09 Agosto 2024
"O Reino de Deus é o centro de toda vida e de toda pregação de Jesus – que alimenta a todos que nele creem. O Evangelista Lucas 17,20-21 afirma que o Reino já está no meio de vós", escreve Orlando Polidoro Junior, pastoralista, teólogo e mestrando em Teologia pela PUCPR.
Durante toda nossa experiência religiosa vivemos constantemente ouvindo que Jesus Cristo é o Pão da Vida, como também semanalmente comungamos Seu corpo na Eucaristia – representando esse Pão – a Ele nos elevamos e a Ele nos entregamos para recebermos “sua proteção” divina em nossas vidas.
Vamos discernir sobre este tema com as referências dos Evangelhos de Mateus 14,13-21; Marcos 6,32-44 e Lucas 9,10-17, que nos mostram o milagre da multiplicação dos pães; com o Evangelho de João 6,35 que nos apresenta O Pão da Vida; e a primeira carta aos Coríntios 11,24-25 que nos pede para celebrarmos com o Pão e o Vinho em sua memória. São momentos bíblicos distintos em seus escritos e épocas, mas se pensarmos sistematicamente o que o Pão da Vida representa – isso deve se tornar a “chave hermenêutica” para nós cristãos.
No milagre da multiplicação dos pães, Jesus nos ilumina, deixa claro, abre nossos olhos para compreendermos que a partir dele podemos e devemos compartilhar o amor ao próximo – podemos e devemos ser Sua imagem e muito semelhante a Ele na partilha, no acolhimento, na escuta, no entendimento, no perdão e na paz espiritual [Koynonia].
Como cocriadores, continuamos a escrever o ato dos apóstolos – continuamos a propagar a construção do Reino de Deus.
Para entendimento, os Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas expõem o que o Homem de Nazaré fez, enquanto o Evangelista João manifesta quem é Jesus, por isso, O Pão da Vida – O Pão das narrativas históricas, apontado nas Escrituras como o Pão vivo, que certamente continua entre nós, não somente nas Celebrações Eucarísticas, mas, sim, continua em nossos corações, nossas almas espirituais, em nossos pensamentos e em nossas ações do dia a dia, até o nosso momento escatológico: nossa gloriosa páscoa aos braços Pai.
Na Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo revela que Jesus tomou o pão, deu graças “partiu-o e disse: Isto é o meu corpo que é para vós; fazei isto em memória de mim”. Mas que tipo de memória, de seu tempo como humano? Jesus partiu o pão, e o fundamental aqui é a partilha, a comunhão – sem nenhuma restrição – nenhuma das que a “religião foi impondo” ao longo da história.
Agora vamos a uma pequena análise retórica destas citações bíblicas, tendo como referência máxima a passagem de João 6,35: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede.” Será que essa fome e essa sede que Jesus está se referindo é fisiológica? Certamente não! É totalmente espiritual.
No tempo de Jesus, o pão e o vinho tinham significados bem representativos para o povo judeu. Para nós o vinho simboliza o sangue derramado na cruz, e o pão o alimento da vida – consagrados para a construção do Reino de Deus. O Reino de Deus é o centro de toda vida e de toda pregação de Jesus – que alimenta a todos que nele creem. Lucas 17,20-21 afirma que o Reino já está no meio de vós.
Então já estamos vivendo no Reino de Deus com o Pão da Vida que nos alimenta e nos salva das maldades deste mundo. A salvação que Jesus nos propõe começa aqui, agora, nos libertando das injustiças sociais, dos vícios, das invejas, das inúmeras ganâncias, das maldades de nossos irmãos e de todas as outras que podem tirar a nossa paz, prometida por Jesus em João 14,27.
No início do artigo, citamos o termo “proteção”, e é exatamente isto que O Alimento exerce em nossas vidas, nos dando forças para caminharmos; fé para perseverarmos; esperança para exercermos nosso “melhor desempenho” como cristão [Caridade 1Cor 13,4-7 = amor pleno ao próximo], sempre enaltecido pela infinita Misericórdia da Santíssima Trindade, consagrada do Princípio ao Céu.
Sob a luz do Espírito Santo vamos sentar à mesa da partilha e cear com Deus-Trino, mas não de modo comum. Por Cristo, com Cristo, e em Cristo.
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O que representa o Pão da Vida para o cristão? Artigo de Orlando Polidoro Junior - Instituto Humanitas Unisinos - IHU