17 Janeiro 2025
A reportagem é de Guglielmo Gallone, publicada por Vatican News, 13-01-2025.
Freira, missionária e mártir, mas sobretudo mulher comprometida contra o desmatamento e pelos direitos dos povos indígenas do Brasil, Irmã Dorothy Stang foi um "exemplo de como colocar em prática a encíclica Laudato si' e, por isso, era uma pessoa incômoda. Há vinte anos, foi morta a tiro por uma série de criminosos.
Assim começou, em declarações aos meios de comunicação do Vaticano, Laurie Jonhston, professora de teologia na Emmanuel College, de Boston, que na sexta-feira, 10 de janeiro, participou da vigília, presidida pelo padre Fabio Fabene, secretário do Dicastério para o Causas dos Santos, em memória de Irmã Dorothy no santuário dos Novos Mártires de São Bartolomeu na Ilha, organizado pela Comunidade de Santo Egídio.
Durante o evento foram apresentadas duas preciosas lembranças de Irmã Dorothy Stang, freira da congregação de Nossa Senhora de Namur, nascida em Dayton, Ohio, em 1931 e assassinada em 2005 em Anapu, Pará, no Brasil: um punhado de terra de local do assassinato e uma camisa usada pela freira americana, cuja figura foi lembrada no recente Sínodo para a Amazônia.
Terra e época, elementos que simbolizam dedicação e sacrifício, de quem suja as mãos e ainda está apegado ao cotidiano, necessários a uma pessoa que, como recordou o professor Johnston, “para espalhar a sua mensagem começou do básico”. Ele ensinou aos nativos o respeito e a importância da selva, que não devemos atacá-la ou pisoteá-la, mas sim protegê-la e amá-la porque é patrimônio de todos, principalmente daqueles que nela vivem”.
“Irmã Dorothy organizou cursos e encontros para formar mulheres rurais, fez com que estudassem direitos sociais, políticas públicas de saúde, maternidade e sexualidade. Sem nunca esquecer a importância da Bíblia, ela se propôs a descobrir e aprofundar o papel da mulher no mundo. instrumentos necessários para alcançar a libertação de um povo"
Conscientizar, abrir espaços e lutar por justiça. “Talvez por causa de sua dedicação a certos compromissos, a irmã Dorothy tenha se tornado uma pessoa desconfortável que teve de ser deixada de lado”, disse Johnston. O homicídio ocorreu em 12 de fevereiro de 2005.
"Como sempre, Irmã Dorothy estava indo visitar algumas famílias indígenas na selva. Ele já havia recebido ameaças de morte, mas até então sempre respondia: 'Não fugirei, nem abandonarei a luta desses camponeses, que vivem desprotegidos, no meio da selva'. Com um sorriso, a Irmã Dorothy acrescentou que ‘ninguém mata uma mulher idosa com mais de 70 anos’”.
Porém, naquela manhã, a gangue de jovens armados chegou a rejeitar o dinheiro oferecido em troca de suas vidas. O confronto com a população local atingiu níveis insuportáveis e as habilidades da Irmã Dorothy geraram resultados tão esmagadores quanto irritantes. Assim, seis tiros disparados pelos inimigos da natureza, da população local, da criação, acabaram com a sua vida.
Recordá-lo vinte anos depois é, portanto, ainda mais importante porque, observou ele, “especialmente no ano jubilar, precisamos reafirmar a centralidade da missão cristã na sociedade contemporânea, que não se limita apenas ao aspecto religioso”.
A mensagem desta religiosa, portanto, “está em perfeita harmonia com o pontificado do Papa Francisco que, em julho de 2023, instituiu a Comissão dos Novos Mártires, testemunhas da fé e em 2015 dedicou a segunda encíclica do seu pontificado à criação. A figura da Irmã Dorothy recorda como “a missão cristã vai além da espiritualidade pessoal. “Inclui um compromisso com os esquecidos, com as vítimas da degradação ambiental e das desigualdades sociais”.
De Ohio, onde nasceu a Irmã Dorothy, à Basílica de São Bartolomeu da Ilha, um lugar de memória dos mártires modernos, concluiu Johnston, “testemunhos de terrível violência e fraquezas humanas estão entrelaçados com histórias de esperança, mostrando que é possível criar comunidades capazes de viver em harmonia com o meio ambiente e com os ensinamentos de Deus.