16 Junho 2025
Um dia após retornar ao Brasil, o ativista Thiago Ávila afirma um sentimento de “vitória parcial” depois de ser detido e deportado de Israel. Ele integrava uma flotilha humanitária internacional que tentava entregar suprimentos para a população palestina, vítima da ação militar israelense desde outubro de 2023.
A entrevista é de Daniel Lamir e Pedro Stropasolas, publicada por Brasil de Fato, 15-06-2025.
A missão, de acordo com Thiago, conseguiu pressionar os olhares da sociedade sobre a grave situação de crise humanitária causada por Tel Aviv, mas ainda custa a detenção de três dos doze ativistas que foram interceptados antes de chegar ao território palestino. “Três camaradas tiveram o seu retorno interrompido após serem sequestrados por Israel”, disse ao se referir a Mark van Rennes, da Holanda; Pascal Maurieras e Yanis Mhamdi, da França.
No coletivo, Thiago Ávila embarcou no navio Madleen no início de junho, do porto de Catânia, na Itália, e transportava toneladas de alimentos, medicamentos e outros itens essenciais destinados à população de Gaza. Na madrugada de 8 de junho, ainda em águas internacionais, o navio Madleen foi cercado por embarcações militares israelenses.
Na conversa com o BdF, Thiago Ávila falou da prisão em Givon, onde iniciou uma greve de fome e sede. Ele denunciou ter sido submetido a tratamento degradante, como isolamento em cela sem ventilação, infestações de insetos e grilhões nas mãos e pés.
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“Recusei a aceitar a comida e a água que nos ofereciam. Primeiro, porque aquilo era uma peça de propaganda: queriam mostrar ao mundo que estavam nos tratando bem, quando, na verdade, nos sequestravam. Segundo, porque há 10 mil palestinos, incluindo 400 crianças, presos em condições infinitamente piores, sem acesso ao mínimo. E, por fim, recusamos comida e água como forma de pressão política, para aumentar o senso de urgência pela libertação de todos”, relatou.
O ativista brasileiro também destacou um olhar processual para a Marcha por Gaza, ao lembrar que as ações estão sendo articuladas desde novembro de 2023. Neste mês de junho, três frentes de mobilização foram coordenadas simultaneamente, além da Flotilha da Liberdade, que seguiu por mar. Outras ações foram a Marcha Global, que chegaria ao Cairo de avião e seguiria até Gaza por terra; e o Comboio Sumud, que partia da Tunísia, atravessava a Líbia e o Egito, até se juntar à marcha na fronteira.
“Essas missões não são avaliadas apenas pelo resultado prático imediato que produzem, mas sobretudo pela mobilização social que desencadeiam. E, no caso da Marcha Global por Gaza, acredito que houve uma vitória parcial importante. Assim como no caso da Flotilha, ainda não rompemos o cerco por completo, ainda não temos um corredor humanitário, então não é uma vitória definitiva”, avaliou.
Na entrevista, Thiago Ávila ainda lamentou a escalada de ações militares por parte de Israel. “Essa é uma tática: quando perde apoio ou legitimidade, Israel ataca um vizinho para tirar do foco a derrota em Gaza. O mundo já desmascarou o sionismo. A juventude entendeu que se trata de uma ditadura cruel, racista, supremacista. E quem entendeu isso, não volta atrás”, pontuou.
Voltar para o Brasil é um alívio, mas, ao mesmo tempo, um sentimento de missão incompleta. A gente foi com o objetivo de abrir um corredor humanitário e de entregar toda a ajuda humanitária, mas a gente não conseguiu. Mas a flotilha conseguiu abrir os olhos de muita gente. Foi um processo de mobilização e de trazer cada vez mais formação política e consciência para as pessoas. Isso foi gigante.
Três camaradas tiveram o seu retorno interrompido após serem sequestrados por Israel, dois franceses e um holandês, que ainda estão nas masmorras de Israel e por isso essa tarefa ainda está incompleta. Eu gostaria de poder estar voltando ao Brasil falando dessa vitória parcial no sentido da consciência. Mas enquanto os nossos irmãos não voltaram, essa missão não pode terminar.
É sempre o cenário de violação, mas por pior que seja a violação que a gente sofre, por maior que seja o risco que a gente corre, vai ser sempre uma pequena fração do que o povo palestino realmente passa. Eu voltei falando que existem mais de 10 mil presos políticos palestinos nas masmorras de Israel, entre eles mais de 400 crianças por essa ditadura terrível, racista, supremacista, que há oito décadas pratica genocídio e limpeza étnica e que nada do que a gente tenha passado se compara ao que eles passam todo dia.
São violações sucessivas, psicológicas e físicas. Ainda fiquei dois dias na solitária até que fui levado de volta para o aeroporto e fui trazido de volta para casa. A gente passou cinco dias sem conseguir se comunicar com a nossa família. A gente não conseguia falar com os advogados só no momento em que tinha audiência de custódia, por exemplo, e uma única visita fora do horário da audiência de custódia. O que eles diziam era que o nosso tratamento deveria ser de zero contato com o mundo. E isso levou a gente para uma situação de imensa frustração, porque a gente sabia que naquele momento era importante denunciar a questão dos presos políticos palestinos.
Se eles têm um sistema de justiça dentro de uma ditadura, que é o que representa Israel, então precisam estar prontos para ouvir o que é, de fato, um Estado colonial de apartheid. Todas as vezes em que me pediram para relatar o que havia acontecido, eu deixava claro: há oito décadas, Israel promove um processo de limpeza étnica, estruturado num projeto colonial de apartheid, sustentado por uma ideologia racista e supremacista chamada sionismo. Essa ideologia precisa ser enfrentada, desafiada e derrotada.
Expliquei que o povo palestino sofre violações sistemáticas. Nos últimos 21 meses, o genocídio foi intensificado — e, por três desses meses, nenhuma garrafa de água sequer entrou em Gaza. O que agora chega à região é distribuído sob a fachada de centros humanitários, que na prática funcionam como checkpoints militares para a continuidade da limpeza étnica: locais onde palestinos são presos, mortos ou têm o alimento negado.
Esse tipo de discurso irritou ainda mais as autoridades israelenses. A cada vez que eu era colocado diante de um juiz, de um oficial de imigração ou de um coordenador do sistema carcerário, a tensão aumentava.
Também me recusei a aceitar a comida e a água que nos ofereciam. Primeiro, porque aquilo era uma peça de propaganda: queriam mostrar ao mundo que estavam nos tratando bem, quando, na verdade, nos sequestravam. Segundo, porque há 10 mil palestinos, incluindo 400 crianças, presos em condições infinitamente piores, sem acesso ao mínimo. E, por fim, recusamos comida e água como forma de pressão política, para aumentar o senso de urgência pela libertação de todos.
Os palestinos estão acostumados a esse tipo de resistência. Diante de um sistema carcerário brutal, cruel e ditatorial, o que resta é o próprio corpo como instrumento de luta. E foi exatamente isso que eu fiz.
Desde o momento em que fomos capturados, me recusei a aceitar qualquer comida ou um único gole de água oferecido por eles. Como resposta, fui colocado em uma cela solitária. Enquanto ainda estávamos todos no mesmo espaço, eles me tratavam com uma certa deferência, por eu ser reconhecido como um dos organizadores da flotilha. Me pediram para intermediar negociações. Quando alguém da nossa equipe era desrespeitado, era a mim que cabia intervir, denunciar os abusos, exigir que parassem, lembrar que tudo aquilo seria reportado às Nações Unidas, à Corte Internacional de Justiça e a outros organismos internacionais. Às vezes, isso funcionava e certas condutas eram interrompidas. Em outras, eles simplesmente ignoravam qualquer apelo.
Depois que fui levado à solitária, disseram que eu ficaria ali por sete dias, completamente isolado do mundo. A estrutura era ainda mais precária do que a da unidade prisional comum, que já era insalubre: infestada de insetos, cheia de percevejos que deixavam marcas nas pessoas. Mesmo sem consumir a água, ouvi relatos de que ela tinha gosto e cheiro ruins, com uma coloração visivelmente imprópria para o consumo.
Na solitária, a sensação era de estar numa prisão medieval. Só não uso esse termo literalmente porque essa estrutura colonial tem menos de 80 anos. Mas tudo ali é mantido precário de forma deliberada: ratos, baratas, percevejos, guardas mais violentos, algemas apertadas até interromper a circulação das mãos e dos pés. A movimentação dentro da prisão é feita sob empurrões e constantes violações.
Não houve dignidade no tratamento. Ninguém merece passar por esse tipo de abuso. Mas o mais importante é que tudo isso representa apenas uma fração do que o povo palestino enfrenta diariamente. Essa era a mensagem que queríamos passar: nossa dor não pode se sobrepor à denúncia da opressão sistemática que atinge o povo palestino.
Por isso, quando voltei ao Brasil, optei por não tornar pública minha experiência de imediato. Não queria que a manchete fosse “Integrante da flotilha sofre maus-tratos e volta com o corpo marcado”. Quem precisa ser o centro da notícia é o povo palestino, não nós, aliados.
Mas com o retorno de três integrantes do grupo — em condições delicadas — tornou-se urgente quebrar o silêncio. Eles ainda estão lá, em sofrimento, e precisamos denunciar e agir para tirá-los de lá o quanto antes.
Eu queria que você falasse especificamente sobre a Marcha Global rumo à Gaza.
Sim, fomos muito acolhidos na volta. Houve muita solidariedade em torno do nosso retorno, e isso é importante de dizer. Mas também é essencial destacar que essa solidariedade não pode parar na recepção calorosa. Ela precisa se traduzir em ação política concreta, em apoio real à luta do povo palestino.
Nesse sentido, a Marcha Global por Gaza é uma expressão muito poderosa dessa solidariedade. Tivemos três frentes de mobilização coordenadas: a Flotilha da Liberdade, que seguia por mar; a Marcha Global, que chegaria ao Cairo de avião e seguiria até Gaza por terra; e o Comboio Sumud, que partia da Tunísia, atravessava a Líbia e o Egito, até se juntar à marcha na fronteira. Foi uma ação articulada para romper o cerco à Faixa de Gaza por ar, mar e terra ao mesmo tempo.
Era uma ideia simples e profundamente humana: pessoas do mundo inteiro se mobilizando porque não aceitam assistir à morte de crianças pela fome, ao bombardeio de escolas, hospitais e abrigos. Eles tentam criar narrativas para justificar o injustificável, mas no fundo todo ser humano sabe que o que está acontecendo é errado.
Essa marcha não surgiu do nada. Desde novembro de 2023, quando a escalada do genocídio se intensificou, já vínhamos tentando ações semelhantes. Naquela ocasião, fomos ao Egito a convite do Sindicato dos Jornalistas para um comboio chamado “Consciência Global”. Já ali encontramos o primeiro obstáculo: o governo de Abdel Fattah al-Sisi não permitiu que ultrapassássemos sequer o primeiro checkpoint. Vimos milhares de caminhões carregados de alimentos e medicamentos apodrecendo no deserto, enquanto o povo palestino passava fome do outro lado da fronteira.
Com a nova marcha, a expectativa era de que a mobilização em maior escala, com mais apoio internacional, pudesse fazer a diferença. Mas, mais uma vez, a repressão foi brutal: detenções, deportações, checkpoints, vigilância. O governo egípcio tratou a marcha como ameaça, e não é à toa.
É preciso dizer com todas as letras: o Egito vive sob uma ditadura militar. Uma ditadura aliada dos Estados Unidos, financiada por eles, e alinhada estrategicamente com Israel. É um regime que se sustenta em cima da repressão aos movimentos sociais, são mais de 60 mil jornalistas e ativistas presos hoje no Egito. Esse governo teme que, se mostrar demais sua aliança com o sionismo e o imperialismo, enfrente uma nova rebelião popular. Ao mesmo tempo, cede um pouco à pressão popular e é pressionado por seus financiadores estrangeiros. Está sempre nesse dilema entre a aparência e a submissão.
É por isso que a marcha foi reprimida: porque ela expunha esse jogo de aparências. Porque o povo egípcio, assim como o jordaniano, o tunisiano e tantos outros, tem uma longa história de solidariedade com o povo palestino. É esse povo que pode, um dia, derrubar as ditaduras que fingem apoiar a Palestina, mas na prática servem aos interesses de Israel e dos Estados Unidos.
E temos exemplos históricos disso. Na crise de Suez, em 1956, Gamal Abdel Nasser resistiu à tentativa de Israel de ocupar Gaza e o Canal de Suez. Tropas brasileiras, inclusive com nomes como Carlos Lamarca, foram enviadas pela ONU para evitar essa ocupação. Há uma história de solidariedade verdadeira entre os povos árabes e o povo palestino. Infelizmente, traída por governos autoritários e cúmplices. A Marcha Global por Gaza mostrou isso: a força da solidariedade popular, e o medo que os governos têm dessa força.
E esse é o caso do Egito. A Marcha Global por Gaza foi muito corajosa nesse sentido: mesmo compreendendo a complexidade da conjuntura e a correlação de forças extremamente desfavoráveis, ainda assim decidiu ir para lá e desafiar essa situação. Estamos enfrentando dificuldades. Assim como nós, na Flotilha, enfrentamos as nossas. No caso do Egito, há ainda um desafio adicional: não se trata diretamente de Israel, mas de um país que atua a serviço de Israel. Isso causa certa confusão, mas mesmo assim é fundamental que essas ações aconteçam.
Essas missões não são avaliadas apenas pelo resultado prático imediato que produzem, mas sobretudo pela mobilização social que desencadeiam. E, no caso da Marcha Global por Gaza, acredito que houve uma vitória parcial importante. Assim como no caso da Flotilha, ainda não rompemos o cerco por completo, ainda não temos um corredor humanitário, então não é uma vitória definitiva. Mas estamos construindo o caminho para que isso aconteça. Eu não vejo a hora de que o povo egípcio se rebele, assuma o protagonismo de um processo revolucionário e mude a correlação de forças no país.
Thiago, eu quero entrar nesse novo capítulo: o ataque sem precedentes de Israel ao Irã. Já vimos uma declaração das Forças de Defesa de Israel afirmando que o foco agora se volta ao Irã, deixando em segundo plano a ofensiva e o genocídio em Gaza. Queria que você comentasse esse movimento, essa tentativa de colocar Gaza em segundo plano no contexto dos ataques de Israel à região.
Esse é um desafio geopolítico de escala global, e do ponto de vista estratégico, faz sentido para Israel. Eles têm um projeto de limpeza étnica para conquistar toda a Palestina histórica. Mais do que isso, o projeto do “Grande Israel” vai além: eles visam o território que vai do rio Nilo, no Egito, até o rio Eufrates. Isso inclui Egito, Palestina, Jordânia, Líbano, partes da Síria, Turquia, Iraque e Arábia Saudita. É um projeto perigosíssimo.
A forma de implementar esse plano começa com a dominação completa da Palestina. E toda vez que o governo Netanyahu se vê encurralado, ele escala o conflito para outro lugar. Por mais que pareça sólido, o governo de Netanyahu é frágil: se ele romper com seus dois principais aliados — Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich, ambos da extrema direita —, a coalizão cai. E num sistema parlamentarista, isso significa novas eleições e o risco de ele ser preso por corrupção ou por crimes de guerra.
Para manter sua posição e escapar do julgamento, Netanyahu sempre recorre à guerra. Não é exagero dizer que o que Israel faz com os palestinos é genocídio, não guerra. Mas para desviar a atenção da derrota que sofre na tentativa de dominar Gaza, ele tenta criar uma guerra regional ou até global.
Israel enfrenta crises múltiplas: econômica, com o fechamento de dezenas de milhares de empresas; militar, com dificuldade de recrutamento; e política, com instabilidade interna. Para esconder isso, Netanyahu escala os conflitos, como vimos com a invasão ao Líbano em 2023 e 2024, com os ataques à Síria, com as provocações ao Irã e até mesmo incentivando os EUA a atacar o Iêmen.
Essa é uma tática: quando perde apoio ou legitimidade, Israel ataca um vizinho para tirar do foco a derrota em Gaza. O mundo já desmascarou o sionismo. A juventude entendeu que se trata de uma ditadura cruel, racista, supremacista. E quem entendeu isso, não volta atrás.
Antes, Israel tentava impor sua narrativa via mídia e seus veículos sionistas. Mas com o bombardeio do primeiro hospital, dez dias após a escalada genocida, e a sequência de ataques a mais de 35 hospitais, bairros residenciais, escolas da ONU, abrigos, jornalistas, trabalhadores da saúde e da Defesa Civil, ficou impossível sustentar as mentiras. Ninguém mais acreditava.
Diante disso, passaram a tentar outra estratégia: tirar o assunto de pauta. Criar novas guerras, novos alvos, para desviar a atenção.
Só que a situação se tornou tão insustentável que agora partiram para o tudo ou nada. E isso representa um risco real de desestabilização global. Um ecocídio e a ameaça concreta de confronto entre potências nucleares. Netanyahu está colocando o mundo inteiro em risco, e isso precisa ser impedido.
Hoje, ele é o inimigo número um da humanidade. O mundo inteiro deveria se unir para deter essa ameaça. A República Islâmica do Irã e os povos da região não merecem sofrer as consequências da ação de uma força colonialista e imperialista, aliada aos Estados Unidos, que está disposta a tudo para manter seus privilégios, mesmo que isso custe a catástrofe global.
Thiago, tem algo que você queria acrescentar para a entrevista?
Acho muito importante a gente falar sobre o papel de cada pessoa nessa luta. Muitas vezes, quando as pessoas veem uma missão como a Flotilha, eu percebo um certo olhar idealizado. Ouço muito: “Ah, essas 12 pessoas são heróis, heroínas…”. Mas, sinceramente, não tem nada disso. De verdade: eu não acredito que a gente precise de heróis. O que a gente precisa é de solidariedade, de ação coletiva, de mobilização e de amor, o amor pela vida, pelos povos do mundo, pela liberdade. Para mim, isso é muito mais poderoso do que qualquer indivíduo tratado como herói.
Se existe algum herói neste mundo, são os palestinos. Eles estão resistindo ao império mais destrutivo e perigoso que a humanidade já conheceu, o imperialismo estadunidense, e à força mais cruel, racista e supremacista da nossa geração: o sionismo. E fazem isso com uma dignidade que tem aberto os olhos do mundo.
Sempre gosto de lembrar que todas as ações feitas por terra, por ar ou por mar, como a Flotilha, não são mais importantes do que aquelas realizadas nas redes, por quem produz informação livre, como vocês no Brasil de Fato. Ou por quem rompe os bloqueios das big techs e faz a informação circular, ou ainda por quem está nas ruas, nas manifestações. Nós temos, agora, a chance de construir a maior manifestação da história do Brasil em solidariedade ao povo palestino.
Precisamos articular todas essas frentes: os atos nas ruas, os boicotes, o desinvestimento, as sanções. Precisamos das pessoas corajosas que vão lá e, com as próprias mãos e pés, sem nada, de forma não violenta, param fábricas de armas. Tudo isso faz parte de um mesmo levante global. São táticas diferentes, mas todas conectadas. Ninguém é mais importante que ninguém. Está tudo em solidariedade ao povo palestino.
Essa é uma grande marcha anti-imperialista e antissionista. E eu tenho certeza de que, ao derrotarmos o sionismo e impormos uma derrota estratégica ao imperialismo, também estaremos nos fortalecendo enquanto povo brasileiro, latino-americano. Porque a gente sabe que esse é o grande inimigo estratégico da nossa geração.
Então, precisamos atender a esse chamado. Muita gente pergunta: “Mas o Brasil tem tantos problemas… Por que lutar pela Palestina?” E a resposta é simples: lutar pela Palestina é também lutar pelo Brasil. Toda luta anticolonial é uma luta contra o império que também nos coloniza.
É por isso que essa batalha precisa ser travada desde já, com toda a força e toda a energia que a gente tem.