16 Abril 2025
A reportagem é publicada por Vatican News, e reproduzida por Religión Digital, 15-04-2025.
Uma formação "completa" e "adequada" para desempenhar missões diplomáticas em diversas nações, para enfrentar os desafios de um mundo em constante mudança, especialmente no campo tecnológico, para não perder, à frente do serviço nas Nunciaturas, o ministério sacerdotal capaz de proximidade, escuta, testemunho e diálogo.
Com um Quirógrafo intitulado O Ministério Petrino, assinado em 25 de março, mas publicado, 15 de abril, o Papa Francisco atualiza o itinerário formativo dos alunos da Pontifícia Academia Eclesiástica, a forja diplomática da Santa Sé – também conhecida como "escola dos Núncios" – que em mais de 300 anos "formou gerações de sacerdotes que colocaram sua vocação a serviço do ministério petrino, servindo nas Representações Pontifícias e na Secretaria de Estado".
A reforma do Papa é pensada especificamente para os alunos da Academia, mais até do que para a própria instituição, e por meio de pequenas mudanças e ajustes busca potencializar o exercício do "dom do sacerdócio" para aqueles chamados ao "serviço constante de aproximar o Papa das pessoas e das Igrejas". O objetivo, enfatiza um comunicado de imprensa da Santa Sé, "é fornecer aos estudantes — jovens sacerdotes de dioceses de todo o mundo — uma formação completa e adequada para a missão que a Santa Sé lhes confiará".
"O percurso formativo delineado para os futuros Representantes Pontifícios combina competências teóricas com um método de trabalho e um estilo de vida capazes de garantir uma compreensão profunda da dinâmica complexa das relações internacionais", explica o comunicado da Santa Sé. E destaca, entre as principais inovações do Quirógrafo, a constituição da Academia como Instituto ad instar Facultatis para o estudo das Ciências Diplomáticas. Em outras palavras, a Pontifícia Academia Eclesiástica “se configura como um instituto de formação acadêmica avançada no campo das ciências diplomáticas”, segundo o comunicado da Santa Sé. "Esta decisão faz parte de uma visão mais ampla de atualização e qualificação dos estudos eclesiásticos de acordo com os padrões internacionais de ensino superior."
Com esta reforma, a Academia irá “conferir os graus acadêmicos de Segundo e Terceiro Ciclo em Ciências Diplomáticas”. Também oferecerá um currículo de treinamento que integra habilidades jurídicas, históricas, políticas, econômicas e linguísticas.
Mais especificamente, explica o documento papal, serão feitos esforços para garantir que "os programas de ensino tenham uma conexão estreita com as disciplinas eclesiásticas, com o método de trabalho da Cúria Romana, com as necessidades das Igrejas locais e, mais amplamente, com o trabalho de evangelização, a ação da Igreja e sua relação com a cultura e a sociedade humana". Segundo o Papa Francisco, estes são, de fato, elementos igualmente “constitutivos da ação diplomática da Sé Apostólica e de sua capacidade de agir, mediar, superar barreiras e assim desenvolver caminhos concretos de diálogo e negociação para garantir a paz, a liberdade religiosa para todos os fiéis e a ordem entre as nações”.
Já em fevereiro de 2020, Francisco interveio no processo de formação da Academia Eclesiástica, estabelecendo, por meio de uma carta, que os alunos deveriam incluir em seu currículo “um ano dedicado inteiramente ao serviço missionário” nas Igrejas da Ásia, África e América Latina. Uma espécie de “prática” para ampliar o conhecimento das diferentes realidades eclesiais do mundo e desencorajar qualquer carreirismo. Na mesma linha, com o Quirógrafo, Jorge Mario Bergoglio, inicia-se efetivamente uma nova temporada para aqueles que, como lemos, são "o olhar atento e lúcido do Sucessor de Pedro sobre a Igreja e o mundo", mesmo nos momentos em que parece que "as sombras do mal marcaram cada ação com confusão e desconfiança".
Os diplomatas papais “exercem uma ação pastoral que demonstra seu espírito sacerdotal, seus dons humanos e suas capacidades profissionais”, enfatizou o Papa. Paralelamente a essa ação, há a "representação perante autoridades públicas", que "exige respeito às normas do direito internacional que sustentam a vida da Comunidade dos Povos". E "a nossa época mostra como este serviço já não se limita aos países onde o anúncio da salvação reforçou a presença da Igreja", mas realiza-se também "nos territórios onde a Igreja é uma comunidade nascente" ou "nos fóruns internacionais" onde a Sé de Pedro "permanece atenta aos debates, avalia o seu conteúdo" e "oferece uma leitura dos grandes temas que afetam o presente e o futuro da família humana".
Não se trata, portanto, simplesmente de oferecer “uma formação acadêmica e científica de qualidade”, mas de “cuidar para que sua ação seja eclesial, chamada ao necessário confronto com a realidade do nosso mundo, especialmente em um tempo, como o nosso, caracterizado por mudanças rápidas, constantes e evidentes no campo da ciência e da tecnologia”.
Portanto, o “conhecimento teórico” não é mais suficiente; em vez disso, são necessários "um método de trabalho e um estilo de vida" que nos permitam compreender plenamente a dinâmica das relações internacionais e "fazer-nos valorizar na interpretação das conquistas e dificuldades que uma Igreja cada vez mais sinodal deve enfrentar".