19 Agosto 2025
“Sei o que estou fazendo, impedi seis conflitos”, disse o presidente americano ontem durante o encontro com Zelensky e líderes europeus. Mas o magnata, pelo menos por enquanto, mal conseguiu pôr fim a um conflito.
A reportagem é de Enrico Franceschini, publicada por La Repubblica, 19-08-2025.
Em sua ambição frequentemente expressa de ganhar o Prêmio Nobel da Paz, Donald Trump declarou ontem, durante a cúpula em Washington com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e líderes europeus, que "encerrou seis guerras", o que implica que agora está trabalhando para encerrar a sétima, a entre a Rússia e a Ucrânia. "Se você observar os seis acordos de paz que assegurei este ano", disse Trump, "todos foram entre países em guerra. Eu não faço cessar-fogo, eu faço a paz diretamente", o que significa que ele não está mais negociando um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, como havia prometido pouco antes da cúpula do Alasca, mas sim visando diretamente um acordo de paz entre Moscou e Kiev.
Mas uma investigação do jornal The Guardian revela que mesmo essa afirmação do chefe da Casa Branca, a respeito de seis guerras interrompidas em seis meses de sua presidência, está longe da verdade. O magnata praticamente não impediu nem uma guerra sequer. Veja a quais conflitos ele se refere e como as coisas ocorreram, de acordo com as investigações do jornal londrino.
Esta é a foto dos vassalos europeus com Trump, a realidade da política contemporânea. Somente Lula e os BRICS enfrentam e desafiam a decadência estadunidense em condições de igualdade, no caso do Brasil nunca nenhuma tropa dos EUA ou do extinto Império Britânico ocupou o Brasil. pic.twitter.com/eHnCk8yCz5
— Ricardo Costa de Oliveira (@Ricardo_Cd_Oliv) August 19, 2025
A guerra entre as forças do governo da República Democrática do Congo e os rebeldes apoiados por Ruanda deveria terminar com um cessar-fogo, efetivamente negociado com a mediação dos Estados Unidos e de outros países, mas na semana passada os dois lados perderam o prazo para chegar a um acordo em Doha, no Catar, onde as negociações estavam sendo realizadas, e a violência continua.
O governo de Nova Délhi negou que Trump tenha desempenhado qualquer papel decisivo na obtenção de um cessar-fogo com o Paquistão, após vários dias de confrontos entre tropas e forças aéreas dos dois países na disputada região da Caxemira em maio passado.
As duas nações africanas não chegaram a nenhum acordo para resolver a origem da disputa que levou a alguns confrontos militares: a construção de uma barragem no Nilo pela Etiópia para desviar as águas do rio do Egito.
A Sérvia negou planos de iniciar uma guerra contra o estado de reconhecimento limitado de Kosovo, que declarou independência em 2008, embora o governo Trump tenha alegado que ele impediu.
Em julho, Trump telefonou para os líderes dos dois países do Extremo Oriente, instando-os a um cessar-fogo após três dias de conflitos por causa de uma disputa de fronteira. No entanto, ele próprio admitiu em uma publicação nas redes sociais que aguardava uma resposta da Tailândia, e o conflito foi se acalmando gradualmente sem qualquer intervenção decisiva aparente de Washington.
Este é o único conflito em que os Estados Unidos, após atacar as instalações nucleares de Teerã em junho com mísseis mais potentes que os usados por Israel, conseguiram impor um cessar-fogo a ambos os lados. Mas, desde o início, não houve sinais de que o regime dos aiatolás quisesse iniciar uma guerra total contra o Estado judaico, que já o havia atacado anteriormente, destruindo grande parte de suas defesas antiaéreas.