27 Agosto 2025
Relatório da OMS e UNICEF aponta mais de 2 bilhões de pessoas em situação de insegurança hídrica, com meta de acesso universal até 2030 em risco.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 27-08-2025.
Segundo novo relatório lançado nesta semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo da ONU para a Infância (UNICEF), o progresso para a meta de acesso universal de saneamento básico em 2030 está lento e coloca pessoas em risco de doença e exclusão social.
Hoje, cerca de 2,1 bilhões de pessoas, ou uma em cada quatro pessoas, ainda não têm acesso à água potável “gerenciada com segurança” – o que autores definem como uma situação em que se dispõe de água potável no local, livre de contaminação fecal ou química. Além disso, mais de 100 milhões de pessoas continuam dependentes de água superficial, procedente de rios, lagoas e canais.
Os autores do relatório classificaram a qualidade do serviço de fornecimento de água potável em cinco níveis: o mais elevado é a gestão segura; seguido do básico (acesso a uma fonte melhorada em menos de 30 minutos); limitado (melhorado, mas com tempos de espera mais longos), não melhorado (procedente de um poço ou fonte sem proteção) e água superficial.
Em 2024, apenas 89 países tinham um serviço básico de fornecimento de água potável, incluindo 31 que alcançaram o acesso universal, conta a Folha. Por outro lado, 28 países onde 1 a cada 4 pessoas não têm acesso aos serviços básicos se concentram na África.
De acordo com a análise, as lacunas persistem entre países de alta e baixa renda. Países menos desenvolvidos têm mais que o dobro de possibilidade de não terem acesso a serviços básicos de água potável e saneamento e mais que o triplo em não terem acesso à higiene básica, se comparado com países ricos. Comunidades rurais, crianças e grupos étnicos minoritários e indígenas enfrentam as maiores disparidades.
Embora tenha havido melhorias para a população rural, elas foram pequenas: a cobertura de água potável gerida com segurança aumentou de 50% para 60% entre 2015 e 2024, e a cobertura de higiene básica de 52% para 71%. Nas áreas urbanas, ambas categorias estão estagnadas.
O documento também revela que cerca de 1,7 bilhões de pessoas não têm serviços básicos de higiene em casa e 354 milhões ainda praticam defecação a céu aberto.
As organizações também fizeram um recorte de gênero: adolescentes de 15 a 19 anos têm menos probabilidade do que mulheres adultas de participar de atividades durante a menstruação, desde escola até lazer. Na África Subsaariana e na Ásia Central e Meridional, elas são as principais responsáveis pela coleta de água, gastando mais de 30 minutos por dia para a atividade.
“Quando as crianças não têm acesso à água potável, ao saneamento e à higiene, sua saúde, educação e futuro ficam em risco”, alertou a diretora de Água, Saneamento e Higiene do UNICEF, Cecília Scharp. No ritmo atual, segundo ela, a promessa de água potável e saneamento para todas as crianças está cada vez mais distante.
O relatório também foi notícia no g1, Agência Brasil, RFI e SBT News.
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