COP30 atrai mais de 1.600 lobistas dos combustíveis fósseis para Belém

Foto: Aleksandr Slavich | Pexels

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17 Novembro 2025

Indústria enviou integrantes do 2º escalão; CEO da TotalEnergies foi um dos poucos presidentes de petrolíferas a pisar na capital paraense.

A informação é publicada por ClimaInfo, 14-11-2025. 

Enquanto indígenas Munduruku reivindicavam ser atendidos pelas lideranças da COP30 para apresentar suas demandas (leia aqui), o CEO da petrolífera francesa TotalEnergies, Patrick Pouyanné, participava de um evento em Belém coorganizado pela presidência da conferência do clima, informam Financial Times e Folha. O encontro celebrou uma iniciativa de descarbonização lançada por 50 empresas de petróleo e gás fóssil, incluindo BP e ExxonMobil, na COP28.

Pouyanné é um dos poucos CEOs de petrolíferas na capital paraense. Sua congênere da Petrobras, Magda Chambriard, não irá a Belém – a ordem para a alta diretoria da estatal brasileira foi ficar longe da COP30, segundo a CNN, ainda mais após a licença para perfurar um poço na Foz do Amazonas, não muito longe de Belém. No entanto, uma análise da Kick Big Polluters Out (KBPO) mostra que a indústria de combustíveis fósseis está entranhada na conferência do clima na Amazônia, como vem fazendo nas últimas COPs.

A KBPO mostra que os lobistas dos combustíveis fósseis conseguiram se registrar em peso para a COP30. São mais de 1,6 mil deles credenciados para a conferência, informam Agência Pública, Carta Capital e Observatório do Clima. O número ultrapassa o tamanho das delegações de todos os países – exceto a do Brasil, que, como país anfitrião, registrou 3.805 participantes.

Proporcionalmente, houve um aumento de 12% em relação à COP29, em Baku, Azerbaijão, no ano passado. De acordo com a KBPO, é a maior concentração de lobistas de combustíveis fósseis em uma conferência do clima desde que começou a analisar os participantes das COPs, em 2021.

Os lobistas dos combustíveis fósseis na COP30 superam em quase 50 vezes o número de delegados oficiais das Filipinas, país que foi castigado por dois supertufões nas últimas semanas. E são mais de 40 vezes o número de pessoas da Jamaica, que ainda se recupera do furacão Melissa.

Além disso, destaca a KBPO, o grupo recebeu dois terços a mais de passes para a COP30 do que todos os delegados das 10 nações mais vulneráveis às mudanças climáticas juntos. O que mostra como a indústria continua a ofuscar que está na linha de frente da crise climática, reforça a organização.

O lobby de petróleo e gás fóssil é ainda mais cruel fora das conferências do clima. Segundo a Folha, mais de cem pesquisadores trabalharam por dois anos para catalogar as estratégias que emperram o combate às mudanças climáticas. Os resultados estão no livro “Climate Obstruction: a Global Assessment”, publicado pela Oxford University Press.

Os cientistas indicam que a indústria de óleo e gás implantou três estratégias de obstrução ao longo dos anos: negar o consenso da ciência sobre a crise climática; atrasar a ação de governos com intimidação econômica; e cooptar o discurso e as políticas em favor do próprio setor. Segundo eles, a negação explícita do problema pelas petrolíferas diminuiu após a década de 1990, mas deu lugar a uma oposição mais sutil, com planos de expandir a produção.

Foi o que Pouyanné, da Total, fez na maior cara de pau no evento da COP30 do qual participou, informa a Veja. O francês disse que os combustíveis fósseis continuarão tendo vida longa no sistema energético global e evitou associar os eventos climáticos extremos às mudanças do clima provocadas pela queima de combustíveis fósseis.

Mas a “cereja do bolo” do cinismo do CEO da Total veio depois. Questionado sobre reparações às populações atingidas por desastres do clima, Pouyanné disse apenas que “furacões sempre existiram” no Golfo do México e no Caribe, embora reconheça que haverá mais eventos no futuro.

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