Impunidade segue como obstáculo contra grilagem na Amazônia

Foto: Felipe Werneck/IBAMA

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02 Agosto 2025

Apenas 7% das decisões judiciais resultam em condenações; maior parte dos processos tramita no Pará.

A informação é publicada por ClimaInfo, 31-07-2025. 

Um novo relatório publicado pelo Imazon detalha o nível de impunidade dos crimes de grilagem na Amazônia brasileira. Segundo levantamento feito com base em processos criminais com decisões até maio de 2022, apenas 7% dos casos resultaram em condenação. O estudo analisou 526 decisões envolvendo 193 réus em 78 processos, sendo a maioria em tramitação em varas federais no Pará (60%), seguido do Amazonas (15%) e Tocantins (8%).

De acordo com o Imazon, quase metade (42%) das ações não informaram o tamanho da área-alvo de possível grilagem, mas 18% envolviam territórios acima de 10 mil hectares. Além disso, 8% dos processos tratam de áreas superiores a 50 mil hectares, o equivalente à cidade de Porto Alegre.

A pesquisa avaliou separadamente as decisões para cada crime atribuído aos 193 réus. Entre os crimes mais comuns estão invasão de terra pública, falsidade ideológica, estelionato e associação criminosa. Os desfechos mais frequentes são absolvição (em 185 casos, 35%) e prescrição (em 172 casos, 33%). As condenações referem-se a apenas 24 dos 193 réus (12%).

“A grilagem de terras públicas é uma das engrenagens centrais da destruição da Amazônia. Ela alimenta um ciclo de destruição ambiental, especulação fundiária e violência no campo, afirma Lorena Esteves, pesquisadora do Imazon e uma das autoras da pesquisa.

Entre as dificuldades encontradas para análise dos processos estão a falta de informações referentes ao detalhe dos casos, o tamanho da área grilada e a morosidade no julgamento. O tempo médio entre o início das ações até a decisão final é de seis anos – com 17% dos casos demorando entre 13 e 18 anos.

Ao Brasil de Fato, a pesquisadora Brenda Brito destaca a evidência da dificuldade em responsabilizar os envolvidos em grilagens: “A consequência é o estímulo que isso pode causar para a continuidade desses crimes”.

O relatório recomenda aos Poderes Executivo e Legislativo a criação de leis para aumentar as penas para crimes envolvendo grilagem. Ao Judiciário recomenda a consolidação do entendimento da ocupação ilegal de terras públicas ser crise de natureza permanente – ou seja, enquanto a área estiver ocupada, o crime está ocorrendo. O levantamento reforça também a importância do governo notificar os ocupantes ilegais para que saiam das terras públicas, uma prova que se revelou importante nos processos.

Em tempo 1

O Ministério Público Federal (MPF) quer transferir à União a gestão da Reserva Extrativista Jaci-Paraná, em Rondônia, dadas as invasões de grileiros, garimpeiros, pecuaristas e caçadores. De 2012 e 2022, a área ocupada pela agropecuária na RESEX saltou 239%, enquanto a de floresta caiu de 77% para 25%. O MPF alega omissão do estado na proteção da área, informa ((o)) eco.

Em tempo 2

Na última 3ª feira (29/7), uma operação do IBAMA no Projeto de Assentamento Chapadão, localizado entre os municípios de Santarém e Prainha (PA), embargou 850 hectares de terras, apreendeu gado e aplicou mais de R$ 5 milhões em multas. De acordo com o IBAMA, a região situada em gleba federal destinada à reforma agrária tem sido sistematicamente invadida por grileiros e exploradores ilegais de recursos florestais. O g1 detalhou a ação.

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