29 Julho 2025
"[...] O grito de dor que se ergue das fileiras do clero exige ser ouvido. Deve ser ouvido pelos próprios padres, e especialmente pelos líderes da instituição, que devem empreender um repensamento radical da vida dos sacerdotes no nosso tempo"
O artigo é de Marco Marzano, publicado por Domani, 23-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Marco Marzano é professor da Universidade de Bergamo, na Itália.
Em 5 de julho, pe. Matteo Balzano, um padre de 35 anos da diocese de Novara, tirou a própria vida. É impossível discutir as razões desse ato, já que ninguém as conhece realmente. As únicas atitudes aceitáveis nesse sentido são a compaixão humana e o respeito devido àquele que fez uma escolha tão radical.
O que eu quero tratar, em vez disso, é a ampla reação que essa tragédia provocou na comunidade eclesial. Muitos artigos foram publicados, e uma enxurrada de comentários e reflexões, especialmente de muitos sacerdotes, inundou as redes sociais.
Nessa enxurrada de palavras, discerni dois elementos subjacentes. O primeiro é plenamente positivo e é representado pelo fato da decisão do pe. Matteo de tirar a própria vida não ter sido julgada, muito menos condenada, por ninguém. Parece que se passaram cem anos, não dezoito, desde que a Piergiorgio Welby foi negado um funeral religioso. As causas da morte do jovem sacerdote não foram ocultadas, e quase todos os comentaristas dedicaram palavras afetuosas e de compreensão ao jovem suicida. Foram invocadas as lágrimas, o silêncio e a oração, ignorando efetivamente aquele artigo do Catecismo (2281) que afirma que "o suicídio contraria a inclinação natural do ser humano para conservar e perpetuar a sua vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo."
Até aqui, tudo bem. Notemos que o clero católico superou de fato a condenação moral do suicídio. A Igreja da misericórdia e do respeito se manifesta como tal não apenas na prática das homilias fúnebres (a do pe. Matteo foi celebrada com um tom emocionado e compassivo por seu bispo, Monsenhor Brambilla), mas também nos jornais e nas redes sociais. Esperemos que essa seja finalmente, para o catolicismo, a premissa para uma virada liberal e civilizada sobre o fim da vida.
O segundo elemento é mais intrincado e controverso. Comecemos por dizer que todos, absolutamente todos os comentários, assumem que o suicídio do pe. Matteo está ligado à sua profissão. Esse dado de saída tornou-se a premissa para longas reflexões sobre a dificuldade de ser padre, sobre a solidão dos sacerdotes e sobre as muitas dores da condição clerical. Nessa perspectiva, a morte do pe. Matteo quase pareceu constituir um mero pretexto para apresentar lamentações e exibir incômodos estritamente "profissionais". Como se o pe. Matteo tivesse morrido num canteiro de obras por não seguir as normas de segurança ou na trincheira defendendo o seu país. Muitos comentários ecoam um tom vitimizado e autoenaltecedor como este: "A vida para nós, padres, é muito exigente e mata. Somos verdadeiros heróis, chamados a nos sacrificar pela salvação de nossas comunidades, a nos privar de tudo: dinheiro, afetos, compreensão dos fiéis. Somos forçados a sempre parecer perfeitos e a nos doar aos outros sem receber nada em troca, aliás, tendo que enfrentar a secularização e a fuga de jovens das igrejas todos os dias. O pe. Matteo é um de nós que não aguentou, que não suportou o fardo, que explodiu, cedendo à tentação de se matar."
Seria errado e simplista responder a esses padres que talvez existam posições sociais muito mais exigentes do que as deles, que para um pai de família que ganha pouco para alimentar seus filhos, a vida é um pouco mais complicada, que os dramas do clero são bem mais contidos do que aqueles de muitos outros seres humanos, mesmo no rico Ocidente. Não, o grito de dor que se ergue das fileiras do clero exige ser ouvido. Deve ser ouvido pelos próprios padres, e especialmente pelos líderes da instituição, que devem empreender um repensamento radical da vida dos sacerdotes no nosso tempo.
O Papa Francisco havia ventilado a possibilidade de um sínodo sobre o ministério, o que nunca se concretizou. Esperemos que seu sucessor retome essa ideia.
De minha parte, considero muito justo o que a psicóloga Chiara D'Urbano escreveu no Avvenire, citando as palavras dos padres que encontra em terapia. Eles anseiam por "normalidade", "por serem vistos e amados como um todo, em todos seus aspectos positivos ou negativos". A questão é que a única maneira de se tornarem normais é descer do altar, jogar fora os paramentos, as ordenações, os mistérios e as imitações de Cristo. Renunciar ao celibato e à pretensão de valer mais do que os outros, de serem "especiais" por estarem mais perto de Deus. E, finalmente, aceitar a presença no grupo das grandes excluídas: as mulheres. A Igreja está pronta para essa virada?