30 Setembro 2024
O Papa Francisco chegou à Universidade Católica de Leuven (Katholische Universität Leuven, a universidade flamenga) por volta das 16h35 de sexta-feira, onde assinou o Livro de Ouro. O pontífice foi recebido pelo reitor Luc Sels, pelo ministro-presidente, Jan Jambon, e pelo arcebispo Luc Terlinden. Depois de um discurso do reitor, que criticou as violências sexuais na Igreja e a forma como a Igreja trata as mulheres e os membros da comunidade LGBTQ+, o Papa Francisco convidou aos acadêmicos a “ampliarem as fronteiras do conhecimento”. Ele também falou a um grupo de jovens refugiados, antes de atravessar uma parte da cidade histórica para encontrar as pessoas que vieram cumprimentá-lo.
A reportagem é de Anne François, publicada por Vrt, 27-09-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Recebido na KU Leuven também pelos cantos do coral da universidade, o Papa Francisco participou de uma sessão acadêmica sobre refugiados e migração na tarde de sexta-feira. Cerca de 250 pessoas participaram da sessão, durante a qual o Papa se encontrou brevemente com alguns refugiados assistidos pela Universidade de Leuven. O Santo Padre agradeceu à KU Leuven por essa acolhida. “Em um momento em que alguns estão pedindo para reforçar os fechamentos das fronteiras, vocês, como comunidade universitária, as ampliaram. Vocês abriram os braços para acolher essas pessoas que sofrem, para ajudá-las a estudar e crescer.”
Em seu discurso, o Papa Francisco também convidou os acadêmicos a “ampliarem as fronteiras do conhecimento”. “Mantenham a chama acesa, ampliem as fronteiras. Sejam sinceros buscadores da verdade e nunca extingam sua paixão, para que não caiam na letargia do pensamento”, declarou o Papa. “Sejam protagonistas na criação de uma cultura de inclusão, de compaixão, de atenção aos mais fracos e aos grandes desafios do mundo em que vivemos.” No entanto, o Papa não mencionou os direitos das mulheres e dos membros da comunidade LGBTQIA+, que o reitor de Leuven, Luc Sels, havia mencionado anteriormente.
“O choque causado pelas violências sexuais e a forma como foram discutidas e julgadas no passado enfraquece a autoridade moral com a qual a Igreja pode se expressar em nosso mundo ocidental”, disse Luc Sels em seu discurso ao Papa. “Para recuperar parte dessa confiança, é necessário um diálogo honesto, comprometido e caloroso com as vítimas, um diálogo no qual os erros sejam abertamente reconhecidos. Fiquei muito satisfeito com sua resposta ao convite de nosso rei e de nosso primeiro-ministro”, acrescentou o reitor dirigindo-se ao pontífice.
O reitor também criticou o tratamento reservado pela Igreja aos direitos das mulheres e das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer e intersexo (LGBTQ+). “Por que toleramos essa grande diferença entre homens e mulheres, em uma Igreja que, na verdade, é tão frequentemente sustentada pelas mulheres?”, perguntou Luc Sels. “Será que a Igreja não ganharia em autoridade moral nos nossos países se não tratasse a questão da diversidade de gênero com tanta rigidez e se, como faz a Universidade, mostrasse maior abertura em relação à comunidade LGBTQ+?”
Após a sessão acadêmica, o Papa foi em um pequeno carro para a prefeitura de Leuven e a Grand Place, onde cerca de 6.000 pessoas o aguardavam, de acordo com a polícia. E onde abençoou algumas crianças.
Depois de deixar Leuven (Brabante Flamengo), por volta das 19h, o Papa Francisco se encontrou em audiência privada com quinze pessoas belgas vítimas de abusos sexuais na Igreja. Cada vítima teve de 3 a 4 minutos para falar com o Papa. No total, cerca de uma hora. Várias vítimas disseram à VRT que esperavam ouvir o Papa pedir desculpa em nome da Igreja. Elas também esperavam que o chefe da Igreja pedisse aos bispos belgas que criassem um fundo de reparação para as vítimas.
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Na KU Leuven, o Papa discursa para os acadêmicos e se encontra com os refugiados, antes da recepção da multidão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU