O legado ambiental de Sebastião Salgado, o “fotógrafo do povo e da terra”

Sebastião Salgado | Foto: Steve Jurvetson/Flickr

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

26 Mai 2025

Além da mobilização resultante da visceralidade estética de seu olhar, o artista criou um instituto que plantou mais de 3 milhões de árvores na bacia do rio Doce.

A informação é publicada por ClimaInfo, 25-05-2025.

Por mais de 50 anos, o olhar do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado esteve voltado para a natureza, as gentes, as mazelas e os encantamentos de territórios diversos ao redor do mundo. Essa dedicação, transformada em uma grafia imagética única, notadamente em preto e branco, tinha como artefato as perspectivas de um homem que, nascido na pequena cidade de Aimorés, no interior de Minas Gerais, escolheu sensibilizar com a captura visceral das luzes e sombras dos temas que escolhia – principalmente o meio ambiente, as migrações e as condições laborais em terras distintas.

Salgado faleceu na última 6ª feira (23/5) deixando um legado de imagens impactantes e mobilizadoras. Para além de seu ofício, por conta do envolvimento intenso com as localidades, pessoas e demais seres que estiveram diante de seus olhos, ele fez questão de colocar-se também como um defensor de territórios e populações marginalizadas.

Como lembrou O Globo, Salgado foi o primeiro e único fotógrafo autorizado a registrar a vida nas aldeias Korubo de contato recente na região do Vale do Javari (AM), mostrando-se incrédulo com o drama vivido pela etnia diante do completo descaso do governo Bolsonaro na contaminação massiva dos indígenas por COVID-19, em 2022.

“A Funai acabou. Ela foi responsável por aquela contaminação. Se houve mortes, é preciso imputar à política da Funai de então. Eles sabiam que se tratava de um grupo de contato extremamente recente”, protestou publicamente o fotógrafo à época.

Seu empenho, porém, foi além da captação de imagens que denunciavam as atrocidades de regiões em conflito em países que Ruanda e Zâmbia, ou das profundas reflexões estéticas propostas por suas revelações acerca das populações indígenas brasileiras – ou da fauna de que se aproximada, sempre, com respeito, em busca do que chamava da “dignidade de cada espécie”.

Com sua esposa, Lélia Wanick Salgado, o fotógrafo criou o Instituto Terra e iniciou em 1998 um grande projeto de reflorestamento em uma fazenda em sua cidade natal, recuperando mais de 2,1 mil hectares e atraindo dezenas de espécies animais que haviam desaparecido. A ideia partiu de Lélia, já que a propriedade no Vale do rio Doce, herdada por Salgado, estava em estado de desolação antes da intervenção do casal.

Como destacou o Estadão, foram mais de 3 milhões de árvores plantadas na área de Mata Atlântica. “Em mais de 27 anos, nos tornamos uma ONG de referência mundial em restauração ecossistêmica, educação ambiental e desenvolvimento rural sustentável”, afirma o instituto. “Estamos promovendo a recuperação ambiental, melhorando a qualidade de vida das comunidades e impulsionando a transformação social na bacia do Rio Doce”.

Um legado que, apesar da partida dos olhos de Sebastião Salgado, seguirá sendo cultivado.

BBC Brasil, National Geographic, O Globo, ((o)) eco, g1, Brasil de Fato, Correio Braziliense, entre outros, noticiaram a partida e o legado ambiental do fotógrafo Sebastião Salgado.

Leia mais