01 Julho 2025
"Mas talvez Steve Bannon tivesse razão, pois na época ficou pasmo pela nomeação a ponto de chamá-la de uma manobra anti-Trump dos globalistas da Cúria, 'a pior escolha para o mundo Maga'", escreve Flavia Perina, jornalista italiana, em artigo publicado por La Stampa, 27-06-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
As palavras de Leão XIV podem não perturbar o plano ao qual a Europa e a Itália se renderam – mais armas, mais rapidamente, para obter a benevolência de Trump – mas constituem uma imprevista “visão alternativa” do jogo que o Ocidente está jogando. Uma visão que terá que ser levada em conta, também porque foram justamente os grandes do Ocidente que restituíram a centralidade da mensagem moral do Vaticano, comparecendo primeiro ao funeral do Papa Bergoglio e depois à posse do Papa Prevost, e se empurrando para obter os lugares de honra naqueles eventos.
Agora, a primeira intervenção “política” do Pontífice está surpreendendo praticamente todos pelos tempos, pelas circunstâncias, pelos conteúdos. Os tempos: o dia seguinte a uma cúpula da OTAN que, a pedido dos EUA, decidiu aumentar os gastos militares, ao mesmo tempo que um Conselho Europeu sancionará o upgrade da defesa dos Vinte e Sete. As circunstâncias: o encontro com as Obras sociais que atuam no Oriente cristão, ou seja, os fiéis do Iraque, Síria, Líbano, Israel, Palestina, países martirizados por guerras aos quais teria sido fácil dirigir uma genérica mensagem de solidariedade e proximidade. Os conteúdos: nada de indeterminado, mas um preciso objetivo polêmico, o rearmamento, a palavra que está no centro do debate europeu e para o Papa é objeto de "falsas propagandas" na vã ilusão "de que a supremacia resolva os problemas em vez de alimentar ódio e vingança". Não só isso. Na leitura do Pontífice, as próprias razões dos conflitos são questionáveis, devem ser verificadas e desmascaradas "por todos nós", porque se alimentam de falsificações emocionais e de "retórica", isto é, da arte de condicionar o público com as palavras, e a estocada final é sintética e sem escapatória: as pessoas não podem morrer por causa de fake news.
Sobrou para todos. Com uma força inesperada que questiona não só o Velho Continente, mas também os EUA trumpianos, de onde vem Leão, porque, citando Ucrânia, Gaza, Oriente Médio, o Papa beira a invectiva ao falar de ações indignas e vergonhosas "para os responsáveis pelas Nações" e, a propósito da violência que se abate sobre os territórios do Oriente cristão, usa o adjetivo mais extremo do vocabulário dos crentes: diabólico, obra do demônio. Tudo está interligado, no raciocínio de Leão XIV, e todo cenário está ligado ao mesmo princípio destrutivo que é a imposição da lei do mais forte, "com base na qual se legitimam os próprios interesses".
Na época de Bergoglio, teria sido mais fácil desconsiderar frases como essas, atribuindo-as ao terceiro-mundismo de um Papa populista que cresceu na desconfiança do Ocidente e acostumado a sair do roteiro da continência diplomática sempre cultivada no Vaticano. As palavras de Prevost, objetivamente, pesam mais. São a expressão de uma linha ponderada e precisa, com poucas margens para concessões, e, especialmente na Itália, a referência explícita ao rearmamento abre uma frente crítica inesperada. O centro-direita havia feito um grande alvoroço com a eleição de um Papa que, segundo rumores, quando jovem havia se inscrito nos registros dos Republicanos estadunidenses, definitivamente não pauperista, não amigo dos Não-Globais, não dado a aberturas nas questões éticas. Mas talvez Steve Bannon tivesse razão, pois na época ficou pasmo pela nomeação a ponto de chamá-la de uma manobra anti-Trump dos globalistas da Cúria, "a pior escolha para o mundo Maga".