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Desenhando novos mapas de esperança: o futuro da Educação Católica. Artigo de Anderson Barcelos Martins

Foto: Vatican Media

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01 Novembro 2025

"A escola e a universidade católica do amanhã não será medida por seus muros, mas por sua capacidade de construir pontes, entre fé e ciência, entre tradição e inovação, entre contemplação e ação. Será católica, no sentido pleno da palavra: universal, dialogal, aberta ao diverso e comprometida com a justiça", escreve Anderson Barcelos Martins, filósofo, mestre e doutorando em Educação pela UFRGS.

Eis o artigo.

A Carta Apostólica Desenhando novos mapas de esperança, escrita pelo Papa Leão XIV e divulgada em 29-10-2025, surge como um sopro de discernimento em meio à vertigem de um mundo que já não sabe bem o que é educar. Diante da aceleração digital, do cansaço das instituições e da crise ecológica e espiritual do século XXI, o documento propõe mais do que um conjunto de diretrizes, oferece uma cartografia espiritual para pensar o futuro da Educação Católica, uma educação que não se limite a formar competências, mas a formar consciências.

O texto celebra os sessenta anos da Gravissimum educationis (outubro de 1965), de São Paulo VI, e dialoga com o Pacto Global pela Educação de Francisco, acrescentando três novas prioridades, Vida Interior, Digital Humano e Paz Desarmada. Cada uma delas, à sua maneira, desenha um caminho de travessia, um plano de gestão, num convite a reencontrar o humano em tempos de desumanização.

1. Vida interior: o retorno ao silêncio como resistência

A primeira prioridade apontada por Leão é o retorno ao interior. Mas o que significa voltar-se para dentro em um mundo que exige exposição constante e conexão permanente? Pode soar paradoxal, mas o Papa propõe o silêncio como forma de resistência, não um silêncio cúmplice, mas um silêncio fecundo, onde o espírito escuta o rumor do próprio ser e, para quem crê, escuta também a voz de Deus.

O silêncio proposto é, tampouco, um recolhimento ensimesmado, trata-se de um exercício contemplativo que precede a ação, o silêncio de quem se abastece para sair às ruas, abandonando os muros dos conventos, das repartições, das escolas e universidades.

A vida interior é o terreno onde floresce a consciência ética. Hannah Arendt (1906-1975) lembrava que “pensar é o diálogo silencioso da alma consigo mesma”. Num tempo em que o pensamento se confunde com opinião instantânea e reação emocional, recuperar o silêncio é recuperar o juízo, essa faculdade que, para Arendt, funda a responsabilidade diante do mundo.

Para pensar o papel da Educação Católica diante do mundo, o pontífice retoma a tradição da Gravissimum educationis ao afirmar que educar é formar seres integrais: espirituais, intelectuais, afetivos, sociais e corpóreos. Contra a lógica tecnicista que fragmenta o sujeito, a carta convoca à unidade da existência e a responsabilidade das instituições de ensino na formação dos sujeitos.
Paul Ricoeur (1913-2005) aponta no sentido de que a identidade humana é sempre narrativa: “não somos o que possuímos, mas o que interpretamos de nós mesmos.” Educar, portanto, é oferecer ao outro as condições para narrar-se e não apenas para produzir-se. A carta é, assim, um chamado a retomar o humano, lembrando que o esquecimento da humanidade gera violências visíveis e invisíveis, contra o outro, contra a terra e contra nós mesmos.

Leão insere a ecologia integral como parte da espiritualidade educativa, recordando que cuidar da alma implica cuidar do planeta. A educação católica deve, portanto, integrar o cuidado ambiental em suas práticas, pois não há futuro da fé sem futuro da casa comum.

Num mundo hiperconectado, em que o ruído se tornou norma e o excesso de estímulos produz anestesia moral, fortalecido por enunciados e discursos que se retroalimentam, o Papa convida a devolver aos estudantes o direito à solidão criativa, ao encontro com o sagrado e à pluralidade de ideias.

Somente a diversidade forma a identidade e respeitar essa pluralidade nunca foi tão urgente, sobretudo diante da lembrança do apóstolo Paulo: “Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas a maior delas é a caridade.”

E a caridade se manifesta em obras de respeito, tolerância, cuidado e civilidade ou, adotando uma linguagem laica, na vivência da Democracia.

Não se trata de fuga, mas de fundação, sem um solo interior, a liberdade se esfarela em consumo e distração. A educação católica deve, portanto, comprometer-se com a formação integral do ser humano, uma formação que una razão e espiritualidade, técnica e sensibilidade, fé e cidadania. Educar é formar consciências capazes de discernir, cuidar e agir com responsabilidade diante do outro e do mundo. Ao cultivar a interioridade, a escola católica reafirma sua vocação pública, contribuir para o fortalecimento da democracia, da justiça social e do cuidado com a criação. O silêncio, nesse sentido, não é ausência de voz, mas a respiração ética que antecede a palavra, o espaço onde se aprende a escutar, compreender e, então, transformar.

2. O digital humano: entre o algoritmo e a poesia

Do silêncio interior, o Papa avança com naturalidade ao território mais ruidoso do nosso tempo, o digital. O Concílio Vaticano II inaugurou o diálogo entre fé e cultura, Leão XIV o atualiza ao propor um diálogo entre humanidade e máquina.

Se a cultura contemporânea é líquida, como diria Zygmunt Bauman (1925-2017), o Papa busca solidificar um centro ético no fluxo digital.

“Menos pódios, mais mesas”, escreve Leão ao advertir as universidades católicas, numa metáfora precisa para um mundo saturado de discursos e carente de escuta. Nenhum algoritmo substituirá a poesia, a ironia, o arrependimento, a alegria do erro que se transforma em crescimento.

Byung-Chul Han (1959) observa que vivemos numa “sociedade do cansaço”, onde a hiperexposição e o excesso de positividade corroem o espaço da contemplação.

O “digital humano” proposto por Leão é justamente a tentativa de reencantar a técnica, devolvendo densidade ao olhar, pausa ao gesto, interioridade à conexão.

As universidades católicas são convocadas a tornarem-se diaconias da cultura, lugares de serviço e pensamento crítico. Servir, aqui, é resistir, é ensinar o uso das ferramentas, mas também revelar seus riscos – a manipulação algorítmica, a vigilância de dados, a ilusão de autonomia.

Onde estão as pesquisas que alertem para os efeitos digitais na saúde mental, na aprendizagem, na segurança pública? Onde está a formação de consciências críticas diante dos algoritmos? Promover um letramento digital ético é tarefa urgente para escolas e universidades católicas, não podemos nos deixar seduzir pela lógica das big techs sem considerar o risco de desumanização.
A carta alerta contra dois extremos igualmente perigosos, a tecnofobia e a idolatria digital. O desafio não é rejeitar a técnica, mas humanizá-la, reconciliando o dado com o sentido. Assim, vida interior e digital humano não são temas desconectados, o silêncio que ouvimos dentro é o mesmo que precisamos restaurar fora, inclusive nas relações que estabelecemos com o planeta e com a tecnologia que o transforma.

3. Paz desarmada: constelações de sentido

Da interioridade e da técnica, o Papa passa à convivência, como se o humano, o digital e o político formassem um mesmo tecido moral. Sua terceira prioridade é a “paz desarmada”. Leão fala de uma constelação educativa, de instituições e pessoas que, como estrelas, mantêm sua singularidade, mas giram em torno de um ideal comum, educar para a justiça e o diálogo.

A metáfora da constelação é mais que poética, é pedagógica.

Evoca pluralidade, interdependência e beleza. Cada estrela brilha por si, mas o desenho só existe quando se olha o todo. A educação, do mesmo modo, só cumpre sua vocação quando se reconhece parte de algo maior.

Leão XIV convida a “desarmar as palavras”, num gesto revolucionário em tempos de violência literal, discursiva, prática e simbólica.

Vivemos guerras de extermínio e guerras de discurso, nas trincheiras e nas timelines, a violência se reinventa nos palácios e nas redes sociais. O outro é sempre visto como inimigo. A paz desarmada exige que sejamos pacifistas, não por ingenuidade, mas por convicção ética. As escolas e universidades católicas devem tornar-se espaços de resolução de conflitos, diálogo e mediação, promovendo uma autêntica cultura de paz.

Emmanuel Levinas (1906-1995) escreveu que “a linguagem é, em si mesma, uma forma de hospitalidade”. Desarmar as palavras é restaurar sua vocação ética, a palavra que acolhe o outro como rosto, não como ameaça. Só uma pedagogia da escuta pode gerar uma política da paz.

A diaconia da cultura, proposta pelo Papa para as universidades católicas, é um lugar de hospitalidade e escuta, voltado especialmente aos que estão à margem, os pobres, as mulheres, os negros, os povos indígenas, as pessoas com deficiência e a comunidade LGBTQIAPN+. É hora de exercer a diaconia do serviço a todos, e não apenas à “ovelha gorda”. A educação católica é chamada a ser mais católica – mais universal – do que nunca. O mundo não tem mais fronteiras, a educação católica precisa romper as suas e ao romper essas fronteiras, deve também incluir o cuidado ambiental como eixo ético de sua missão educativa. A paz desarmada é também uma paz ecológica, sem reconciliação com a terra, não há reconciliação entre os povos.

Um mapa para o humano

As três prioridades – vida interior, digital humano e paz desarmada – não são apenas diretrizes pastorais, são bússolas éticas para um tempo em que o humano parece perder o rumo. O futuro da educação católica dependerá da coragem de mantê-las acesas, em meio à tempestade da indiferença e da aceleração.

A escola e a universidade católica do amanhã não será medida por seus muros, mas por sua capacidade de construir pontes, entre fé e ciência, entre tradição e inovação, entre contemplação e ação. Será católica, no sentido pleno da palavra: universal, dialogal, aberta ao diverso e comprometida com a justiça.

Num mundo em que a democracia se fragiliza e o planeta adoece, educar é um ato de esperança ativa. A educação católica deve renovar seu pacto com a Terra e com o humano, formando gerações que reconheçam no cuidado do outro e do ambiente uma mesma tarefa espiritual. Educar será, mais do que nunca, um gesto ecológico, político e amoroso.

Como lembra Paul Ricoeur (1913-2005), “a esperança é o que mantém o tempo aberto” – e é esse tempo aberto que a carta de Leão XIV tenta devolver à educação, um tempo de escuta e partilha, de redes que conectem consciências, não apenas dispositivos.

Talvez aí resida o maior desafio, fazer da Educação Católica um espaço de esperança encarnada, onde o Evangelho encontre a contemporaneidade, onde o silêncio dialogue com as redes e onde o amor se traduza em cuidado concreto com o outro, plural e diverso, e com o mundo no qual habitamos. Aí reside o futuro da Educação Católica: olhos que veem mais longe e corações que ouvem mais fundo.

Referências

Arendt, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

Ricoeur, Paul. Soi-même comme un autre. Paris: Seuil, 1990.

Han, Byung-Chul. A sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015.

Levinas, Emmanuel. Totalidade e infinito. Lisboa: Edições 70, 2008.

Papa Leão XIV. Desenhando novos mapas de esperança. Vaticano, 2025.

Papa Paulo VI. Gravissimum Educationis. Vaticano, 1965.

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