24 Julho 2025
O artigo é de José Lorenzo, jornalista espanhol, publicado por Religión Digital, 22-07-2025.
Estou convencido de que os seminários católicos americanos estão em ótima forma, melhores do que em muitas décadas. Embora existam estatísticas sobre a formação nos seminários, minha própria conclusão se baseia em minha experiência pessoal e em conversas com muitos outros reitores e formadores de seminários durante os 14 anos em que ocupo este cargo. Eu até chamaria isso de uma 'era de ouro' da formação nos seminários. Este é o diagnóstico feito por Carter Griffin, reitor do Seminário São João Paulo II em Washington, DC, publicado pelo National Catholic Register (NCR).
Enquanto os seminários católicos em muitos países europeus enfrentam sérios problemas em relação à formação e à maturidade de seus alunos, levando o Vaticano a publicar uma nova Ratio sacerdotalis, os centros de formação para futuros padres nos Estados Unidos parecem ter superado essa fase, que este relatório situa na “turbulência pós-Vaticano II da década de 1960 e na crise dos abusos sexuais”.
"Alguns seminários ainda precisam de reforma, mas... em sua maioria, os seminários americanos estão em seu melhor momento em décadas, e possivelmente em todos os tempos", observa George Weigel, biógrafo de João Paulo II, que não poupou duras críticas ao pontificado de Francisco, neste mesmo relatório. De fato, parece que essa "era de ouro" ainda está sendo vivenciada nesses seminários, apesar do pontificado do papa argentino...
De fato, os observadores citados concordam que a mudança começou por volta do ano 2000, no auge do pontificado de Wojtyla, e onde os efeitos da Pastores dabo vobis, sua exortação apostólica pós-sinodal sobre a formação dos sacerdotes, teriam começado a ver seus primeiros frutos.
“Vinte anos atrás, os seminários estavam apenas começando”, disse Carmina Chapp, reitora da Escola de Estudos Teológicos do Seminário St. Charles Borromeo, na Filadélfia, ao NCR. “Acredito que, a partir de então, os seminários começaram a melhorar a qualidade do ensino, a formação intelectual e a atenção ao desenvolvimento humano”, disse ela.
“Em relação à reforma dos seminários, a crise dos abusos de 2002 concentrou a atenção dos bispos de forma extraordinária”, confirma Weigel. “A crise dos abusos deixou inequivocamente claro que o aumento repentino dos casos de abuso se deveu ao colapso da disciplina teológica e formativa nos seminários em meados da década de 1960”, acredita o analista.
Nesse sentido, o reitor acredita que "os seminários também mudaram a forma como formam teologicamente os futuros padres, passando de um currículo baseado nas obras de Karl Rahner para um influenciado pelos escritos de Hans Urs von Balthasar e do Papa Bento XVI".
O outro fator que pode ter influenciado essa "era de ouro" foi a grave crise de abuso sexual dentro da Igreja Católica americana, após a qual a Conferência Episcopal "deu maior ênfase à formação humana dos padres e à disciplina do celibato no Programa de Formação Sacerdotal, que estabelece diretrizes para a preparação de todos os seminaristas americanos para o sacerdócio".
Assim, de acordo com o NCR, site conservador, "a riqueza teológica parece andar de mãos dadas com o rigor moral e a solidez espiritual". "Homens que se preparam para discernir o sacerdócio em nossa era cada vez mais secular não estão interessados em um cristianismo diluído. Não conheço nenhum seminarista que deseje uma mensagem evangélica requentada que anseie pela aprovação da cultura mais ampla", observa Griffin, que coloca esse tipo de rigorismo como a chave para esta "era de ouro" do sacerdócio patrocinada por um bispado altamente crítico do pontificado anterior.