31 Mai 2019
E Jesus continuou dizendo:
- “Assim está escrito: ‘O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. E vocês são testemunhas disso. Agora eu lhes enviarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, fiquem esperando na cidade, até que vocês sejam revestidos da força do alto”.
Então Jesus levou os discípulos para fora da cidade, até Betânia. Aí, ergueu as mãos e os abençoou. Enquanto os abençoava, afastou-se deles, e foi levado para o céu. Eles o adoraram, e depois voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus.
Leitura do Evangelho de Lucas 24,46-53. (Correspondente à Festa da Ascensão, ciclo C do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
O tempo Pascal está chegando a seu fim. Durante os domingos do Tempo de Páscoa se leram diferentes relatos das aparições do Ressuscitado que estão nos evangelhos. Para os cristãos do primeiro século não era fácil acreditar na Ressurreição. Eles sabiam que Jesus havia sido condenado, crucificado e logo sepultado. Como era possível que estivesse vivo? Mas, a vida do Ressuscitado, só é possível percebê-la pela fé, por isso nas narrativas bíblicas há várias situações que mostram as dúvidas, perguntas e resistências em relação a acreditar em Jesus, mas elas também apresentam o Encontro com Ele que está vivo e presente no meio deles.
Através de suas narrativas, os evangelistas buscam fortalecer a fé dos cristãos do primeiro século. São problemas que hoje se apresentam também para cada um e cada uma de nós e somente encontrando-nos pessoalmente com Jesus Ressuscitado podemos acreditar verdadeiramente que Ele está Vivo! Até hoje a Ressurreição acontece. Por meio dela experimentamos a presença libertadora de Jesus pessoal e comunitariamente. Ilumina a cruz e transforma a obscuridade em vida.
Neste domingo celebramos a festa da Ascensão mediante a leitura do texto do evangelho de Lucas. Nele narra-se o acontecimento do ocultamento da ascensão, da desaparição visível de Cristo no céu, quarenta dias depois da Ressurreição. Lembremos que até o século V depois de Cristo a Igreja, apesar do texto lucano, celebrou como festa única a Páscoa e a Ascensão. Sem dúvida, Lucas busca explicitar aos seus destinatários o mistério de Jesus e a missão da nova comunidade.
Assim está escrito: ‘O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. E vocês são testemunhas disso (24,46).
Na predicação de Jesus e no relato da sua paixão apresentou-se Jesus como o Servo que ia sofrer, conforme descreve o profeta Isaías (Is 53,12): o justo que sofre, narrado pelos salmos. Ele também era o profeta perseguido e assassinado que o próprio Lucas descreve no seu evangelho.
Lucas acrescenta que os discípulos são testemunhas de tudo isto! Mas não é um testemunho que desaparecerá com a morte de cada um e cada uma, senão pelo contrário, são enviados para comunicar ao mundo esta nova realidade. As pessoas que receberam suas palavras e que foram testemunhas de seu agir são constituídos servidores da Palavra, como disse o livro de Atos no primeiro capítulo (1,2).
Jesus pede aos discípulos assumirem a responsabilidade que ser testemunhas leva consigo e continuarem sua obra salvadora no mundo. Esta missão inclui também a todos e todas que receberam a Boa Notícia através dos enviados. Jesus faz extensiva sua missão até hoje e cada comunidade de discípulos é continuadora de sua Obra. Enviados para ir por todo o mundo e anunciar a vida no meio das situações de injustiça.
Agora eu lhes enviarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, fiquem esperando na cidade, até que vocês sejam revestidos da força do alto.
Para ser testemunhas dele, Jesus enviara a “promessa do Pai”, a força do Espírito Santo. Ele estará ao nosso lado e nos ajudará a fazer presente a Jesus, aquele que vive no meio de uma realidade de egoísmo, de privilégios, da arrogância dos que têm o poder político e religioso. Os que ignoram o trabalho de seus predecessores e das organizações que lutam pela defesa da pessoa e de suas necessidades. Que são indiferentes à fome, às necessidades básicas das pessoas. Os discípulos devem rezar, pedir e atuar guiados pelo Espírito.
Jesus não chama os cristãos a ficarem imóveis, olhando para o céu todo o dia e lamentando sua ausência. Ele está presente de outra forma. Um verdadeiro cristão deve ter um compromisso real com sua realidade social, com as pessoas que moram ao seu lado.
Enquanto os abençoava, afastou-se deles, e foi levado para o céu. Eles o adoraram, e depois voltaram para Jerusalém, com grande alegria.
O texto de hoje revela ainda uma característica muito importante da comunidade primitiva: a alegria. No meio da fragilidade, perigos e incertezas que viviam como pequeno grupo nascente, estão alegres. A alegria é fruto da presença do Ressuscitado no meio deles, que os encoraja a não ficarem parados, fechados no cenáculo, mas a comunicarem essa alegria a todos/as como Jesus o fez.
Por isso a Igreja é, desde sua origem, missionária. A missionariedade é parte da natureza da Igreja, não uma atividade a mais. Compreender e realizar essa missão nos dias de hoje é o grande desafio de toda a Igreja.
Como disse recentemente Francisco: Os pobres são, em primeiro lugar, pessoas e em seus rostos se esconde o próprio Cristo. São sua carne, sinais de seu corpo crucificado, e temos o dever de chegar até eles nas periferias mais extremas e nos subterrâneos da história, com a delicadeza e a ternura da Mãe Igreja”. Texto completo: O Papa à Caritas Internationalis: é escandaloso transformar a caridade em business
Tua última alegria
foi permanecer indo.
Tua subida aos céus
foi lucro, não perda:
foi descer à entranha, não evadir-te.
Ao perder-te nas nuvens
tu vais sem afastar-te,
ascendes e ficas,
sobes para levar-nos,
apontas um caminho,
abres um sulco.
Tua ascensão aos céus
é a última prova
de que estamos salvos,
de que estás em nós
por sempre e para sempre.
Desde esse dia a terra
não é um sepulcro oco,
senão um forno aceso:
não uma casa vazia,
senão um círculo de mãos:
não uma longa nostalgia,
senão um amor crescente.
Tu ficas no pão,
nos irmãos,
no júbilo, no riso,
em todo coração que ama e espera,
nestas nossas vidas
que cada dia ascendem a teu lado.
(José Luis Martín Descalzo, Via lucis)
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