29 Julho 2025
A reportagem é de Alessandro Di Bussolo, publicada por Vatican News, e reproduzida por Religión Digital, 29-07-2025.
As universidades católicas são chamadas a se tornarem "itinerários da mente em direção a Deus", porque, como entendia São Tomás de Aquino, "em Cristo-Sabedoria se encontra, ao mesmo tempo, o que é mais próprio da nossa fé e o que é mais universal à inteligência humana". E justamente por isso, a sabedoria assim entendida "é o lugar natural do encontro e do diálogo com todas as culturas e todas as formas de pensamento". Foi o que sublinhou o Papa Leão XIV em sua mensagem, em espanhol, aos participantes da 28ª Assembleia Geral da Federação Internacional de Universidades Católicas (IFCU), aberta hoje, 28 de julho, em Guadalajara, México. Organizado pela Universidade do Vale do Atemajac (UNIVA), o encontro se estenderá até 1º de agosto e celebra o centenário da IFCU, refletindo sobre o tema "Universidades Católicas, Coreógrafas do Saber".
O Papa a chama de "uma expressão muito bonita, que convida à harmonia, à unidade, ao dinamismo e à alegria". Mas, nesse contexto, ele continua, "devemos nos perguntar que tipo de música seguimos".
Em nossa época, talvez mais do que em outras épocas, existem muitos 'cantos de sereia' que atraem pela novidade, pela popularidade ou, em outras ocasiões, pela aparente segurança que inspiram. Mas, para além dessas impressões, superficiais em si mesmas, as universidades católicas são chamadas a se tornar itinerários da mente em direção a Deus.
Esta, recorda Leão XIV, é uma feliz expressão de São Boaventura, que nos permite realizar "em nós mesmos a oportuna exortação de Santo Agostinho", que, nas suas Exposições sobre os Salmos, escreve que a alma humana "em si mesma não tem luz", e a raiz da sabedoria está na "região da verdade imutável: afastando-se desta região, a alma escurece; aproximando-se dela, ilumina-se".
O ambiente universitário, com seu característico diálogo entre diferentes visões de mundo, continua o Pontífice, “não é alheio à própria atividade da Igreja”. Isso é demonstrado pela experiência dos primeiros cristãos, “logo no início da evangelização”.
“Eles perceberam claramente que a Boa Nova não poderia ser proclamada sem esclarecer em que medida ela era compatível ou não com outras formas de ver o mundo e outras propostas sobre o significado de ser humano e viver em sociedade.”
Nesse sentido, o Papa Leão XIV define como importante a pergunta que São Paulo faz aos cristãos de Roma, "convidando-os a comparar seu modo de vida atual com o de antes: 'Mas que fruto colhíeis então das coisas das quais agora vos envergonhais? Pois o fim delas é a morte'". O resultado de todo o raciocínio do mundo clássico, enfatiza o Papa, se resume na palavra "morte". Porque lhes faltava Cristo, "a Palavra e a Sabedoria do Pai; faltava-lhes Aquele por quem e para quem todas as coisas foram criadas".
"Cristo não vem como um estranho ao discurso racional, mas como uma pedra angular que dá significado e harmonia a todos os nossos pensamentos, desejos e planos para melhorar nossa vida presente e dar propósito e transcendência ao esforço humano."
Assim, para Leão XIV, São Tomás compreendeu bem "que em Cristo-Sabedoria há, ao mesmo tempo, o que é mais próprio da nossa fé e o que é mais universal à inteligência humana, e precisamente por isso, a sabedoria, assim entendida, é o lugar natural de encontro e diálogo com todas as culturas e todas as formas de pensamento". Ele escreve em seu Comentário sobre as Sentenças que a sabedoria, seja "uma capacidade intelectual ou um dom [de Deus], refere-se sobretudo ao divino".
“Portanto, não devemos nos distanciar de Cristo, nem relativizar seu lugar único e próprio, para dialogar respeitosa e frutuosamente com outras escolas de conhecimento, antigas e recentes.”
O último desejo do Pontífice, antes de sua bênção, é que "Cristo-Sabedoria — a Verdade feita Pessoa, que atrai o mundo a Si — seja a bússola que oriente o trabalho das instituições universitárias que presideis, e que seu conhecimento amoroso seja o impulso para uma nova evangelização no ensino superior católico".
A cerimônia de abertura foi apresentada por Isabel Capeloa Gil, Presidente da IFUC, Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Irmão Ramírez Yáñez, Reitor da Univa, Cardeal José Francisco Robles Ortega, Arcebispo de Guadalajara, e Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação. O Arcebispo Paul R. Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, discursou na conferência inaugural sobre diplomacia acadêmica. Ele será acompanhado pelo Arcebispo Joseph Spiteri, Núncio Apostólico no México, Miriam Coronel Ferrer, ex-negociadora-chefe no processo de paz das Filipinas e membro do Painel Superior de Mediação da ONU, e François Mabille, Secretário-Geral da IFUC.