Militares convidados para golpe e que não denunciaram também precisam ser punidos, diz analista

Marco Freire Gomes e Carlos Baptista Junior | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

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28 Novembro 2024

A lista do inquérito final da tentativa de golpe aponta para a participação de muitos militares no plano para manter o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder em 2022, mesmo após derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O inquérito de mais de 800 páginas, fechado pela Polícia Federal e enviado primeiro ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), agora está sob análise da Procuradora-Geral da República, que vai decidir se denuncia os 37 indiciados.

A reportagem é de Kaique Santos e Luana Ibelli, publicada por Brasil de Fato, 27-11-2024.

Caso sejam denunciados, eles podem ser julgados e ter sentença de prisão. Apesar de muitos militares envolvidos na trama golpista, alguns membros das Forças Armadas não concordaram em adotar ou apoiar atos antidemocráticos, conforme também apontou o relatório da PF. Ainda assim, eles erraram em não ter denunciado, já que tiveram conhecimento do plano contra o Estado Democrático de Direito, e precisam ser punidos.

É o que afirma o cientista político Paulo Roberto de Souza, professor da pós-graduação em Mídia, Política e Sociedade da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). O especialista conversou com o jornal Central do Brasil sobre as revelações do relatório após Moraes retirar o sigilo.

"Eu acho que [a recusa de altos comandantes do Exército ao golpe] dificultou, sim [que o plano fosse levado adiante]. Obviamente tem outros elementos, além dessa negativa de partes das Forças Armadas. Notadamente, alguns porque perceberam que era uma cilada. Tivemos acenos internacionais, é sabido por todos que emissários dos Estados Unidos, por exemplo, chegaram a conversar com o general Mourão, ex-vice-presidente da República, atual senador, de que, por exemplo, o governo americano não apoiaria um possível governo como consequência de um golpe", explica.

"Mas tem um fator importante que a gente não pode deixar de levar em consideração de que se essas lideranças das Forças Armadas souberam. Não só souberam, como foram convidados para essa tentativa de golpe e eles não agiram para denunciar e vir a prender as pessoas que gostariam de atentar contra a nossa democracia. Eles também prevaricaram. Então, em algum nível, também eles precisam ser responsabilizados, mesmo que de forma não tão severa como aqueles que efetivamente colocaram o processo de tentativa de golpe em operação", continua o cientista político.

Paulo ainda diz que é quase impossível os indiciados não serem denunciados e responsabilizados. "Agora com esse novo relatório parece que fica inevitável a necessidade de que os principais líderes dessa tentativa de golpe, dentre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, sejam devidamente julgados, com amplo à direita defesa. Mas, com as provas que se apresentam, que venham a ser necessariamente condenados. E no caso do Bolsonaro, o ponto de partida óbvio é que ele continue inelegível e talvez tenha seus direitos políticos cassados por mais tempo do que tem até o momento", explica.

A entrevista completa está disponível na edição desta quarta-feira (27) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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