09 Julho 2024
Partido Trabalhista britânico lançou manifesto colocando clima e energia renovável como prioridades, e Nova Frente Popular francesa tem verdes como uma de suas principais forças.
A informação é publicada por ClimaInfo, 09-07-2024.
Os resultados das urnas no Reino Unido e na França trouxeram algum alívio para ambientalistas e especialistas em clima, diante da perspectiva de fortalecimento da agenda climática. Na Inglaterra, o Partido Trabalhista confirmou as pesquisas, fez maioria esmagadora no parlamento, com 412 cadeiras, e indicou o novo primeiro-ministro do país, Keir Starmer. Já na França, a extrema direita negacionista foi derrotada no segundo turno das eleições parlamentares, que teve uma surpreendente vitória dos partidos de esquerda, reunidos na Nova Frente Popular.
No Reino Unido, o Partido Trabalhista de Keir Starmer lançou um manifesto que coloca o clima e a energia limpa como prioridades, e conta com Ed Miliband, um secretário de energia com muitos anos de experiência em diplomacia climática. Um contraste evidente com o Partido Conservador, que comandou o país por 14 anos consecutivos e que passou o último ano rebaixando suas ambições climáticas outrora elevadas, explica a Bloomberg.
Na 2ª feira (8/7), a chanceler do Tesouro britânico, Rachel Reeves, anunciou que o novo governo buscará acelerar o processo de aprovação para projetos de energia eólica onshore, removendo a burocracia que atrasou projetos, informa a Bloomberg. “Vamos dar prioridade aos projetos de energia no sistema para garantir que eles avancem rapidamente”, disse ela.
Apesar do bom sinal ambiental e climático, o Partido Verde pressionará o novo governo trabalhista a “ser mais corajoso” em questões-chave, desde a crise climática e o problema do esgoto nos rios até moradia e impostos, ressaltou Carla Denyer, colíder do partido e uma de suas quatro novas deputadas, relata o Guardian. O partido obteve quase 2 milhões de votos no total e ficou em 2º lugar em 39 distritos eleitorais, o que lhe proporcionou uma “posição crucial de apoio eleitoral”, disse Carla.
Na França, apesar da Nova Frente Popular ter vencido as eleições legislativas, não fez maioria absoluta no parlamento. Entretanto, a derrota do Reunião Nacional (RN), partido de extrema direita, que ficou atrás até mesmo da frente de centro-direita liderada pelo presidente Emmanuel Macron, joga uma pá de cal, ao menos por enquanto, nos planos anticlimáticos e antiambientais defendidos pelos negacionistas do RN.
Pelo fato de não haver uma força política majoritária no parlamento francês, a definição do primeiro-ministro do país dependerá de uma articulação entre a NFP e a frente de Macron. Segundo o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, a esquerda escolherá um candidato para primeiro-ministro dentro sua coalizão eleitoral vitoriosa no prazo de uma semana, “ou por consenso ou por voto”, destaca o Le Monde.
Os socialistas são um dos partidos que compõem a NFP. Os outros principais partidos são os Verdes, os Comunistas e o radical La France Insoumise (LFI).
As eleições na França também foram repercutidas por DW, CNN, France24, BBC, Euronews, AP, Al Jazeera, Reuters e New York Times.
Em tempo
Com os resultados consolidados na Inglaterra e na França, os olhos climáticos e ambientais se voltam agora para as eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro. Diante do desempenho ruim no 1º debate com o negacionista Donald Trump, o presidente Joe Biden tenta salvar sua candidatura e convencer parlamentares e membros do Partido Democrata e financiadores da viabilidade de sua capacidade em conduzir o país por mais 4 anos. Diante da ameaça representada por Trump à agenda climática global e da necessidade de sua derrota nas urnas pelo bem do planeta, as opiniões estão divididas, mostram New York Times e Guardian.
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Eleições no Reino Unido e na França podem fortalecer agenda climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU