in the Anthropocene
Will Steffen, Johan Rockström, Katherine Richardson, Timothy M. Lenton, Carl Folke, Diana Liverman, Colin P. Summerhayes, Anthony D. Barnosky, Sarah E.
Cornell, Michel Crucifix, Jonathan F. Donges, Ingo Fetzer, Steven J. Lade, Marten Scheffer, Ricarda Winkelmann, Hans Joachim Schellnhuber Proceedings of the National Academy of Sciences Aug 2018, 201810141; DOI: 10.1073/pnas.1810141115
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Estudo indica que o aquecimento global de 2°C pode desencadear processos de retroalimentação e mais aquecimento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU