Francisco: Deus não nos quer apenas santos, ele nos quer “santos inteligentes”

Foto: Sebastião Roxo | JMJ Lisboa | Flickr CC

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21 Março 2024

“Num mundo dominado pelas aparências, pelos pensamentos superficiais, pela banalidade do bem e do mal, a antiga lição da prudência merece ser recuperada.” O Papa disse isto na catequese da audiência geral na Praça São Pedro, refletindo sobre a prudência e continuando a série de catequeses dedicadas às virtudes.

A reportagem é de Adriana Masotti, publicada por Vatican News, 20-09-2024.

A prudência, juntamente com a justiça, a fortaleza e a temperança, constituem as virtudes que são definidas como “cardeais”. E é a esta virtude que se dedica a catequese da audiência geral de hoje na Praça São Pedro. O Papa saúda os fiéis e peregrinos e diz que também desta vez, devido à dificuldade de voz, o padre rosminiano Pierluigi Giroli, da Secretaria de Estado, fará a leitura do texto preparado.

“A tolice é uma alegria para quem não tem juízo; quem é prudente anda reto. As decisões tomadas sem consulta falham, as sugeridas por muitos conselheiros são bem-sucedidas. (Livro de Provérbios)”

As virtudes cardeais, explica o Papa, não são “prerrogativa exclusiva” da vida cristã porque já eram herança da sabedoria dos antigos, em particular dos pensadores gregos. Nos Evangelhos, Jesus fala sobre prudência e exorta repetidamente seus seguidores a serem prudentes. “Num mundo dominado pelas aparências, pelos pensamentos superficiais, pela banalidade do bem e do mal – observa Francisco – a antiga lição de prudência merece ser recuperada”.

Ser cauteloso não significa ter medo

É importante, no entanto, esclarecer o significado da prudência, afirma o Papa, seria um erro, por exemplo, acreditar que é a característica “de uma pessoa medrosa” e sempre em dúvida sobre que medidas tomar. Nem devemos pensar na prudência apenas como uma forma de cautela. E ele continua:

Dar primazia à prudência significa que a ação do homem está nas mãos da sua inteligência e da sua liberdade. A pessoa prudente é criativa: raciocina, avalia, tenta compreender a complexidade da realidade e não se deixa dominar pelas emoções, pela preguiça, pela pressão, pelas ilusões.

Prudente é quem é capaz de escolher

Para São Tomás, a prudência é “a capacidade de governar as ações para orientá-las para o bem”, recorda Francisco, e sublinha que “prudente é aquele que é capaz de escolher” e que na vida concreta isso nem sempre é fácil, muitas vezes, de facto, “estamos incertos e não sabemos que caminho seguir”.

Quem é prudente não escolhe ao acaso: primeiro sabe o que quer, depois considera as situações, procura conselhos e, com visão ampla e liberdade interior, escolhe o caminho a seguir.

Governar com prudência significa harmonizar as diferenças

Cair no erro é sempre uma possibilidade para nós, mas com prudência podemos evitar “grandes erros”, afirma novamente o Papa, que descreve os efeitos desta virtude sobre quem tem responsabilidades e não quer fazer como quem olha superficialmente para os problemas.

A prudência, por outro lado, é a qualidade de quem é chamado a governar: sabe que administrar é difícil, que há muitos pontos de vista e que devemos tentar harmonizá-los, que devemos fazer o bem não a alguns, mas de tudo.

Prudência é saber preservar a memória do passado

O Papa observa que a prudência ensina muitas coisas: que “o melhor é inimigo do bom”, que o zelo excessivo “pode gerar conflitos e mal-entendidos”, que é preciso ser previdente e ter em conta o passado:

O prudente sabe preservar a memória do passado, não porque tenha medo do futuro, mas porque sabe que a tradição é um património de sabedoria. A vida é feita de uma sobreposição contínua de coisas velhas e novas, e não é bom pensar sempre que o mundo começa connosco, que temos que enfrentar os problemas começando do zero.

A virtude da prudência no Evangelho

Jesus, diz o Papa Francisco, mostra que aprecia a prudência, diz que “quem constrói a sua casa sobre a rocha é prudente”, elogia as virgens sábias que não ficam sem óleo para as suas lâmpadas porque “a vida cristã é uma união de simplicidade e astúcia". E ele conclui:

Preparando os seus discípulos para a missão, Jesus recomenda: “Eis que vos envio como ovelhas entre lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. Como se dissesse que Deus não quer apenas que sejamos santos, quer que sejamos “santos inteligentes”, porque sem prudência é fácil seguir o caminho errado!

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