05 Agosto 2024
"Aquela esponja verde-amarela teria uma serventia simbólica nacional", escreve Edelberto Behs, jornalista.
Com as eleições se aproximando, uma boa estratégia de marketing do PL seria a imagem da esponja. Não só a imagem, mas o partido poderia comprar toneladas de esponjas e distribui-las na campanha.
Esponjas? Ora, Jânio Quadros não tinha a vassourinha? Esponjas, sim, aquelas bicolores que se encontram nas gôndolas dos mercados, ofertadas em verde e amarelo? Afinal, o verde e o amarelo foram apropriados pelo bolsonarismo, que tomou a bandeira brasileira, indevidamente, como símbolo, já que não tinha outro a ofertar à nação.
Aquela esponja verde-amarela teria uma serventia simbólica nacional. Lembram dos mimimi que o capitão macho fazia nos tempos de covid? Foi feio, não é? Passa a esponja nisso!
Não dá para esquecer, a não ser passando a esponja, aquele episódio da carteira de vacinação necessária para que o capitão pudesse visitar o seu país ícone exemplar. Ele chegou a bater continência para a bandeira ianque.
E aquela compra de vacinas que não saiu porque um funcionário do Ministério da Saúde abriu o bico? Bah, para um governo que se dizia sem corrupção, pegou mal, não é? Passa a esponja.
Tem também aquela história da troca de Bíblias por favores do Ministério da Educação, envolvendo ministro e pastores. Que coisa, não é, um governo que colocava Deus acima de todos fazer negociatas com Bíblias. Mas não tem problema: passa a esponja.
Lustro maior merecem as pedras preciosas do colar de ouro branco, do Rolex, das abotoaduras e caneta que a presidência ganhou de um dos xeiques do Oriente e que o capitão vendeu nos States e depois tentou recomprar. A esponja lustra essas pedras muito bem.
Agora, por fim, ainda aparece essa história da Abin paralela e as espionagens cometidas a adversários políticos. Será preciso um esfregão. A esponja só não dará conta de passar essa sacanagem para debaixo do tapete da história.
De tanto esfregão e esponjas quem ainda se lembra das rachadinhas!
Teve um presidente nosso que disse “esqueçam o que eu disse”. O capitão, agora promovido a cabo eleitoral, certamente vai querer que esqueçamos o que ele fez e deixou de fazer. Mesmo com esponjas e esfregões, não esqueceremos!
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Passa a esponja que o Brasil esquece. Crônica de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU