19 Julho 2024
Para desafogar a rede hoteleira de Belém, o governo estuda a possibilidade de realizar a cúpula de chefes de governo antes do começo da COP30.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 19-07-2024.
O quebra-cabeça da COP30 em Belém segue queimando neurônios nos corredores do poder em Brasília e na capital paraense. Mesmo com esforços recentes dos governos federal e estadual para ampliar a rede hoteleira da cidade antes da COP30, ainda persistem dúvidas sobre sua capacidade de recepcionar as 50 mil pessoas estimadas para o encontro.
De acordo com a Folha, uma das ideias que ganha força é o desmembramento de parte da programação oficial da COP30, com a realização do encontro de chefes de estado e de governo antes das duas semanas de negociação. Isso reduziria quase pela metade o número de pessoas esperadas simultaneamente em Belém, de 50 mil para 30 mil, além de diminuir a pressão por acomodações de luxo, um dos “calcanhares de Aquiles” da capital paraense.
Segundo pessoas envolvidas, outras ideias em discussão anteriormente, como a divisão do evento e a transferência de partes dele para outras capitais no centro-sul do Brasil, ainda não foram abandonadas, mas não estão na mesa neste momento. O foco do governo seria viabilizar a realização do evento em Belém.
A deficiência da rede hoteleira é o principal problema de Belém para sediar a COP30. O governo do Pará vem apostando na reforma e ampliação de hotéis e em parcerias para reutilizar espaços públicos como leitos e acomodação provisória. Para o segmento de luxo, a ideia ainda é de atracar navios de cruzeiro na região portuária, mas representantes do setor seguem céticos quanto a essa possibilidade por conta da programação anual de viagens.
Além da ampliação da capacidade hoteleira, as autoridades estaduais e federais também estão realizando obras de infraestrutura, em especial de saneamento básico. Esse é parte do legado que os organizadores da COP30 querem deixar para a capital do Pará.
Por falar em legado, o InfoAmazonia foi até Belém conversar com moradores e especialistas locais sobre as expectativas em torno da COP30 na cidade. Muitos apontam para uma contradição nas ações anunciadas para o evento: enquanto algumas iniciativas são bem-vistas, como a recuperação do igarapé São Joaquim e a construção do Parque da Cidade, outras obras, como a canalização dos canais da Doca e Tamandaré e a abertura de avenidas em áreas ainda preservadas, levantam dúvidas sobre seu impacto ambiental.
“Não há coerência nos projetos relacionados à COP. Alguns são pontuais, como ônibus elétricos e pontos de ônibus modernos, com Wi-Fi e mais tecnologias, outros foram desengavetados e estão desconectados da realidade atual de mudanças climáticas”, comentou Lucas Nassar, do think tank LABCidade. “É preciso reverter essa lógica de importar soluções. As cidades da Amazônia têm suas particularidades e capacidade de se reinventarem”.
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Governo pode antecipar cúpula de presidentes para manter COP30 em Belém - Instituto Humanitas Unisinos - IHU