18 Novembro 2023
Pesquisa mostra que 46,2% das moradias brasileiras têm algum tipo de privação no saneamento. Segundo o levantamento, do total de 74 milhões de moradias, 8,9 milhões não possuem acesso à rede geral de água; 16,8 milhões contam com uma frequência insuficiente de recebimento; 10,8 milhões não possuem reservatório de água; 1,3 milhão não possuem banheiro; e 22,8 milhões não contam com coleta de esgoto.
A reportagem é de Bruno Bocchini, publicada por Agência Brasil, 17-11-2023.
O estudo, produzido pelo Instituto Trata Brasil, foi feito baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022.
Considerando os cinco tipos de privações analisadas (acesso à rede geral, frequência insuficiente de recebimento de água, falta de reservatório, ausência de banheiro, e falta de coleta de esgoto), o estudo mostra que 53,8% dos domicílios brasileiros não têm nenhuma privação; 25,2% tem uma; 9,9%, duas; 9,3%, três; 1,4%, quatro; e 0,4%, cinco privações.
“A falta de água tratada ou a exposição ambiental ao esgoto, problemas decorrentes da privação de saneamento, interferem decisivamente na incidência de doenças com consequências para a saúde das crianças, jovens e adultos”, destaca o texto do estudo.
Estados
Segundo a pesquisa, os estados com maior população afetada pela falta de acesso à rede geral de água são: Pará (3,9 milhões de pessoas), seguido de Minas Gerais (2,3 milhões), Bahia (2,1 milhões), Pernambuco (1,8 milhão) e Rio de Janeiro (1,7 milhão). O estudo mostra ainda que 9,8% dos brancos são afetados pelo problema; 11,1% dos pretos; 9,6% dos amarelos; 15,9% dos pardos, e 18,9% dos indígenas.
Já o abastecimento irregular de água atinge mais pessoas no Pernambuco (6,3 milhões), seguido da Bahia (5,6 milhões), Pará (4,6 milhões), Rio de Janeiro (4,5 milhões), Minas Gerais (3,8 milhões) e São Paulo (3,3 milhões). De acordo com os dados, 17,9% da população branca é afetada pelo problema; 24,3% da preta; 20,4% da amarela; 29,5% da parda; e 32,5% da indígena.
A privação da disponibilidade de reservatório de água afeta mais pessoas no Rio Grande do Sul (4,7 milhões de pessoas), seguido de São Paulo (3,8 milhões), Pará (2,7 milhões), Paraná (2,2 milhões), e Maranhão 2,1 (milhões). Segundo o levantamento, 12,4% dos brancos enfrentam o problema; 16,5% dos pretos; 11,5% dos amarelos; 17,2% dos pardos, e 22,7% dos indígenas.
Já a privação de banheiro atinge maior população no Pará (983,5 mil pessoas), Maranhão (916,1 mil), Bahia (540 mil), Amazonas (353,9 mil), e Piauí (335,5 mil). O problema afeta 0,7% dos brancos; 2,1% dos pretos; 1,9% dos amarelos; 3,4% dos pardos; e 5,1% dos indígenas.
A falta da coleta de esgoto é mais aguda no Pará, onde 7,02 milhões de pessoas enfrentam o problema; seguido da Bahia (6,4 milhões de pessoas), Maranhão (5,4 milhões), Ceará (4,4 milhões), e Minas Gerais (4,07 milhões). A falta de coleta de esgoto atinge 24,2% dos brancos, 31% dos pretos; 24,8% dos amarelos; 40,9% dos pardos, e 44,6% dos indígenas.
“A carência de serviços de coleta e de tratamento de esgoto, por sua vez, é responsável por outra parte das infecções gastrointestinais. Os problemas mais graves surgem nas beiras de rios e córregos contaminados ou em ruas onde passa esgoto a céu aberto – em valas, sarjetas, córregos ou rios”, diz o texto da pesquisa.
Leia mais
- Como operam os barões do saneamento básico?
- Saneamento para quem? Artigo de Ana Maria de Niemeyer
- Como fazer com que o saneamento chegue de forma mais ecológica onde ele é caro e as pessoas têm pouco dinheiro?
- O descaso com que o saneamento básico é tratado no Brasil
- Água e saneamento básico: um direito a ser conquistado. Revista IHU On-Line, Nº 321
- O fracasso do saneamento básico e a emergência de doenças vetoriais. Revista IHU On-Line, N° 481
- A contaminação das águas e a disseminação de doenças de proliferação hídrica. Entrevista especial com Fernando Spilki
- Saneamento básico é um direito humano universal. O silêncio proposital da mudança do novo marco legal. Entrevista especial com Léo Heller
- Saneamento não deve ser universalizado até 2033
- Contaminantes Emergentes: Uma ameaça real na água usada para consumo humano
- Saneamento básico no Brasil: a infraestrutura que não chega ao esgoto
- Doenças ligadas à falta de saneamento geram custo de R$ 100 mi ao SUS
- No Brasil, 45% da população ainda não têm acesso a serviço adequado de esgoto sanitário
- ONU: falta de água e de tratamento de esgoto afeta principalmente mulheres
- Brasileiro desenvolve sistema natural para tratamento de esgoto
- Cerca de 100 milhões de brasileiros ainda não contam com coleta de esgoto
- Metade da população brasileira não tem coleta de esgoto
- Falta o saneamento, aumentam as mortes
- Pesquisa revela contaminação por antibióticos em rios paranaenses
- Quase 35% das cidades tiveram casos de doenças ligadas ao saneamento
- No Brasil, 30 milhões vivem sem água tratada e 100 milhões não têm coleta de esgoto
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
46% das casas no Brasil têm algum tipo de privação no saneamento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU