01 Março 2024
"O troglodita que defendeu os métodos de trabalho do coronel Brilhante Ustra agora está miando como um gatinho manso, pedindo anistia... para si. Em qual momento de sua vida pública ele se mostrou tão solidário e pacificador?"
O artigo é de Edelberto Behs.
Ah, como cansa, custa e extrapola a paciência de qualquer ser minimamente racional entender a balada bolsonarista e do gado que o segue. Primeiro, os grandões gravam aquela reunião de julho de 2022, quando falaram em virada de mesa antes das eleições, talvez para deixar registrado, se o golpe desse certo, do quanto o prepararam. Depois negam tudo. Não contavam, porém, que essa informação fosse vazar, e pelo celular de um lambe-botas do ex-presidente.
Agora, na manifestação do domingo, 25, em São Paulo, Bolsonaro vem dizer que jamais passou pela sua cabeça um golpe, provando-o que não teve tanque nem armas na rua em nenhum momento. Mas tinha tanque “guarnecendo” os patriodiotas acampados em frente ao Exército em Brasília. Daí vem a balela dele de que quer a pacificação, um presidente que promoveu o armamentismo, que mandou jornalista calar a boca, que “terminou, porra”, agora o macho alfa quer passar uma borracha no passado, o que é conveniente, no momento, para esquecer o seu desgoverno no combate à covid-19, ou os ataques proferidos contra o STF, contra a lisura das urnas...
É interessante que os eventuais erros na contagem de votos das urnas eletrônicas, como querem os bolsonaristas, só ocorreram na disputa à presidência da República. O mesmo problema não se verificou na eleição, por exemplo, do governador de São Paulo, do governador de Santa Catarina, do senador general Mourão e tantos outros deputados da turma. As urnas só mostraram erro de contagem, na (i)lógica bolsonarista, nos votos a presidente.
Dos que estavam na Av. Paulista no domingo, 88% acham que Bolsonaro venceu a eleição e não o presidente Lula. Impressiona que 67% dos entrevistados tinham curso superior, 43% se declararam católicos, 29% evangélicos, 10% espíritas; 66% residiam na Grande São Paulo e 34% vieram de outras cidades; 62% era homens, 38% mulheres.
A pesquisa foi realizada pelo Grupo de Política Pública para o Acesso à Informação, da Escola de Artes e Ciências Humanas da USP, junto aos manifestantes da Av. Paulista, no domingo, 25, ouvindo 575 pessoas.
Vira a página. Bolsonaro pedir “anistia” para “os pobres coitados” do dia 8 de janeiro é de pasmar! O troglodita que defendeu os métodos de trabalho do coronel Brilhante Ustra agora está miando como um gatinho manso, pedindo anistia... para si. Em qual momento de sua vida pública ele se mostrou tão solidário e pacificador? Bolsonaro não tem nenhum constrangimento em abandonar parceiros que deixaram de ser interessantes para os seus propósitos. O cabo eleitoral João Dória que o diga.
Bolsonaro deixa parte do Brasil mais burro. É impressionante a falta de um mínimo de conhecimento histórico, religioso, social, desse pessoal que vai à rua para apoiar o seu líder. Não bastou toda a divulgação das maracutaias do messias, como as rachadinhas, as joias recebidas sabe-se lá em troca do quê, o esforço em retirar colar e relógio da aduana, as negociatas no Ministério da Educação com pastores que intermediavam recursos, as compras superfaturadas de vacinas, que não se concretizaram pela coragem de funcionários que denunciaram o caso.
Mulher carregando uma bandeira do Brasil e outra de Israel, perguntada por repórter o motivo de estar com aquela bandeira estrangeira, respondeu que era em defesa de Israel, que é “um país cristão”.
Prestam muita atenção: Israel NÃO é um país CRISTÃO!
— Mestre do Xadrez 4D. 🇺🇬 🇨🇳 🇸🇦 (@HDCase2) February 25, 2024
A BURR1CE do bolsonarista assusta até o satanás. pic.twitter.com/z5VNEpaH2E
Como explicou o professor João Cezar de Castro Rocha, do Instituto Conhecimento Liberta, a extrema-direita mundial se “especializou em transformar o erro em ilusão. Uma vez que essa ilusão se torna coletiva, vira realidade política objetiva”. Assim, prosseguiu, o bolsonarismo “rinocerontizou” grande parte do Brasil. “E para isso, foi preciso antes imbecializá-lo, até o cúmulo do tragicômico”.
Só assim para entender toda essa pantomina. Bolsonaro, que elogiou a borracha aplicada em torturas pelo seu herói, Brilhante Ustra, agora quer usar a borracha para se anistiar. Sem anistia!
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Bolsonarismo “rinocentirizou” parte do Brasil. Artigo de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU