29 Setembro 2025
Nos últimos meses, o Patriarcado realizou sete viagens à Faixa de Gaza, levando alimentos. O Papa Leão XIII é constantemente informado.
A informação é de Francesca Caferri, publicada por La Repubblica, 29-09-2025.
Milhares de toneladas de ajuda alimentar foram entregues a Gaza e distribuídas não apenas aos cristãos, mas também a centenas de famílias muçulmanas. Uma luz 24 horas manteve a pequena comunidade cristã da Faixa o mais segura possível em meio à guerra. E, ainda mais importante, o sinal de esperança enviado pelas visitas do Cardeal Pizzaballa à Faixa durante alguns dos momentos mais difíceis da guerra. Para compreender o papel central que o Patriarcado Latino de Jerusalém desempenha atualmente na crise da Flotilha, precisamos relembrar os últimos dois anos.
Nos últimos meses, diante de uma situação cada vez mais polarizada, poucas instituições conseguiram fazer com que suas vozes fossem ouvidas no terreno como o Patriarcado, que adquiriu um peso específico muito maior do que o número da pequena comunidade católica na Terra Santa. Na madrugada de 07-10-2023, Pizzaballa se ofereceu como refém ao Hamas em troca do sequestro de crianças israelenses: nenhuma resposta foi dada, mas as palavras do cardeal foram respeitosamente registradas tanto em Israel quanto na Faixa de Gaza. Além disso, longe dos holofotes, a equipe do Patriarcado sempre manteve um diálogo aberto com o COGAT — o braço do exército israelense responsável pelos Territórios Palestinos e, portanto, pela ajuda humanitária em Gaza — e, simultaneamente, com o que restava das autoridades civis de Gaza.
Levou tempo, mas os resultados chegaram: desde a Páscoa de 2024, quando os primeiros caminhões de ajuda humanitária chegaram à paróquia, o fluxo de ajuda, por mais irregular que fosse, nunca parou. Silenciosamente, discretamente, esquivando-se das perguntas dos jornalistas e das armadilhas políticas, milhares de toneladas de alimentos — frutas e vegetais frescos, principalmente maçãs e batatas, que não são perecíveis, mas também, e especialmente, enlatados, barras energéticas e (quando possível) até chocolate para crianças — chegaram à população faminta de Gaza em caminhões com a insígnia do Patriarcado. Sete viagens foram realizadas entre dezembro de 2024 e setembro de 2025.
O esforço custou seis milhões de dólares, arrecadados graças a uma campanha de arrecadação de fundos envolvendo 800 dioceses e particulares em todo o mundo, que trouxe enormes benefícios: as encomendas chegaram a bairros inteiros da Cidade de Gaza, os mais próximos da paróquia, cujos moradores faziam fila sempre que um caminhão chegava. "Compartilhamos tudo com todos, no espírito da caridade cristã. Fazemos isso desde o primeiro dia e sempre faremos", é uma das frases constantemente repetidas pelo Padre Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família. Mas não é tudo: o conhecimento do território e de sua dinâmica, acumulado ao longo de anos de presença em Gaza, garantiu que os caminhões do Patriarcado (ao contrário de outros) sempre conseguissem passar sem serem alvos de ladrões. E Israel nunca pôde alegar — como fez em outros casos — que a ajuda beneficiou o Hamas.
Neste momento, no imponente edifício a meio caminho entre o Portão de Jaffa e o Portão Novo, que abriga o Patriarcado Latino, as pessoas estão mais silenciosas do que o habitual. "No cerne da nossa ação está uma coisa: a dignidade humana. De todos os homens, não apenas dos cristãos; todos sabem disso agora", é a única declaração que se consegue arrancar dos diretamente envolvidos. E a Flotilha? "Nós nos colocamos à disposição. Estamos aqui. Não podemos fazer mais." Ontem, o Vaticano anunciou que o Papa está sendo mantido plenamente informado.
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