Como as mudanças climáticas transformaram Melissa no furacão do século

Foto: Canva Pro | pixabay

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29 Outubro 2025

Um estudo de atribuição explica como a crise climática causada pela ação humana aumentou a intensidade dos ventos e das chuvas do furacão em pelo menos 10%. O pesquisador italiano Faranda afirmou: "Reduzam as emissões ou as coisas vão piorar."

A reportagem é de Giacomo Talignani, publicada por La Repubblica, 28-10-2025.

Para entender o poder de Melissa, é preciso ir mais a fundo. O furacão de categoria 5, um dos mais poderosos da história, que deve atingir a Jamaica, a República Dominicana, Cuba e as Ilhas Turcas e Caicos com rajadas de vento superiores a 290 quilômetros por hora, possui duas características principais que o tornam extremamente violento: chuva e vento. Ambos os fenômenos foram intensificados pela crise climática, de acordo com um novo estudo de atribuição realizado pela ClimaMeter.

Se Melissa é tão poderosa, isso se deve principalmente ao aquecimento global, que levou ao aquecimento ainda maior das águas naquela área do Oceano Atlântico: não apenas na superfície, que chega a quase 30 graus Celsius em algumas áreas e está pelo menos 3 graus acima da média, mas também em profundidade, onde as águas oceânicas são geralmente frias. Os cientistas acreditam que o calor na coluna d'água alimenta a energia de furacões como Melissa.

O estudo também afirma que as condições desencadeadas pela crise climática, alimentada pelas emissões humanas, aumentaram a precipitação e os ventos do furacão em 10%. Só a Jamaica poderá receber até 500 milímetros de chuva em apenas 36 horas.

Em essência, se é tão mortal, é por uma razão que "não pode ser atribuída apenas à variabilidade natural", explicam os pesquisadores. Especificamente, os especialistas afirmam que a crise climática contribuiu para um aumento de 14 milímetros na precipitação em Melissa e um aumento de 8 quilômetros por hora nos ventos.

A variabilidade natural certamente desempenhou um papel na formação e trajetória da tempestade, mas a intensificação está ligada ao aumento da temperatura dos oceanos, que fornece energia às tempestades, explicam os cientistas, lembrando como, em apenas 24 horas, Melissa passou por uma rápida intensificação, alimentada por águas excepcionalmente quentes, tornando-se um dos furacões mais fortes e provavelmente mais destrutivos a atingir a Jamaica.

Segundo o pesquisador italiano Davide Faranda, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), um dos autores do estudo de atribuição, "os impactos devastadores de Melissa demonstram que os combustíveis fósseis fazem muito mais do que apenas aquecer o planeta: eles tornam os furacões mais úmidos, mais fortes e mais violentos. A ciência é clara: se as emissões não forem reduzidas rapidamente, países como a Jamaica enfrentarão tempestades mais destrutivas do que qualquer coisa que já tenhamos visto. Nos próximos anos, melhorar a resiliência e o preparo da infraestrutura será essencial para reduzir os danos e a perda de vidas durante futuros eventos extremos."

De modo geral, os pesquisadores argumentam que a crise climática está prestes a dobrar a velocidade dos ventos dos furacões. Como é sabido, Melissa é o furacão mais forte já registrado na Jamaica e, em termos de pressão, é o terceiro mais forte do mundo, um dos piores furacões do século. Cinco dos sete grandes furacões com as maiores pressões ocorreram nos últimos 20 anos. Não é coincidência que um estudo de 2023 tenha argumentado que, devido à crise climática, os furacões no Atlântico têm agora o dobro da probabilidade de se transformarem rapidamente de tempestades menores em eventos catastróficos: desde 2005, pelo menos 8,1% das tempestades passaram de um estado relativamente inofensivo para um furacão severo em um único dia.

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