25 Julho 2025
"A 'dívida' é uma responsabilidade moral e espiritual, mas também é um ponto de partida: não pecar é impossível. Somos humanos; nos representa a imperfeição. Com nossos erros, nossa baixeza, nossas fraquezas (muitas vezes sob a violência arde uma fraqueza fundamental), causamos dor aos outros, os prejudicamos", escreve Nicola Lagioia, escritor italiano, em artigo publicado por L'Osservatore Romano, 22-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Como todos os clássicos, o Pai Nosso é um texto que nunca se termina de ler. Dependendo do momento da vida, ele aparece sob uma nova luz. Nesta fase histórica (mas também no que diz respeito à vida privada), impressiona-me a referência à reciprocidade do perdão. "E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve”, lemos em Lucas 11,1-3. Na versão a que estamos mais acostumados ("perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido"), o vínculo parece mais evidente.
Não apenas o perdão é invocado, mas também é posta uma condição implícita e bastante arriscada. Perdoa-nos na medida em que perdoamos aqueles que pecaram contra nós.
A "dívida" é uma responsabilidade moral e espiritual, mas também é um ponto de partida: não pecar é impossível. Somos humanos; nos representa a imperfeição. Com nossos erros, nossa baixeza, nossas fraquezas (muitas vezes sob a violência arde uma fraqueza fundamental), causamos dor aos outros, os prejudicamos. O primeiro passo é reconhecer nossa própria falibilidade. Mas quem, hoje, é capaz de admitir que cometeu um erro? Vivemos em um mundo onde, diabolicamente, a assunção de culpa parece proibida. Admitir um erro é difícil (é preciso lutar contra o orgulho) e imediatamente leva a uma pergunta angustiante: a pessoa que prejudiquei será capaz de me perdoar?
Aqui, porém, o Outro se torna um espelho, pois, dando uma virada de 180 graus, por assim dizer, a verdadeira questão é: eu sou capaz, agora mesmo, de perdoar a pessoa que me prejudicou? Nessa passagem crucial, a oração e a ética se tornam uma e a mesma coisa, e, como em qualquer ética respeitável, não há na reciprocidade desejada um elemento meramente retributivo (perdoe-me desde que eu possa perdoar), mas transformador: no momento em que o perdão se estabelece entre nós, somos simultaneamente libertados (do pecado) e aliados até a consubstancialidade (com os outros seres humanos, com a Criação, com Deus).
É um prodigioso efeito dominó inverso: as peças voltam a ficar de pé, uma após a outra, simultaneamente. Assim, nos encontramos simultaneamente diante de um teste (nossa capacidade de perdão), uma proposta de justiça vertical (podemos realmente pedir mais do que podemos oferecer?) e um ato de confiança repleto de fascínio e mistério, aparentemente impossível: se perdoarmos, seremos perdoados, ainda que fora de qualquer nexo de causalidade. Mas o mundo, nos últimos anos, parece tragicamente surdo a essa proposta.