01 Agosto 2025
A tensão entre os Estados Unidos e a Rússia ganhou novos contornos nesta quinta-feira (31), após mais uma troca de declarações hostis entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia. O embate verbal, que vem se intensificando nos últimos dias, reflete o agravamento das relações entre as duas potências nucleares.
A reportagem é publicada por RFI, 31-07-2025.
Em uma publicação na rede Truth Social, Trump criticou duramente Medvedev, chamando-o de “ex-presidente fracassado que ainda se acha presidente” e alertando: “Ele está entrando em um território muito perigoso”.
A declaração foi uma resposta a comentários feitos por Medvedev, que acusou Trump de adotar um “jogo de ultimatos” ao ameaçar impor tarifas à Rússia e a seus parceiros comerciais, como Índia e China, caso Moscou não demonstrasse avanços rumo a um cessar-fogo na guerra da Ucrânia.
Trump havia dado um prazo de dez dias para que a Rússia aceitasse um cessar-fogo, sob pena de enfrentar sanções econômicas mais duras. Em resposta, Medvedev publicou em seu canal no Telegram que “cada novo ultimato de Trump é um passo em direção à guerra”. Ele ainda fez referência ao sistema soviético de dissuasão nuclear conhecido como “Mão Morta”, projetado para lançar mísseis automaticamente caso a liderança russa fosse eliminada
“Trump deveria se lembrar de como a lendária ‘Mão Morta’ pode ser perigosa”, escreveu Medvedev, em tom de advertência. Ele também afirmou que a reação do presidente americano apenas reforça a convicção de que a Rússia está no caminho certo e deve manter sua atual política externa.
A escalada verbal ocorre em um momento de crescente pressão internacional sobre Moscou. Trump, que busca reforçar sua imagem de liderança firme em política externa, também criticou a Índia, um dos principais compradores de petróleo russo, dizendo que “não se importa com o que façam”, acusando o país de manter tarifas comerciais “entre as mais altas do mundo”.
Desde a invasão da Ucrânia, em 2022, Medvedev tem adotado uma postura cada vez mais agressiva em relação ao Ocidente, frequentemente recorrendo a ameaças nucleares em suas declarações públicas. Analistas divergem sobre o peso real de suas falas: enquanto alguns as veem como retórica inflamada, outros acreditam que refletem a linha dura atualmente dominante no Kremlin.