17 Julho 2025
Para Ana Toni a COP30 pode mudar a Amazônia de um local de desmatamento para um provedor de soluções para a crise climática.
A informação é publicada por ClimaInfo, 16-07-2025.
A próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) pode servir para uma “virada de chave” na forma como o mundo enxerga a Amazônia. Essa é a leitura de Ana Toni, CEO da COP, para quem a maior floresta tropical do planeta pode deixar de ser apenas um espaço de exclusão, pobreza e desmatamento para se tornar um ambiente de desenvolvimento sustentável e proteção ambiental.
“Temos que mudar o jogo. Sempre olhamos para os modelos de desenvolvimento dos outros países e tentamos adaptá-los ao nosso. Mas agora temos uma chance única de mostrar o que temos de melhor: formas próprias de cultura, de organização social, de alimentação e de viver com a floresta”, disse na abertura da Semana do Clima da Amazônia em Belém (PA), citada pelo Um Só Planeta. Para a CEO da COP30, a meta da Conferência em Belém é “mudar o paradigma da Amazônia, de um local de desmatamento para um provedor de soluções”. Nesse caminho, uma das apostas do Brasil é a estruturação do Fundo Florestas para Sempre (TFFF) liderada pelo Ministério da Fazenda para ser apresentada na capital paraense em novembro.
“Um dos grandes instrumentos que queremos apresentar é o TFFF, que permite remunerar as Populações Tradicionais e comunidades locais que mantêm a floresta em pé”, destacou Toni. “Precisamos mostrar o que é a bioeconomia de verdade e debater como escalá-la para gerar prosperidade a quem está na base dessa cadeia”.
Um desafio crítico para as cidades da região amazônica é o acesso ao saneamento básico. Um levantamento divulgado nesta semana pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados mostrou o tamanho do problema: nove das 20 cidades com os piores índices de saneamento do país ficam na Amazônia Legal.
O Ranking do Saneamento analisou indicadores de 2023 (ano mais recente com dados oficiais) do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA), do Ministério das Cidades. Enquanto as cidades paulistas de Campinas e Limeira, além de Niterói (RJ), figuram entre aquelas com os melhores índices de saneamento básico, o estado do Pará sozinho reúne três dos municípios – Santarém, Ananindeua e a sede da própria COP, Belém – com os piores desempenhos. Cenarium, InfoMoney, g1 e O Globo repercutiram a análise.
As obras de infraestrutura em Belém para a COP30 tentam atacar esse problema, mas estão deixando parte da população de fora. “Eles estão pavimentando a avenida, mas a nossa casa ainda não tem esgoto”, lamentou Ana Maria Corrêa, moradora do Canal Murutucu, à revista Americas Quarterly.
As obras no aeroporto internacional de Belém devem estar prontas dentro do prazo para receber as delegações e os participantes da COP30. No entanto, o investimento estimado em R$500 milhões não resolverá uma limitação do aeródromo: não haverá espaço para estacionar e abastecer todas as aeronaves que passarem pela capital paraense. Por isso, alguns aviões serão redirecionados para outros 26 aeroportos espalhados pelo Brasil - sendo que o mais distante será o de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), a 2,1 mil km. Como o Capital Reset bem assinalou, a medida resultará em um inevitável aumento da pegada de carbono do transporte aéreo relacionado à COP.
O governo federal anunciou nesta 4ª feira (16/7) a contratação de dois navios de cruzeiro que servirão como unidades de hospedagem para a COP30. O acordo assegura a oferta de aproximadamente 3,9 mil cabines, com capacidade para até 6 mil leitos. Os navios MSC Seaview e Costa Diadema ficarão atracados no Terminal Portuário de Outeiro, que está sendo revitalizado para a COP. Uma nova ponte permitirá que os participantes hospedados nas embarcações cheguem aos espaços oficiais da COP em cerca de 30 minutos. As acomodações serão oferecidas em etapas, priorizando as delegações oficiais de países menos desenvolvidos e pequenas nações insulares, com diárias de até US$200.
CNN Brasil, Folha, O Globo, Poder360 e UOL, entre outros, deram mais detalhes.