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Em seu último gesto, Jesus deixa a sua bênção. Comentário de José Antonio Pagola

Foto: Christoph Schmid/Unsplash

30 Mai 2025

A reflexão é elaborada pelo teólogo espanhol José Antonio Pagola, comentando o evangelho do Domingo da Ascensão, ciclo C do Ano Litúrgico, que corresponde ao texto bíblico de Lucas 24,46-53, publicada por Religión Digital, 26-05-2025.

Eis o texto. 

De acordo com o relato sugestivo de Lucas, Jesus retorna ao seu Pai "abençoando" seus discípulos. É o seu último gesto: Jesus deixa a sua bênção. Os discípulos respondem ao gesto de Jesus marchando em direção ao templo cheios de alegria. E eles estavam lá "bendizendo" a Deus.

A bênção é uma prática enraizada em quase todas as culturas como o melhor desejo que podemos despertar para os outros . O judaísmo, o islamismo e o cristianismo sempre deram grande importância a isso. E embora em nossos dias tenha sido reduzido a um ritual que quase caiu em desuso, muitos são os que ressaltam seu profundo conteúdo e a necessidade de recuperá-lo.

Abençoar é, acima de tudo, desejar o bem às pessoas que encontramos em nosso caminho. Querer o bem incondicionalmente e sem reservas. Desejando saúde, bem-estar, alegria... tudo que possa ajudá-los a viver com dignidade. Quanto mais desejamos o bem para todos, mais possível é sua manifestação.

Abençoar é aprender a viver a partir de uma atitude básica de amor à vida e às pessoas. Quem abençoa esvazia seu coração de outras atitudes prejudiciais, como a agressão, o medo, a hostilidade ou a indiferença. Não é possível abençoar e ao mesmo tempo viver condenando, rejeitando, odiando.

Abençoar é desejar o bem a alguém do fundo do nosso ser, embora não sejamos a fonte da bênção, mas apenas suas testemunhas e portadores . Aquele que abençoa não faz nada além de evocar, desejar e pedir a presença gentil do Criador, fonte de todo bem. É por isso que só se pode abençoar numa atitude de gratidão a Deus.

A bênção faz bem a quem a recebe e a quem a pratica. Aquele que abençoa os outros abençoa a si mesmo. A bênção ressoa dentro de você como uma oração silenciosa que transforma seu coração, tornando-o mais gentil e nobre. Ninguém pode se sentir bem consigo mesmo enquanto continua amaldiçoando os outros lá no fundo. Nós, seguidores de Jesus, somos portadores e testemunhas da bênção de Jesus para o mundo.

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