12 Junho 2025
As autoridades egípcias detiveram dezenas de ativistas que se dirigiam ao Cairo para participar da Marcha Mundial a Gaza.
A reportagem é publicada por El Salto, 12-06-2025.
As autoridades egípcias deportaram dezenas de ativistas, alguns dos quais foram detidos nos hotéis em que estavam hospedados no Cairo, para onde haviam chegado a fim de participar da Marcha Mundial a Gaza. Cerca de quinze ativistas que chegaram em um voo procedente de Barcelona foram deportados na tarde da quarta-feira, 11 de junho, ao desembarcar na capital egípcia. Ao mesmo tempo, chegavam notícias da detenção de cerca de vinte cidadãos franceses, quarenta argelinos, além de um número ainda indeterminado de espanhóis, tunisianos, noruegueses e suíços. Alguns desses ativistas já foram deportados para seus países de origem. Às 5 da manhã do dia 12 de junho, o número de pessoas em processo de deportação subia para 170.
O pretexto utilizado pelas autoridades egípcias é que alguns dos ativistas haviam enviado cartas à embaixada egípcia na Espanha informando que pretendiam participar da marcha. As autoridades egípcias teriam respondido informando que a mobilização não estava autorizada e, portanto, segundo apurou o meio de comunicação catalão La Directa, o simples fato de viajarem ao Egito seria a causa da deportação.
Em um comunicado, a organização da Marcha Mundial a Gaza afirma que seguiu todos os protocolos exigidos e solicitou as permissões detalhadas na declaração do Egito, instando as autoridades do país a “libertar todas as pessoas detidas e permitir a entrada dos participantes na marcha, alinhando-se assim com o interesse reconhecido pelo próprio Egito de encerrar o bloqueio e restabelecer a estabilidade em sua fronteira”. Para a organização, “o apoio a esse movimento global e pacífico reforçaria a posição do Egito como ator-chave para promover o acesso humanitário”.
Reunidos no Cairo, 3 mil ativistas de cerca de 50 países de todo o mundo aguardavam o início de uma marcha global a Gaza a partir desta quinta-feira, 12 de junho. A organização do evento se define como um “movimento cívico, apolítico e independente”, determinado a chegar até Rafah, na fronteira do Egito com Israel, ponto crítico no bloqueio da ajuda humanitária ao território palestino de Gaza.
O objetivo da marcha é reunir-se na cidade portuária de al-Arish, no Sinai, e iniciar uma mobilização a pé até a fronteira com Gaza. Está previsto que, em Rafah, seja realizada uma acampada para pressionar pela liberação da entrada de caminhões com alimentos e bens de primeira necessidade para a Palestina.