Cinco anos de CEAMA: um projeto vivo para dar um rosto amazônico à Igreja

Um indígena Yawanawá de Mutum, no Acre | Foto: Ricardo Stuckert

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01 Julho 2025

  • Após o Sínodo da Amazônia (2019), emergiu com força a necessidade de criar uma estrutura para as Igrejas no território.

  • A CEAMA foi designada como uma conferência eclesial, o que permitiu que sua estrutura fosse mais inclusiva. A organização reuniu leigos, mulheres, indígenas, jovens e agentes pastorais de toda a Amazônia, refletindo o espírito do território e de seus povos.

  • Laura Vicuña, vice-presidente: "Que a CEAMA seja 'mais territorial, mais plural, mais jovem e mais feminina', e que 'escute o clamor da Terra e atue com audácia profética'."

  • A Conferência também avança em temas como o diaconato feminino e o Rito Amazônico, expressões de uma Igreja em saída e inculturada, que busca ouvir e responder aos clamores do povo amazônico.

A informação é publicada por Religión Digital, 30-06-2025.

Cinco anos após sua criação, em 29 de junho de 2020, a Conferência Eclesial da Amazônia comemora uma jornada eclesial que reflete grandes avanços em sua missão.

Dom Zenildo Lima, vice-presidente da organização, enfatizou que esta data reflete uma profunda transformação e afirmou que "não estamos celebrando apenas cinco anos de CEAMA, mas uma jornada".

Esse processo foi iniciado pelo Sínodo para a Amazônia de 2019, que emergiu de um amplo processo de escuta territorial e deu origem a documentos-chave como o Documento Final do Sínodo e a Exortação Apostólica "Querida Amazônia" do Papa Francisco. Segundo Dom Zenildo, "foi ali, como ele mesmo lembra, que surgiu com força a necessidade de criar uma estrutura para as Igrejas no território".

A inclusão como pedra angular

Originalmente concebida como um órgão episcopal, a CEAMA foi renomeada para conferência eclesial, o que permitiu uma estrutura mais inclusiva. A organização reuniu leigos, mulheres, indígenas, jovens e agentes pastorais de toda a Amazônia, refletindo o espírito do território e de seus povos.

Irmã Laura Vicuña Pereira, vice-presidente da CEAMA, enfatizou que o surgimento desta conferência eclesial foi "possível graças ao impulso do Papa Francisco, mas também aos clamores que emergiram das comunidades". Para ela, cinco anos de CEAMA são um grande presente de Deus para a Amazônia, pois representam "um novo modo de ser Igreja, mais próxima do sofrimento e das esperanças do território, e comprometida com os pobres e os povos indígenas".

O papel das mulheres e da inculturação

Uma das conquistas mais visíveis nesses cinco anos é o Núcleo Ministerial da Mulher, que busca destacar o papel fundamental das mulheres amazônicas que "são líderes, defensoras do território, líderes comunitárias e guardiãs da vida", explicou Vicuña.

A Conferência também avançou em temas como o diaconato feminino e o Rito Amazônico, expressões de uma Igreja em saída e inculturada que busca ouvir e responder aos clamores dos povos amazônicos. Pereira expressou a esperança de que a CEAMA seja "mais territorial, mais plural, mais jovem e mais feminina" e que "escute o clamor da Terra e atue com audácia profética". 

Esperança encarnada na Amazônia

José Luis Andrades, delegado da Venezuela e missionário leigo da Consolata, disse que “a CEAMA é uma boa semente que o Espírito do Senhor ajudará a crescer”. Para ele, simboliza “a realização dos sonhos expressos na Querida Amazônia” e representa espaços de discernimento e participação comunitária.

Ele acrescentou que "o duplo movimento de discernimento e compromisso" do congresso "constitui um tesouro pastoral que merece ser compartilhado" e que "a experiência da CEAMA pode ser uma contribuição valiosa para toda a Igreja universal", servindo como exemplo de uma forma renovada de governo eclesial e de uma Igreja em saída.

Raízes profundas e um futuro em expansão

Mauricio López, vice-presidente e um de seus líderes históricos, afirmou que "o aniversário é a celebração de uma semeadura", enfatizando que não se trata apenas de uma estrutura, mas sim "de um tesouro histórico dos povos e de uma Igreja encarnada, intercultural e que caminha na Amazônia".

López nos convidou a refletir sobre as demandas atuais do mundo, marcado pela emergência climática e pela ruptura da fraternidade, e afirmou que "a CEAMA tem o desafio de ser uma testemunha viva, de lançar luz a partir da periferia, como o Papa Francisco imagina".

Com uma visão otimista, concluiu dizendo que “a CEAMA busca ser aquela novidade que sirva à vida dos povos amazônicos e que possa iluminar também a Igreja universal”, reafirmando que “quando a periferia se torna centro, toda a Igreja respira esperança”.

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